segunda-feira, 9 de maio de 2016

Medidas de desempenho tradicionais versus valor econômico agregado

Como já foi se observou no capítulo 23 sobre a Análise de Balanços, a informação Gerada pelos sistemas contábeis informa bastante sobre os aspectos financeiros e econômicos da empresa. Mas nem toda informação gerada pode ser considerada como única e em concordância com a realidade, uma vez que não compreende todos os pontos da organização. Segundo explica Thais Cardoso dos Santos (2005):
A análise do real crescimento da empresa apenas com base no lucro contábil tem sido considerada arriscada pelos investidores e gerentes financeiros que veem uma forma deste número ser embelezado para ser confiável e sofre a influência dos princípios fundamentais de contabilidade, entre outros fatores determinantes (T. C. SANTOS 2005).
Serão vistos neste tópico alguns indicadores muito utilizados pelas empresas durante a análise financeira e seus pontos fracos em relação ao EVA.
ROE – Return on Equity: é o índice do retorno sobre o investimento. É obtido dividindo-se o lucro líquido do exercício pelo montante do capital próprio – Patrimônio Líquido.
Equação 1: ROE - Return on Equity
Como explica Thais C. Santos (2005):
Outro indicador muito utilizado pelas organizações é o Retorno sobre o Investimento (ROI), que representa a razão entre o resultado líquido apurado e o capital total investido, ou também pela razão entre este resultado líquido e o Ativo total conhecido também como Retorno sobre Ativo. É uma forma de análise do investimento, mas não leva em consideração o custo do capital próprio, apenas as despesas com o capita de terceiros. Não há uma definição exata de sua capacidade de geração efetiva de lucros por parte dos ativos, é uma mistura com os encargos passivos gerados pelo passivo exigível. Mesmo não excluindo as despesas com o capital de terceiros, o ROI é utilizado pela maioria das organizações das organizações, onde seus administradores medem a eficiência global na obtenção de lucro nos ativos disponíveis (T. C. SANTOS 2005).
Este índice indica o quanto que a empresa conseguiu gerar de riquezas líquidas (resultado) em relação ao patrimônio. Vamos então supor que a empresa Fictícia S.A do exemplo anterior tenha calculado o índice e chegado ao seguinte: 150000 / 1000000 = 15% de retorno sobre o capital social investido. Esse indicador é igual à margem multiplicada pelo giro, o que, segundo Thais C. dos Santos (2005) a fórmula do ROI pode ser expressa por:
Equação 2: ROI - Retorno sobre Investimento
E como complementa Thais dos Santos (2005):
Esse indicador de desempenho também sofre influência dos critérios contábeis e a influência dos ativos. As empresas com ativos permanentes mais antigos, ignorados os efeitos inflacionários podem apresentar indicadores mais favoráveis. Esse indicador não leva em consideração a política de financiamentos da empresa, nem a estrutura de capital no balanceamento do risco e retorno que afeta a operação. O retorno operacional sobre o investimento é outro indicador utilizado, sendo determinadas na demonstração de resultados já sendo retirados os encargos, despesas financeiras do capital de terceiros, oriundos das fontes de externas ajustadas aos encargos tributários para a sua determinação. É um desdobramento de margem e risco, propiciando o conhecimento de quanto os ativos (investimentos totais, independentemente das fontes de financiamento), produzem retorno (T. C. SANTOS 2005).
Há outros pontos a serem abordados acerca dos indicadores financeiros. Como explica Iudícibus (1987):
Podemos dizer que é um quociente de maior interesse primário para o acionista do que para a gerência. Entretanto, a gerência deve preocupar-se com os acionistas, sendo que alguns autores ligados a área financeira consideram como responsabilidade primaria da administração financeira tomar todas as medidas necessárias para propiciar aos possuidores das ações o maior valor de mercado possível para suas ações. [...]. Neste aspecto, a evolução do lucro em ralação ao Patrimônio Líquido investido é de alguma valia. Procura retratar o quanto vai para os acionistas do lucro gerado pelo uso do ativo, quaisquer que tenham sido as fontes de recursos, próprios ou de terceiros. Claro que para isso deve-se descontar do lucro todos os encargos de juros e despesas financeiras devidas aos emprestadores de dinheiro (IUDÍCIBUS, Contabilidade gerencial 1987, 85).
E agora para compara os dados da Petrobras com o de algumas empresas já calculadas têm-se o seguinte:
Dados consolidados - ROE
Empresa
2004
2005
AH%
Sadia S.A
24,68
29,48
19,44
Eletrobras
1,85
1,29
-30,46

