terça-feira, 31 de maio de 2016

Análise de Balanços de seguradoras - Parte 11: Estutura


Estrutura para seguradoras

O primeiro grupo de índices específicos para as segurados corresponde aos de estruturas, responsáveis por oferecer os elementos comparativos entre grupos de contas de ativos, patrimônio, receitas e passivos.

Cobertura vinculada
O primeiro índice a ser calculado é o da cobertura vinculada. Este representa o nível de comprometimento das aplicações da seguradora oferecidos como garantia para a cobertura de suas provisões técnicas, tanto as não comprometidas (PTNC) quanto as comprometidas (PTC) sobre o ativo total da seguradora no período calculado.


Para o cálculo foram consideradas como aplicações nas disponibilidades mais as provisões técnicas pertencente ao grupo de Créditos com Seguros e Resseguros, a respectiva conta constante no ativo circulante do Balanço Patrimonial da Azul Companhia de Seguros Gerais, o que resultou nos índices a seguir:
ESTRUTURA
FÓRMULA
2010
2011
2012
2013
2014
Cobertura vinculada
CV = (PTNC+PTC)/ATIVO
0,49
0,39
0,51
0,42
0,20

Pela forma como o cálculo é realizado define-se o quanto do ativo total (montante de bens e direitos) estão atrelados à cobertura de provisões técnicas. Logo, para os anos acima tem-se que em apenas um momento, o somatório de provisões passou da metade dos ativos (2012), sendo que para cada real em bens e direitos, R$ 0,51 estava atrelado às aplicações em provisões técnicas.
Verifica-se pelos resultados que houve uma melhora neste segmento, se levar em conta que os recursos do ativo presos às provisões diminuíram consideravelmente em 2014, principalmente quando comparado ao ano anterior (queda de 53,77%)

Estrutura
Média
Média p/ 2014
Média p/ 2014
2013 p/ 2014
2013 p/ 2014
Desvio Padrão
Cobertura vinculada
0,40
melhorou
-51,46%
melhorou
-53,77%
0,13


Independência financeira
O índice de independência financeira traz uma análise estrutural mais comum para as empresas, utilizando para o cálculo elementos presentes em qualquer Balanço Patrimonial. O indicador de independência financeira dispõe a proporção do Patrimônio Líquido (PL, isto é, os recursos próprios da empresa advindos de seus sócios ou proprietários) sobre o ativo total, demonstrando consequentemente, o montante de recursos próprios que a empresa aplicou em seu ativo.
Pelo conceito dado do que envolve a equação tem-se que a independência financeira é calculada da seguinte forma:


Os resultados obtidos demonstram uma forte estabilidade (com R$ 0,01 de desvio padrão) no emprego do capital próprio no ativo da empresa, conforme o quadro:

ESTRUTURA
FÓRMULA
2010
2011
2012
2013
2014
Independência financeira
IF = PL/ATIVO
0,23
0,25
0,24
0,25
0,25
Verifica-se que a Empresa opta por manter menos de ¼ (quase 25%) de seu patrimônio próprio aplicado em ativos, alcançando uma média de R$ 0,24 de Patrimônio Líquido para cada R$ 1,00 de Ativos (circulante e não circulante).


Alavancagem líquida
A alavancagem líquida (que é diferente dos graus de alavancagem vistos anteriormente) tem por meta estabelecer a relação entre receitas e seus passivos geradores contra o patrimônio líquido. Resumidamente, a alavancagem líquida compara o volume líquido dos negócios correntes retidos pela companhia, representados pelos prêmios retidos (PR) acrescido das exigibilidades correntes. É estabelecida pela equação a seguir:

Onde:
  • PR = Prêmios Retidos, que na DRE representa o montante da Receita Líquida e;
  • EC = Exigibilidades Correntes, que é o mesmo que Passivo Circulante, para efeito de cálculo.
Os resultados dos cálculos são vistos no quadro a seguir:

ESTRUTURA
FÓRMULA
2010
2011
2012
2013
2014
Alavancagem líquida
AL = (PR+PC)/PL
6,51
6,42
6,91
6,64
6,87

Pode-se concluir que em todos os anos analisados a Empresa manteve um padrão de alavancagem, com a proporção de menos de R$ 7,00 reais (média de 6,67) de receita líquida e seu passivo de origem contra R$ 1,00 de patrimônio Próprio.


Alavancagem bruta
Outro índice de alavancagem, a alavancagem bruta é representada pela soma à alavancagem líquida dos resseguros e cosseguros cedidos (RCC). Identifica possíveis erros de precificação e na provisão de sinistros e liquidar e demonstra a adequação na transferência mediante RCC. A sua equação é dada por:
Onde:
  • PR = Prêmios Retidos, igual ao montante da Receita Líquida;
  • PC = Passivo Circulante, para efeito de cálculo e;
  • RCC = Prêmios de resseguros retidos, conta redutora da receita de Prêmios retidos (com sinal negativo na DRE que é somada na equação).

No índice anterior, era usado apenas a saldo líquido de receita de prêmios (que na DRE aparece como: Prêmios retidos = Prêmios emitidos líquido + Receitas com emissão de apólices - Prêmios resseguros cedidos). Para este último índice, são levados em conta o saldo dos resseguros retidos, que outrora diminuíam a receita. Com este método, ao se apurar sobre a receita mais próxima ao montante bruto da seguradora obtém-se um resultado sem distorções decorrentes de projeções (para menor) não cumpridas.

Mas mesmo assim, os resultados não se diferem tanto dos obtidos pelo índice de alavancagem líquida. A saber:

ESTRUTURA
FÓRMULA
2010
2011
2012
2013
2014
Alavancagem bruta
AB = (PR+PC+RCC)/PL
6,52
6,42
6,91
6,64
6,87

Como é possível constatar, apenas no primeiro ano analisado que houve uma variação quando comparado ao índice anterior, e isso é apenas porque neste ano, na DRE, a Empresa optou por destacar o seu saldo de prêmios de resseguros retidos, o que não fez nos anos de 2011 a 2014. a média manteve-se em R$ 6,67 de receitas (e passivo corrente) para cada R$ 1,00 de patrimônio próprio.
O gráfico apresentado a seguir demonstra a evolução dos índices responsáveis pela medição da organização e estrutura da Empresa.



O gráfico resume bem a proposta trabalhada pela Empresa, com um cenário sem variações ao longo dos 05 (cinco) anos analisados.

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