Calculo do Custo do Capital para o Eva - 2ª Parte
Vejamos a seguir, apenas para efeito de comparação do custo ponderado do capital de terceiros do ano de 2004 até o ano de 2006 de algumas das empresas listadas no mercado, inclusive a Eletrobras, que já teve seu custo definido no quadro anterior. Observação: os dados abaixo foram calculados pelos alunos do curso de ciências contábeis da UMC, turma E, período noturno e os dados que faltam se justificam por que por motivos alheios, não se conseguiu calculá-los.
Empresa
|
2004
|
2005
|
2006
|
Vale
|
4,87
|
6,50
|
7,59
|
PQV
|
-
|
-
|
-
|
Natura
|
10,72
|
13,67
|
14,22
|
Eletrobras
|
6,51
|
5,85
|
6,13
|
Copesul
|
-
|
-
|
-
|
Gol
|
-
|
-
|
-
|
AmBev
|
-
|
9,5
|
7,54
|
TAM
|
7,97
|
11,16
|
11,59
|
Vivo
|
5,41
|
11,59
|
-
|
Rondon
|
-
|
-
|
-
|
Cremer
|
12,28
|
19,65
|
15,02
|
Tractebel
|
17,94
|
19,65
|
18,11
|
Hausto*
|
8,01
|
9,02
|
9,58
|
Duratex
|
-
|
-
|
-
|
CSN
|
-
|
9,20
|
8,58
|
S. Cruz
|
-
|
-
|
-
|
M...
|
10,43
|
9,91
|
8,94
|
Cemig
|
14,76
|
14,50
|
13,22
|
Copel
|
15,16
|
36,94
|
44,34
|
Marcopolo
|
11,66
|
11,04
|
8,48
|
Sabesp
|
8,95
|
9,07
|
8,43
|
UCP
|
3
|
3,83
|
7,48
|
Hering
|
-
|
-
|
-
|
Aracruz
|
11,22
|
11,87
|
9,40
|
Weg
|
8,61
|
5,5
|
6,19
|
TIM
|
-
|
-
|
-
|
Uni par
|
18,99
|
17,33
|
15,44
|
Klabin
|
14,97
|
21,54
|
9,93
|
Eletropaulo
|
6,63
|
8,38
|
8,83
|
Embraer
|
7,19
|
8,46
|
8,58
|
Embratel
|
-
|
-
|
-
|
CBD
|
-
|
-
|
-
|
Brastemp
|
26,84
|
28,27
|
32,51
|
Metal Leve
|
27,80
|
32,35
|
36,29
|
Sobre o quadro acima se pode tirar algumas considerações:
- Uma vez que trata de custos entende-se que quanto menor a taxa do custo médio ponderado do capital de terceiros melhor para a empresa;
- E quando ocorre o contrário, isto é, aumento do custo, como ocorreu com o Metal Leve, Brastemp, Embraer, Copel, TAM e Natura, deve-se procurar resolver o problema de alguma forma, seja por renegociação da taxa ou procura de outros financiadores.
E recapitulando o que já foi feito segundo as informações da Eletrobras tem-se o seguinte: e = r – c, sendo que em 2004 o valor de r = 2,04%; 1,86% em 2005 e 1,83% em 2006. Falta então calcular o valor do custo do capital total, obtido pela ponderação entre o custo do capital de terceiros e o do capital próprio, sendo que o segundo custo já foi definido.
