Liquidez Para Análise
Os índices
apresentados neste grupo são índices de liquidez, assim como os
clássicos apresentados anteriormente, mas com a diferença de que
estes são específicos para as empresas seguradoras, contendo,
logicamente, relações das contas encontradas nos planos de contas
destas organizações. São quatro indicadores neste grupo, que
servirão para completar o cenário da liquidez que teve sua raiz
naquelas equações mais tradicionais.
Liquidez
geral no LP
O primeiro
índice de liquidez apropriado para a obtenção de dados do ramo de
trabalho das seguradoras é a Liquidez Geral no Longo Prazo (LGLP),
que Indica a situação financeira da seguradora, medindo a sua
capacidade de cumprir seus compromissos no Longo Prazo.
Sua
fórmula é dada por:
O que essa
fórmula faz é informar o quanto de recursos totais de longo prazo
(Realizável no Longo Prazo – RLP) a empresa dispõe para quitar as
obrigações de longo prazo (Exigível no Longo Prazo – ELP). Segue
a mesma temática da liquidez corrente, por exemplo, que compara
quantos reais de bens e direitos no circulante estão livres para
cobrir os pagamentos a serem exigidos no circulante. A LGLP
demonstra, portanto, quantos reais em ativos a empresa terá à
disposição (caso venda ou tenha em caixa) para pagar as obrigações
para com terceiros também no longo prazo.
O quadro a
seguir demonstra os resultados desta relação para os anos de 2010 a
2014:
LIQUIDEZ
|
FÓRMULA
|
2010
|
2011
|
2012
|
2013
|
2014
|
Liquidez
geral no LP
|
LGLP
= RLP/ELP
|
1,62
|
1,34
|
1,40
|
4,18
|
7,47
|
Por meio
dos resultados observa-se que os anos de 2013 e 2014 a Empresa obteve
os melhores resultados, chegando a ter, no melhor cenário, mais de
sete reais em aplicações e clientes no longo prazo para cada um
real de dívidas exigíveis no longo prazo. Representa que em 2014 a
seguradora analisada dispõe de recursos suficientes para pagar sete
vezes a dívida.
Analisando
mais profundamente os dados tem-se o quadro a seguir:
Liquidez
|
Média
|
Média
p/ 2014
|
Média
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
Liquidez
geral no LP
|
3,20
|
melhorou
|
133,46%
|
melhorou
|
78,96%
|
Como se
constata após os cálculos, a Empresa apresentava uma média de R$
3,20 reais de ativos de longo prazo para cada real em dívidas de
longo prazo, sendo que nos anos de 2014 essa média foi superada. Os
resultados demonstram uma situação financeira de liquidez
extremamente confortável, sendo que a boa estrutura em 2013 melhorou
78,96% para 2014.
Liquidez
seca de despesas
O segundo
índice de liquidez apresentado utiliza elementos mais específicos
do que o anterior, de liquidez geral do longo prazo. O índice de
liquidez seca de despesas – LSD – considera os itens de fácil
conversibilidade em dinheiro de que a empresa dispõe para pagar
dívidas vencíveis no curto prazo. DC se refere às despesas de
comercialização e DA representa as despesas antecipadas.
O LSD é
obtido pela seguinte equação:
Onde:
-
Dco = Despesas com comercialização, entendidas neste trabalho como as subcontas pertencentes ao grupo “Outros” do Ativo Circulante;
-
DA = Despesas antecipadas, que para o cálculo neste trabalho foram atribuídos os valores constantes na conta “Outros” no Ativo Circulante.
O índice,
pelo modo como é calculado, demonstra um resultado conceitualmente
parecido com o encontrado pela liquidez seca tradicional (em que a
conta retirada do ativo circulante da parte de cima da divisão são
os estoques), mas que aqui o grupo excluído consiste no “outros”,
composto pelas despesas antecipadas de vendas. O resultado tem por
meta a demonstração da liquidez apenas nos itens mais correntes, ou
seja, assim como os estoques que não são tão líquidos, as
despesas pagas antecipadamente com as operações também acabam por
distorcer um a liquidez.
