Diferentemente dos juros no regime de capitalização simples, em compostos temos um prazo exponencial, o que torna os cálculos mais complexos, a tal ponto que torna-se inviável o cálculo na mão ou com aquelas calculadorazinhas simples principalmente quando a taxa dada nos problemas, financiamentos ou empréstimos não é real. Nesta postagem mostraremos alguns cálculos com taxa de juros compostos, com exercícios resolvidos a a conhecida fórmula do i que eu quero e i que eu tenho.
Isolando-se
o i da fórmula do montante temos a expressão que calcula a taxa
cobrada no regime de juros compostos:
Exemplo:
Supondo-se
ter 10 mil reais num investimento num banco e 20 mil em outro, respectivamente com taxas médias de 1,2 % e 1 % ao mês por 12
meses. Supondo ainda que o total dos montantes dos dois
investimentos fosse aplicado num terceiro banco por dois anos para se
obter R$ 50.000,00, qual taxa seria necessária?
Em
primeiro lugar, para descobrir que taxa é essa devemos descobrir
antes de tudo o montante de cada um dos dois primeiros bancos.
Assim:
C = R$10.000,00
-
n = 12 meses
-
i = 1,2 % ao mês = 0, 012 ao mês
-
M ==? Reais
-
M = C x (1 + i) n → M = 10000 x (1 + 0, 012) 12 → M = R$ 11.538,95
-
C = R$ 20.000
-
n = 12 meses
-
i = 1 % ao mês
-
M ==? Reais
-
M = C x (1 + i) n → M = 20000 x (1 + 0,01) 12 → M = R$ 22.536,50
Apenas
olhando os resultados podemos notar um erro nesses investimentos. O
valor maior de capital foi aplicado no banco que rendeu menos. Se
fosse ao contrário, no banco 1 e no banco 2 o montante total
alcançaria R$ 34.346,14, resultando em 270 reais a mais que em nosso
exemplo, que chegou à R$ 34.075,45. Apesar de ser menor, usando o
valor de R$ 34.075,45 como se fosse um novo capital para o banco 3
para chegar ao montante de 50 mil reais em dois anos temos a seguinte
aplicação da fórmula:
i = (M /
C)1/n - 1 → i = (50000 / 34075,45)1/24→ i =
1,61 % AM
Pela
resposta podemos ver claramente o feito multiplicador do coeficiente
(1 + i) n, fazendo com que o capital aumentasse quase 50 %
em dois anos, ao passo que na simples a taxa necessária seria de 2 %
ao mês ou ainda, um prazo de 29 meses.
Na
capitalização simples alertamos que a transformação da taxa para
se adequar ao período era permitida apenas naquele sistema. Veremos
neste tópico que a taxa pode ser transformada também na
capitalização composta, mas, envolve mais raciocínio do que as
continhas de multiplicação e divisão.
Começaremos,
inicialmente, pela classificação das taxas.
-
1 – Taxa nominal e taxa efetiva: a taxa nominal é aquela que geralmente nos é apresentada nos contratos e anunciada nas ofertas de crédito. Logicamente que para atrair clientes nem sempre corresponde ao que efetivamente será pago que é a taxa efetiva.
-
2 – Taxa equivalente e proporcional: a conversão da taxa para as pessoas mais humildes é geralmente pela forma da capitalização simples. Contas como dividir 24 % ao ano por 12 meses para se achar 2 % ao mês segue a proporção, disso o nome de taxa proporciona. Na equivalente podemos conseguir o mesmo valor de montante com taxas diferentes, o que não ocorre na capitalização simples.
-
3 – Taxa real: é a taxa que comumente é calculada a partir da taxa nominal descontando a inflação.
A taxa de
um contrato se não for a que realmente é paga consistirá em uma
taxa nominal e que será equivalente à outra com período diferente
de capitalização.
Exemplo:
Se num
contrato de financiamento qualquer há expressado em suas cláusulas
que será cobrada taxa de 24 % ao ano com o prazo de um ano qual
seria a taxa do mesmo financiamento para um mês?
Buscando o
raciocínio proporcional, o cálculo seria obtido simplesmente
dividindo-se o total ao ano por 12, chegando à taxa de 2 % ao mês.
Porém, para o cálculo da taxa mensal utiliza o concito da taxa
equivalente, uma vez que estamos trabalhando com a capitalização
composta. Para tanto, devemos estabelecer esta relação:
24 % ao
ano e 1 ano = % ao mês (12 meses) e não mês (12 meses)
Desta
relação temos a seguinte expressão:
Sendo que:
-
I. Q.: a taxa que queremos achar;
-
It: a taxa que temos no contrato;
-
Nq: o número de períodos que queremos e
-
NT: o período expresso no contrato.
Logo,
substituindo os dados na fórmula:
I. q. = (1 + it)
nq/nt - 1 → I q = (1 + 0, 24)1/12 - 1 →I q
= 1, 81 % a.m.