Para definir o valor do capital próprio antes temos que definir o valor em reais da média do PL anterior com o PL atual, assim como foi feito com o ativo e o capital de terceiros. Como o ativo é igual ao passivo, no cálculo do investimento “i” seria possível a utilização da equação a seguir, uma vez que o resultado nela obtido é igual à média do ativo total:
Contudo essa fórmula não serve para calcular o valor total do custo percentual que resta para calcular o Valor Econômico Agregado, uma vez que o capital próprio apresenta o custo de oportunidade e não se confunde ou iguala ao custo de um empréstimo ou financiamento bancário. Assim forma-se outra fórmula que seja capaz de traduzir a realidade em um modelo mais seguro e confiável, conforme a expressão a seguir:
Sendo que a Taxa Selic consta na equação em virtude de ser uma alternativa de retorno de outro investimento para o acionista ou investidor. Trata-se de uma taxa livre de risco que o governo paga quando toma dinheiro emprestado da população e por este contexto, representa o menor risco, além de poder render mais que a empresa. No outro ponto da formula surge o Índice da Bovespa – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo. Este índice mostra o que em media o mercado conseguiu fazer render no que tange as ações. Por fim, a letra grega β (Beta) representa a correlação entre a ação da respectiva empresa na qual se quer encontrar o valor do EVA e o IBOVESPA. Concluindo, trata-se do custo do acionista em comprar ações do governo.
Mas como se calcula a correlação de uma ação? Vejamos: Suponha-se que a empresa Sadia, hipoteticamente, tenha suas coes cotadas a 20,12 reais em 25/05/2007 e 21,50 reais no dia seguinte, constatando uma variação de 6,86%. Suponha-se também que nessas mesmas datas a ação do IBOVESPA tenha apresentado os respectivos valores: 50.407 e 53.864,34 pontos, também acabaram apresentando aumento de 6,86% de um período para o outro. Assim:
25/05/07
|
26/05/07
|
|
Correlação
| |
Ação da Sadia
|
R$ 20,12
|
R$ 21,50
|
6,86
|
6,86÷6,86=1
|
IBOVESPA
|
50.407
|
53.864,34
|
6,86
|
Ocorreu no exemplo uma correlação de valor igual a 1, uma vez que quando a ação da empresa subiu 6,86%, i índice IBOVESPA respondeu com igualdade, com aumento de 6,86% em relação ao dia anterior. E assim, têm-se mais uma equação utilizada para o cálculo do valor econômico agregado, qual seja a seguinte:
Mas por suposição continuemos o exemplo do quadro anterior para dois dias à frente, mas desta vez, a ação da Sadia subiu de R$ 22,19 para R$ 22,63 e o IBOVESPA de 55.588 para 56.422 pontos. Não houve correlação igual a um: para a Sadia a variação foi de 1,98% e para o IBOVESPA, de 1,56%. O resultado da divisão de uma variação por outra encontrou o número 1,32 (sem arredondamentos ou truncar). Qual foi a correlação nesse caso? A resposta é fornecida pelos números após a vírgula. Assim, toda vez que o IBOVESPA sobe, a ação da Sadia sofre aumento de 0,32 vezes 100, totalizando 32,16% a mais do que o aumento do Índice. Se por exemplo o IBOVESPA aumenta 3% de um dia para o outro, a ação da Sadia aumenta em 3,96%, isto é, 3% mais 0,96%.
E vejamos mais destes exemplos hipotéticos apenas para firmar o entendimento sobre o assunto Beta da ação e da correlação:
Inscrição em faculdades locais, 2005
Empresa
|
Índice
|
Resultado
|
Resultado da divisão
|
Gerdau
|
IBOVESPA
|
De 10 para 15
|
1,50
|
15
|
10
|
+ 50%
| |
General Motors
|
IBOVESPA
|
De 3,5 para 4,7
|
1,34
|
4,7
|
3,5
|
+ 34,29%
| |
Perdigão
|
IBOVESPA
|
De 2,18 para 2,46
|
1,13
|
2,46
|
2,18
|
+ 12,84%
|
Fonte: Dados fictícios, apenas para fins ilustrativos
E como já é possível entender os pelo menos como funciona basicamente a fórmula do custo do capital próprio vejamos o exemplo utilizando o ultimo resultado do quadro anterior, apenas para fins didáticos:
→ → →
O resultado de 22,91 representa o valor mínimo para o acionista comprar ação da empresa. A empresa pode até valorizar suas ações, deixando-as pelo preço de 15 reais, mas o investidor apenas as comprará se a entidade conseguir fazer que elas valorizem mais, com um aumento de no mínimo 22,91%. O resultado do Beta da ação não sofre flutuações ao longo do ao, uma vez que é calculado anualmente.