O
resultado do índice de liquidez geral de despesas é dado no quadro
a seguir:
LIQUIDEZ
|
FÓRMULA
|
2010
|
2011
|
2012
|
2013
|
2014
|
Liquidez
seca de despesas
|
LSD
= (AC-Dco-DA)/PC
|
1,08
|
1,13
|
1,13
|
0,99
|
0,66
|
E
analisando melhor os dados obtidos pelos cálculos é possível
estabelecer as seguintes relações entre grandezas, o que contribui
para a análise do tipo “melhorou ou piorou”, sendo que quanto
maior o índice, melhor – pois indica mais dinheiro em mãos para o
pagamento de dívidas:
Liquidez
|
Média
|
Média
p/ 2014
|
Média
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
Liquidez
seca de despesas
|
1,00
|
piorou
|
-34,10%
|
piorou
|
-33,38%
|
Conforme o
quadro de variações percentuais anterior, fica claro que a empresa
não obteve êxito em sua liquidez mais ampla, sendo que o índice em
2014 é 34,10% menos que a média dos cinco anos, além de ser 33,38%
menor que o do ano de 2013. Matematicamente, essa diminuição
deve-se ao fato de a conta “Outros” ter aumentado mais do que o
crescimento do ativo circulante. Por exemplo, de 2013 para 2014,
houve um aumento de mais de 30% no ativo circulante, sendo que na
conta “outros”, foi de mais de 90%. logicamente isso influenciou
no resultado, vez que esta última conta é excluída do ativo
circulante para o cálculo da divisão do passivo circulante.
Liquidez
operacional
O índice
de Liquidez Operacional trabalha de forma parecida ao de liquidez
corrente, mas com a diferença de focar em subcontas do Ativo
Circulante e Passivo Circulante. Objetiva medir, em conjunto, o
desempenho da seguradora em suas relações comerciais com o segurado
(pela produção de prêmios), as seguradoras (pela transferência de
riscos), a seguradora (pelo resultado líquido das operações com
aquela entidade) e seus agentes ou correspondentes (pela
representação na angariação de negócios). Representa o grau de
liquidez entre os subgrupos Créditos Operacionais com Seguros (COS),
do AC, e os Débitos Operacionais com Seguros (DOS), do PC.
O índice
de liquidez operacional é calculado pela equação a seguir:
Onde:
-
COS = Créditos operacionais com seguros, constantes no subgrupo “Créditos com Seguros e Resseguros” – como se fosse a conta créditos com clientes dos planos de contas das empresas comerciais – no Ativo Circulante;
-
DOS = Débitos operacionais com seguros, no subgrupo de mesmo nome constante no Passivo Circulante.
Aplicando
os dados extraídos dos Balanços da Empresa à equação tem-se os
seguintes resultados, lembrando-se que como os demais índices de
liquidez, quanto maior melhor, pois indica mais recursos disponíveis
(no caso, os direitos que recebe com seus clientes segurados contra
os deveres para com seus agentes ou correspondes) para honrar
dívidas.
LIQUIDEZ
|
FÓRMULA
|
2010
|
2011
|
2012
|
2013
|
2014
|
Liquidez
operacional
|
LO
= COS/DOS
|
4,81
|
4,50
|
5,48
|
7,02
|
7,20
|
Os
resultados obtidos demonstram crescimento na relação positiva entre
créditos de seguros contra os débitos de seguros, demonstrando uma
relação de até R$ 7,20 a receber para cada R$ 1,00 a pagar.
Expandindo a análise tem-se que:
Liquidez
|
Média
|
Média
p/ 2014
|
Média
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
Desvio
Padrão
|
Liquidez
operacional
|
5,80
|
melhorou
|
24,17%
|
melhorou
|
2,64%
|
1,25
|
Ao longo
dos cinco anos observados, a Empresa consolidou uma média de R$ 5,80
de direitos com contratos de seguros para cada R$ 1,00 de dívidas
com contratos de terceiros, sendo que a diferença entre o menor
resultado (em 2012) para o maior foi de 1,25 e obteve melhora de
pouco menos de 3% em 2014 com relação ao ano anterior.
Índice
de liquidez
Os índice
de liquidez tem um índice chamado simplesmente por índice de
liquidez. Este indicador genérico tem por objetivo medir a
capacidade de uma seguradora de pagar em dia os seus débitos. Assim
como os demais índices de liquidez, quando o índice é menor do que
1, indica que a situação é indesejável, enquanto que maiores que
1 indica que a seguradora poderia cobrir as responsabilidades para
com seus titulares de apólices convertendo em dinheiro a preços
correntes os seus ativos investidos. Nesse caso, DC corresponde a
Dinheiro em Caixa, AI equivale a Ativos Investidos, PPNG representa
Provisão de Prêmios Não Ganhos e PS se refere a Provisão de
Sinistros.