2003
2002
AH%
Petrobras
34,02
26,66
27,58
ROA – Return on Asset: é o índice do retorno do capital investido em relação ao capital de terceiros e próprios (capital total). Mede a eficiência do emprego dos recursos da empresa, dividindo o lucro líquido pelo ativo total, no final do período (Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras 2003)
O ROA (ou retorno sobre ativo) mede, portanto, o retorno do capital investido em relação ao total do ativo. Sendo que o passivo é formado pela soma de capital de terceiros de curto prazo mais o exigível em longo prazo e mais os recursos próprios tem-se que se divide o lucro pelo ativo total. A sua fórmula é a seguinte:
Equação 3: ROA - Return on Asset
Vejamos o exemplo a seguir da empresa Fictícia S.A.: suponhamos que o patrimônio da empresa fosse de R$ 100.000 e que tenha tomado R$ 50.000 de empréstimos de banco e que o lucro líquido agora seja de apenas R$ 20.000. Logo a ROA da empresa é obtida dividindo-se lucro líquido de R$ 20.000 pelo ativo a empresa teria o total de retorno de 13,33%.
Portanto, para a nossa empresa fictícia, 13,33% corresponde a capacidade dos ativos de gerar retorno, ou seja, de trazer lucro para a organização. E quanto foi a ROA da Petrobras em 2003 e 2002? Vejamos o quadro a seguir, que engloba não apenas o resultado da ROA como também do ROE:
Quadro 1: Alguns resultados dos indicadores financeiros: ROA e ROE
Dados consolidados
Petrobras S.A.
2003
2002
AH%
ROE
34,02
26,66
27,58
ROA
14,63
9,81
49,10
E para recapitular o que foi visto a cerca dos dois índices segue o resumo a seguir:
  • ROE – retorno sobre o capital investido pelos sócios (PL) e;
  • ROA – retorno sobre o capital investido pelos sócios e terceiros (PL e Passivo).
A informação destes índices ainda é muito fraca e genérica demais para tomadas de decisões mais complexas. Como explica Iudícibus (1987):
Expressar a rentabilidade em termos absolutos têm uma utilidade informativa bastante reduzida. Afirmar que a General Motors teve um lucro de, digamos, 5 bilhões de dólares em 1979 ou que a Descamisados S.A. Indústria & Comércio teve um lucro de mil dólares, no mesmo período, pode impressionar no sentido de que todo mundo vai perceber que a General Motors é uma empresa grande e a Descamisados S.A pequena, e só. De maneira geral, portanto, devemos relacionar o lucro de um empreendimento com algum valor que expresse a “dimensão relativa do mesmo, para analisar quão bem se saiu à empresa em determinado período. O melhor conceito de dimensão” poderá ser ora o volume de vendas, o valor do ativo total, ora o valor do ativo operacional, o valor do patrimônio líquido, do valor do capital social etc. todos tem suas vantagens e desvantagens. [...] O fato é que, para determinadas finalidades, certos conceitos são melhores. Se quiséssemos calcular o retorno para efeito preditivo do que possa ocorrer no futuro, como tendência, será melhor tirar do numerador e dos denominadores valores não repetitivos ou não operacionais. Se desejarmos ter uma ideia de lucratividade, como um todo, do empreendimento, venham de onde vierem os recursos e admitindo-se as aplicações realizadas, o lucro líquido dividido pelo ativo total será um melhor indicador. Se estiver interessado em saber o que representa para o acionista, em termos de moedas adicionais ao seu investimento inicial, o lucro, o melhor será relacionar este lucro (possivelmente após o IR) com o patrimônio líquido ou, mais conservadoramente, com o capital social mais reservas incorporáveis a qualquer momento ao capital (IUDÍCIBUS, Contabilidade gerencial 1987, 81).

Nos tópicos a seguir serão apresentados os cálculos para a definição do valor econômico agregado, seguindo as fórmulas vistas durante a disciplina de Controladoria do curso de graduação de Ciências Contábeis da UMC.

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