E supondo ainda que uma empresa tenha capital próprio com o valor de 100.000 reais, sendo que R$ 10.000 representam o seu lucro líquido do exercício (registrado em reservas de lucro) e 40.000 reais os lucros acumulados, totalizando R$ 140.000. A empresa tem seu capital pulverizado em 1.000 ações de igual valor cada uma em R$ 100,00.
Contudo, com os lucros acumulados ocorreu valorização destas ações, que subiram para R$ 140,00 cada uma. Suponha-se ainda que a empresa venha após um período apresentando prejuízos, o que fez com que o capital próprio total caísse de 140 para 95 mil reais. E em decorrência disso, a ação que antes valia 140 reais passou a valer 95 e quem fosse vender pelo valor de antes não conseguirá mais fazê-lo.
E após toda essa explicação sobre ações vamos finalmente aos cálculos do EVA da Eletrobras, começando pelo custo do capital próprio. Para os cálculos, utilizaremos os valores da Selic e do Ibovespa anuais expostos no quadro a seguir:
Ano/índice
|
2004
|
2005
|
2006
|
Selic
|
17,75
|
18,00
|
13,25
|
IBOVESPA
|
17,81
|
27,71
|
32,93
|
Fonte: Dados fictícios, apenas para fins ilustrativos
Por falta de sucesso por parte dos alunos do curso de graduação de Ciências Contábeis da UMC, turma E período noturno em conseguir o Beta da ação das empresas pesquisadas o professor da disciplina de Controladoria adotou como valor para todos os alunos o índice de 1,20%, que também será adotado neste livro. E dando prosseguimento a análise e definição do EVA da Eletrobras têm por fim o cálculo do valor do custo do capital próprio na expressão a seguir:
→
→ →
→ →
→ →
→
E seguindo o mesmo método, mas para o ano de 2005 temos:
→ →
→ →
→ →
→
E para encerrar, o resultado de 2006:
→ →
→ →
→
A fórmula do custo médio do capital total pode encontrar o custo da empresa, da mesma forma que a calculadora financeira HP 12-C. Neste livro o cálculo será realizado apenas pela calculadora (por ser mais prático), mas ainda exige encontrarmos o valor do capital médio e do capital de terceiros total (isto é, inclui os valores que não apresentavam taxa) definidos a seguir:
→ →
→ →
→ →
E o capital de terceiros total: .
= ,00
= ,00
=
Agora tendo em mãos os dados necessários para a ponderação do custo do capital total basta aplicar as informações na fórmula, mas antes disso, segue o quadro resumo desses dados para facilitar a visualização:
Capital
| 2004 | 2005 | 2006 |
De terceiros
| 20.851.516,00 | 17.554.678,00 | 15.464.818,50 |
CMPCT
| 6, 511 | 5, 854 | 6, 135 |
Capital Próprio
| 68.707.286,50 | 72.794.349,50 | 76.775.339,00 |
CMPCP
| 17, 822 | 29, 652 | 36, 866 |
Capital Total
| 89.558.802,50 | 90.349.027,50 | 92.240.157,50 |
CMPC% total
| 15, 188 | 25, 028 | 31, 714 |
E para dar prosseguimento aos cálculos a equação do custo médio ponderado do capital total da Eletrobras dos anos de 2004, 2005 e 2006.
→15, 188%
Para 2005 temos:
→25, 028%
E para 2006 temos:
→31, 714%
E finalmente segue a conclusão de toda essa jornada de cálculos: a fórmula do EVA:
=
=
Para encerrar, a empresa Eletrobras demonstrou que além de não conseguir gerar valor agregado com seus produtos também está destruindo valor e pior, a situação fica ainda mais negativa de um ano social para o outro.
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