A fórmula
do índice de liquidez é dada por:
Onde:
-
DC = representa o dinheiro em caixa, que para o cálculo deste trabalho corresponde aos saldos das contas do Caixa e dos Equivalentes de Caixa, ambos encontrados no Ativo Circulante do Balanço Patrimonial da Empresa1.
-
AI = Todo o montante de Ativos Permanentes, o que engloba os ativos adquiridos para investimentos, imobilizado e o diferido.
-
PPNG = Provisão de prêmios não ganhos, que pertence ao subgrupo das provisões técnicas com seguros (no Passivo Circulante) e que ocorre apenas no primeiro ano analisado da empresa, pelo menos de forma destacada.
-
PS = Provisão de sinistros, localizada no segundo subgrupo do passivo circulante de provisões técnicas, as relacionadas à Previdência.
Os
resultados obtidos com a aplicação dos dados à fórmula estão
expressos no quadro a seguir e de início mostram o contraste com os
demais índices de liquidez, uma vez que em nenhum dos anos
analisados a Empresa obteve resultados favoráveis (maiores que
1,00). A saber:
LIQUIDEZ
|
FÓRMULA
|
2010
|
2011
|
2012
|
2013
|
2014
|
Índice
de liquidez
|
IL
= (DC+AI)/(PPNG+PS)
|
0,09
|
0,31
|
0,12
|
0,11
|
0,26
|
Os
cálculos realizados demonstram uma defasagem de caixa por parte da
Empresa quando tomado por base para a quitação de dívidas com as
chamadas provisões técnicas de seguros e previdência, ambos no
passivo circulante. Ao observar novamente o Balanço percebe-se que
de fato a empresa não apresenta problemas com sua liquidez, isso se,
e somente se, agregar em seu rol de ativos correntes as aplicações
(no ano de 2012, essas representam mais de 50% do ativo total). Uma
vez retirada a principal conta de direitos circulantes, a liquidez
acabou despencando.
O quadro a
seguir detalha melhor as flutuações dessa liquidez ao longo dos
cinco anos analisados, bem como compara à média histórica:
Liquidez
|
Média
|
Média
p/ 2014
|
Média
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
2013
p/ 2014
|
Desvio
Padrão
|
Índice
de liquidez
|
0,18
|
melhorou
|
45,52%
|
melhorou
|
134,06%
|
0,10
|
Embora a
diferença entre o resultado mínimo e o pico para a média seja de
apenas 0,10, destaca-se que houve melhoria, tanto do último ano
contra a média dos cinco bem como de 2014 contra 2013, que
apresentou crescimento de 134,06%. no entanto, cabe ressaltar, os
resultados são menores que um, ou seja, em média apenas R$ 0,18 de
dinheiro em caixa para cobrir R$ 1,00 de provisões com seguros e
previdenciárias no passivo circulante.
No geral,
a Empresa manteve bons índices de liquidez aplicados ao ramo de
seguros, tendo uma situação desfavorável apenas no último, uma
vez que estruturalmente, seu forte em bens e direitos concentra-se
não no caixa, mas nas aplicações de curto prazo.
Entre os
quatro índices apresentados destaca-se o LGLP – Liquidez geral no
Longo prazo – que apresentou um crescimento em progressão linear
bem superior aos demais, saltando de 1,40 em 2012 para 7,47 em 2014,
um desvio padrão de 3,20 (ver gráfico a seguir). O destaque
torna-se mais contrastante ao se comparar com o LSD – liquidez seca
de despesas – , que manteve-se praticamente estável ao longo de
todo período analisado.
No geral a Empresa apresenta liquidez suficiente para cobrir suas dívidas, principalmente quando observados os prazos maiores, embora resolva trabalhar com um baixo índice de caixa.
1Optou-se
por não acrescentar nesta parte da equação as aplicações
financeiras, por não serem tão líquidas quanto as contas de Caixa
e seus equivalentes, como saldos em conta correntes. Também pesou
nesta decisão o fato da conta de aplicações ser utilizada em
outros índices.
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