quinta-feira, 12 de maio de 2016

Princípios na Contabilidade de Custos



        Princípios na contabilidade de custos

Os princípios usualmente aceitos na contabilidade de custos são os relacionados abaixo:
  • Realização da Receita – diz que todo fato que ocorre deve ser registrado pela contabilidade no seu momento exato: o que, por exemplo, ocorre em janeiro, deve ser em janeiro que deve ser registrado.
  • Competência – deve-se contabilizar a receita junto aos custos e despesas;

  • Uniformidade e consistência – não se pode ficar alterando o critério que a empresa utiliza na contabilidade e sim, deve-se escolher um método e seguir com ele.
Veremos agora alguns princípios usualmente obedecidos pela contabilidade de cistos:
O princípio da Realização. “permite este princípio o reconhecimento contábil do resultado (lucro ou prejuízo) apenas quando da realização da receita. e ocorre a realização da receita quando da transferência do bem ou do serviço para terceiros (MARTINS 1990)” a contabilidade de custos não pode apurar qualquer resultado antes do reconhecimento da receita, ou seja, no momento em que há a transferência do bem elaborado para o cliente. E consequentemente, os gastos surgidos relativos aos fatores utilizados no processo de produção serão acumulados na forma de estoques e apenas serão consideradas despesas futuramente.
O princípio da Competência e da Confrontação. “pela realização, fica definido o momento do reconhecimento das despesas. A regra é teoricamente simples: após o reconhecimento da receita, deduz-se dela todos os valores representativos dos esforços para sua consecução (MARTINS 1990)”, gerando assim dois grupos de despesas: as incorridas pela consecução daquelas receitas reconhecidas (tais como as despesas com de comissões sobre as vendas) e as incorridas devido a receitas genéricas (como gastos com propaganda).
Logo: apropriam-se receitas em função da realização e depois, se deduz dessas receitas todos os gastos relativos ao período e sem vinculação direta com a receita específica.
O autor Eliseu Martins, em seu livro Contabilidade de Custos, levanta uma questão em relação ao princípio acima: “por que o gasto com salário do chefe da fábrica é apropriado a um produto estocado e só se torna despesa por ocasião da venda, enquanto que o salário do chefe de vendas vira despesa imediatamente, independentemente da existência ou realização das receitas?
Ocorre isso talvez pela maior facilidade de distribuir o gasto, uma vez que o chefe de vendas apresenta mais proximidade à receita, mesmo se a venda tenha sido em período posterior àquele em que o esforço foi realizado. Um gasto é atribuído ao produto, estocado e descarregado durante o período da venda e o outro é imediatamente atribuído ao período em que foi incorrido.
O princípio do Custo Histórico com Base no Valor. Os ativos são registrados pela contabilidade pelo valor original de entrada ou pelo valor histórico. Isso, contudo em países como o nosso, onde há inflação, admite-se a atualização de alguns desses em função de um índice geral de preços. Veja o exemplo a seguir, retirado do livro de Eliseu Martins (MARTINS 1990):
Contudo, o uso de alguns indexadores tornou-se proibido a partir do Governo de Fernando Henrique Cardoso. Isso acaba por fazer com que os valores expressos pela contabilidade não sejam tão reais assim. No que diga então dos métodos de calcular o valor do estoque, por exemplo. Pelo método do PEPS ou FIFO (primeiro que enter, primeiro que sai) o valor do estoque é considerado conforme o preço de aquisição da primeira entrada.
Por exemplo, neste método se a empresa compra 1.000 unidades a R$ 30,00 cada uma, quando for vendido o custo terá como base o custo da entrada destas primeiras unidades. Isso enfim acaba separando o custo de aquisição ao custo real de mercado.
E voltando ao custo histórico: se o custo histórico de fabricação do produto A é de R$ 5.000,00 e ele fica estocado quatro meses para só então ser vendido, por R$ 6.500,00, teremos a seguinte demonstração supondo que a inflação nesse quadrimestre seja de 10%:







Venda
R$ 6.500,00

Na hipótese de valor


(-) Custo do Prod. Vendido
(R$ 5.000,00)
Puramente histórico


Lucro Bruto
R$ 1.500,00
E














Venda
R$ 6.500,00




(-) Custo Hist. Corrigido





Do produto vendido


Na hipótese de se


5000 * 1,10
(R$ 5.500,00)
Tirar do lucro o


Lucro Bruto
R$ 1.000,00
Efeito da inflação













Figura 1: Exemplo de cálculo do custo histórico corrigido (MARTINS, 1990).
Consistência. Como explica Eliseu Martins:
Quando existem diversas alternativas para o registro contábil de um mesmo evento, todas válidas dentro dos princípios geralmente aceitos devem a empresa adotar uma delas de forma consistente. Isto significa que a alternativa adotada deve ser utilizada sempre, não podendo a entidade mudar o critério em cada exercício. Quando houver interesse ou necessidade dessa mudança de procedimento, deve à empresa reportar o fato e o valor da diferença no lucro com ralação ao que seria obtido se não houvesse a quebra de consistência. (MARTINS, 1990).
Assim, dentro de todo o conjunto de critérios e várias alternativas diferentes de registros contábeis e custeios aceitos a empresa deve adotar um deles e manter consistência em seu uso. É um dos aspectos mais observados pela auditoria independente, uma vez que interfere no resultado final apresentado no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício.
O Conservadorismo. Segundo o seu conceito o contador deve ser zeloso, tendo precaução quando se vir em dúvida sobre um determinado gasto com Ativo ou Redução de Patrimônio se deve optar pela forma de maior precaução, ou seja, a segunda.
Quando tem em mãos mais de um possível valor de receita ou despesa deve optar pela precaução. Por exemplo, se não tem certeza de um valor de recebimento de um direito ativado deve fazer uma prévia provisão de não recebimento ou de recebimento menor que o esperado e, no caso contrário, quando houver consigo dúvida sobre um valor de dívida, escolher pelo valor maior.
Ao escolher o valor menor ou diminuir com uma provisão um item de receita faz-se uma atitude conservadora em relação a um risco de não receber ou receber menos que o previsto. É melhor entender e contabilizar a menos do que se pretende receber do que registrar um montante futuro maior e com o valor que ainda não entrou fazer dívidas que no final das contas, poderá não conseguir pagar.
Materialidade. Como explica Martins (1990: 38), a materialidade desobriga um controle mais rígido sobre aqueles itens cujo valor monetário é ínfimo em comparação aos gastos totais da empresa. Ou seja, pequenos materiais de consumo industrial podem, costumeiramente, ser englobados e totalmente considerados como custo no período da sua aquisição, simplificando o procedimento por se evitar o controle e a baixa por diferentes períodos.
Portanto, apenas é material, isto é, deve se der importância diária, os itens com representatividade monetária dentro das operações da empresa, não deixando a contabilidade “perder tempo”.
Como foi informado, há princípios contábeis que não são obedecidos pela contabilidade de custos. A contabilidade de custos pode rejeitar princípios quando tem por objetivo fornecer dados pra análises e tomada de decisão. Um exemplo disso é o uso do custeio variável (ou direto), que não é aceito pelo fisco e vai contra alguns princípios contábeis, mas que fornece informação mais precisa e útil do que o método aceito do custeio por absorção, por exemplo.




Bibliografia
MARTINS, 1990: MARTINS, Eliseu, Contabilidade de Custos, 1990


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