terça-feira, 31 de maio de 2016

Como definir Margem de contribuição e custos fixos identificados


Conforme os exemplos que foram apresentados, no Custeio variável surge a Margem de Contribuição, mas afinal de contas, o que é esta margem de contribuição? Inicialmente, no custeio por Absorção o custo do produto vendido (com os custos fixos e variáveis) era deduzido da receita de vendas, gerando assim o lucro bruto; ao passo que no outro método, deduziam-se também as despesas variáveis e no CPV não ocorriam custos fixo. 


Caso tenha ficado meio perdido em nossas postagens sobre Contabilidade e Análise de Custos, apresentamos aqui alguns links:

https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/exercicios-de-custeios-variavel-x-por.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/custeio-variavel-completo.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/custeio-variavel-completo.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/diferenca-entre-departamento-e-centro.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/metodos-de-custeio.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/principios-na-contabilidade-de-custos.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/analise-de-custos.html

Dessa conta surgia como resultado a margem de contribuição:

Quadro 1
Demonstração do Resultado do Exercício
Receita com Vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos Variados
Custos Variados
Despesas Variadas
(=) Margem de Contribuição
(-) Custos Fixos
(-) Despesas Fixas
(=) Resultado

E surge o problema: se a Margem de Contribuição de um produto específico é negativa, que ações a empresa pode tomar para reverter essa situação? E mais, se aumentar a quantidade vendida o resultado não tenderia a melhorar? Não, uma vez que existem custos e despesas variáveis.
Desta forma, se a margem de contribuição de um determinado produto “x”é negativa, caso a empresa resolva aumentar a produção ou a quantidade vendida, tudo que conseguirá será aumentar o seu prejuízo. Mesmo que dobre a venda do produto o prejuízo não apenas vai continuar como também, vai dobrar, afinal, varia na mesma proporção que as vendas e produção.
Portanto, no caso de margem de contribuição negativa a primeira alternativa é a eliminação do produto, dependendo de seu custo fixo identificado. Contudo, a empresa deve se certificar do custo e da despesa fixa do produto a ser eliminado, pois uma vez eliminado, os custos deste recairão sobre outro produto.


      A Margem de contribuição e os custos fixos identificados

Após o que foi visto no Custeio por Absorção e no Direto é bem possível que tenha permanecido a ideia de que os custos fixos devam ser sempre abandonados nos aspectos gerenciais da empresa. Contudo, como a margem de contribuição positiva de um produto seria eficiente se o montante dos custos fixos fossem superiores. Como explica Martins (1990) os custos fixos não devem ser omitidos e sim, devidamente analisados, e não simplesmente rateados como custos realmente pertencentes a cada unidade de cada produto, para finalidades decisórias.
E o que é mesmo custo fixo identificado? Foi informado também que dentre os custos fixos há os identificados e não identificados. Os custos fixos identificados podem ser relacionados ao produto específico.
Ocorre isso quando apenas uma máquina é responsável pela confecção de um único produto. consequentemente, os custos fixos não identificados não podem especificar apenas um produto, ocorrendo quando são fabricados vários produtos por uma mesma máquina.
Para explicar melhor sobre a abordagem correta destes custos usamos mais uma vez o exemplo de Eliseu Martins:

Suponhamos que uma empresa fabrique 5 produtos, A, B, C, D, E, e que haja dois dos departamentos de produção trabalhando exclusivamente para alguns deles. O Departamento X só é utilizado para A e B, e o Departamento Y só para C, D, E.

Os custos unitários relativos à fabricação dos cinco produtos são estes:
Quadro 2
Os Custos Variáveis
A

R$ 480,00
/u
B

R$ 550,00
/u
C

R$ 350,00
/u
D

R$ 410,00

E

R$ 600,00
/u
Total


R$ 2.390,00



A empresa também contabilizou os seguintes totais de custos fixos, para cada um dos departamentos X e Y e o total dos demais, cujos custos não são identificados exclusivamente para um ou outro produto:

Quadro 3
Os Custos Fixos Departamentais
Departamento X
R$ 540.000,00
/mês


R$ -
/mês
Outros

R$ 800.400,00
/mês
Departamento Y
R$ 430.000,00
/mês
Total


R$ 1.770.400,00
/mês

Nas duas tabelas a seguir são apresentados os valores em reais correspondentes a cada unidade de produto fabricado pela empresa, em reais:

Quadro 4
Os preços de venda para os 5 produtos
A

R$ 860,00
/u
B

R$ 930,00
/u
C

R$ 810,00
/u
D

R$ 830,00

E

R$ 990,00
/u
Total


R$ 4.420,00


E a seguir, a produção em quantidades de cada produto. No exemplo, parte-se do pressuposto que a empresa consegue obter sempre 100% de vendas sobre a produção. Logo a produção mensal é a seguinte:

Quadro 39‑5
Produção mensal
1.050
A
1.400
B
980
C
1.370
D
1.320
E
6.120,00 unidades



Na tabela abaixo Martins (1990, 186) sugere a hipótese de a empresa ter rateado os seus custos fixos aos produtos, resultando então no seguinte:

Quadro 39‑6
Produto
CV (u)
CF (u)
Custo Total
Preço (u)
Lucro (u)
A
R$ 480,00
R$ 400,00
R$ 880,00
R$ 860,00
R$ (20,00)
B
R$ 550,00
R$ 340,00
R$ 890,00
R$ 930,00
R$ 40,00
C
R$ 350,00
R$ 220,00
R$ 570,00
R$ 810,00
R$ 240,00
D
R$ 410,00
R$ 240,00
R$ 650,00
R$ 830,00
R$ 180,00
E
R$ 600,00
R$ 250,00
R$ 850,00
R$ 990,00
R$ 140,00
Total
2.390,0
1.450,0
3.840,0
4.420,0
580,0

Com base nos valores apresentados na tabela anterior já é possível construir uma Demonstração de Resultado pelo método co Custeio por Absorção. E consequentemente, ter-se-ia o seguinte:

Quadro 39‑7
Contas
Produtos
A (1050 unidades)
B (1400 unidades)
C (980 unidades)
D (1370 unidades)
E (1320 unidades)
Total
Vendas
903.000
1.302.000
793.800
1.137.100
1.306.800
5.442.700
(-) CPV
(924.000)
(1.246.000)
(558.600)
(890.500)
(1.122.100)
(4.741.100)
(=) Lucro
(21.000)
56.000
235.200
246.600
184.800
701.600

E retomando as explicações de Martins (1990):
Já sabemos que o corte do produto A pode não ser uma solução muito indicada, já que, apesar de estar apresentando um “prejuízo” unitário de R$ 20 e global de R$ 21.000,00, talvez venha seu corte a reduzir mais o resultado global; isso porque, se for cortado, deixarão realmente de entrar receitas de R$ 903.000,00, mas não deixarão de existir R$ 924.000,00 de custos. Apenas deixarão de existir os custos variáveis de R$ 480,00 x 1.050 unidades = R$ 504.000,00, já que, provavelmente, nada se conseguirá reduzir dos custos fixos [MARTINS, 1990].

E para completar, um corte no produto A resulta em queda de R$ 399.000,00 (R$ 903.000,00 – R$ 504.000). Acompanhe o raciocínio de Martins (1990):

Quadro 8
Margem de Contribuição Total do produto A
Preço de venda
R$ 860,00/unidade
Custo variável
R$ 480,00/unidade
Margem de contribuição unitária
R$ 380,00/unidade
Margem de contribuição total: 1.050 x R$ 380 = R$ 399.000,00


E continuando o raciocínio: de Martins (1990, p. 187):

Poderia ocorrer de a empresa pensar de outra forma: já que os lucros de A e B reunidos são apenas de R$ 35.000,00 ((-) R$ 21.000,00 + R$ 56.000,00), por que não cortar a ambos, já que temos um Departamento com custos fixos altos de R$ 540.000 só para eles?

Assim, um corte nos produtos A e B poderiam reduzir os custos fixos em R$ 540.000,00, mas também eliminaria a margem de contribuição de R$ 931.000,00 e em virtude disso, o lucro também cairia, em R$ 931.000,00.

Quadro 9
Margem de Contribuição Total do produto A e B
Produto A: Margem de Contribuição Total de
R$399.000,00
Produto B: Margem de Contribuição total de (1.400 unidades x (R$ 930,00 – R$ 550,00) unidades
R$ 532.000,00
Margem de Contribuição de ambos os produtos
R$ 931.000,00

E concluindo Martins (1990):
Assim, podemos de fato eliminar os R$ 540.000,00, mas deixaremos de receber uma margem de contribuição de R$ 931.000,00, e continuamos a ter redução no lucro total, agora de R$ 391.000,00.
A seguir, o quadro demonstrando resultado pelo Custeio Variável:

Quadro 39‑10


Departamento X
Departamento Y

Produtos
A
B
C
D
E
Total
Vendas (mensal)
903.000,0
1.302.000,0
793.800,0
1.137.100,0
1.306.800,0
4.135.900,0
(-) CPV (variável)
(504.000)
(770.000)
(343.000)
(561.700)
(792.000)
(2.178.700)
(=) 1ª M. Contribuição
399.000,0
532.000,0
450.800,0
575.400,0
514.800,0
1.957.200,0
Soma
931.000,0
1.541.000,0

2.472.000,0
(-) CF Identificados
(540.000,0)
(430.000,0)

(970.000,0)
(=) 2ª M. Contribuição
391.000,0
1.111.000,0

1.502.000,0
(-) Outros C. Fixos



(800.400,0)









(=) Lucro



701.600,0

Com este quadro é mais fácil fazer análises. Por exemplo, a primeira margem de contribuição mostra o quanto cada produto no grupo contribui para o pagamento de seus custos fixos identificados: a soma de R$ 931.000 para contribuir no pagamento do custo fixo do departamento X e de R$ 1.541.000,00 para contribuir no pagamento do departamento Y.


Dentro do segundo grupo de totais de Margem de Contribuição encontra-se o quanto cada grupo de produtos (A e B de um lado e C, D e o produto E do outro). O produto D é o que mais contribui para a formação da Margem de Contribuição Total de R$ 1.541.000,00 do grupo.

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