Exemplo:
Qual a
taxa equivalente ao ano de uma taxa de empréstimo imobiliário de 6
% ao ano “com capitalização mensal”?
Parece bem
complexo e até repetitivo este enunciado, afinal pede uma taxa anual
de outra anual. Vejamos a resolução:
Dados
Taxa do
contrato: 6 % ao ano capitalizado mensalmente
1 –
Obtendo a taxa efetiva mensal
Como é
capitalização mensal devemos entender que a cada período de um mês
ocorre capitalização. Deste modo, usando a taxa proporcional e
encontraremos a taxa efetiva mensal:
6 %ao ano
/ 12 = 0,5 % ao mês
2 –
Obtendo a taxa anual equivalente à taxa de 6 %ao ano
A taxa de
0,5 % ao mês é capitalizada todo mês e gera um montante que pode
se obtido com uma taxa anual, mas esta anual não é a fornecida de 6
% ao ano. Logo:
-
It = 0,5 % AM (proporcional = capitalização simples)
-
NT = 1 mês
-
Nq = 1 ano = 12 meses
-
Iq ==? % ao ano
-
i q = (1 + it) nq/NT - 1 → i q = (1 + 0, 005)12/1 - 1 → i q = 6,17 % a.a.
-
A taxa de 6 % ao ano é equivalente à taxa efetivamente cobrada de 6,17 % ao ano, maior que no contrato.
b)
Taxa Real
A taxa
real é aquela calculada a partia\r da nominal descontada a inflação,
utilizada em investimentos. Por exemplo, se um investimento tem
taxa de rendimento de 15 % ao ano devemos considerar que este
rendimento é menor, uma vez que provavelmente ocorre inflação no
período. Logo a taxa nominal representa a soma das taxas real e de
inflação:
Taxa
nominal = taxa real + taxa de inflação
(taxa
n + 1) = (taxa r + 1) x (taxa I + 1) → taxa r = (taxa n + 1)
– 1 /
(taxa I + 1)
Exemplo:
Um pai
quer guardar no banco o valor de 10 mil reais em uma aplicação que
rende em média 1,5 % ao mês, por dez anos, o objetivo é ter no
futuro 30 mil reais para abrir um laboratório para o filho.
Sabendo que os equipamentos variam conforme o IGP-M mensal de 0,7 %
nos últimos 5 anos, é possível alcançar este projeto?
Usando a
fórmula da taxa real resolveremos a primeira parte do problema: o
rendimento real.
(taxa n + 1) = (taxa
r + 1) x (taxa I + 1) → ir = [(1r + 1) / (iI + 1)] – 1 → ir =
[(0, 015 + 1) / (0, 007 + 1) – 1 → ir = 0, 7944389 % AM
E com esta
taxa aplicamos a fórmula do montante:
M = C x (1 + i) n
→ M = 1000 x (1 + 0, 0079) 120 → M = R$ 25.845,72
Ou seja,
pela taxa real achamos o valor que será obtido, mas, que não será
igual aos R$ 30.000 necessários. Contudo, por outras fórmulas
podemos obter uma solução mais precisa, calculando se o
investimento dado é suficiente:
1 –
Valor da aplicação
M = C x (1 + i) n
→ M = 10000 x (1 + 0, 015) 120 → M = R$ 59.693,23
2 –
Valores do escritório com a inflação
M = C x (1 + i) n
→ M = 30000 x (1 + 0, 007) 120 → M = R$ 69.287,95
Logo,
embora a aplicação renda um montante de R$ 59.693,23, o escritório
que seria de 30 mil reais terá um valor superior, de R$ 69.287,95,
mais que o dobro e com quase dez mil reais a mais que a aplicação.
O número
de períodos de capitalização pode ser obtido pela calculadora
financeira de forma direta. Porém, se o resultado tiver um mínimo
número após a vírgula o período é arredondado. O total
exato pode ser resolvido por uma fórmula, mas, há a necessidade da
função LN – Logaritmo Neperino. Assim:
Exemplo:
Qual o
período em meses para que um capital de R$ 5.000 aplicados a uma
taxa de 1,3 % AM causa o montante de R$ 10.000? Simplesmente
aplicando os dados à fórmula temos:
n = [LN (M) – LN
(C)] / LN (1 + i)→
→ n = [LN (10000)
– LN (5000)] / LN (1 + 0, 013) →
→ n = [9, 2103 –
8, 5172] / 0, 0129→
→ n = 53,66 meses
Considerando
que o valor à vista é sempre chamado de capital “C” em Gestão
Financeira veremos neste tópico a série de pagamentos iguais
“R” e por meio desta como o ato de pagar na hora da compra
compensa.
Vejamos as
fórmulas de compras a prazo:
Cálculo
do capital financiado:
Cálculo
do montante no investimento:
Cálculo
do montante no financiamento:
Cálculo
do valor das parcelas:
Cálculo
do número de parcelas:
Exemplo 1:
Cálculo do valor financiado
Um
equipamento cujo valor à vista é de 25 mil reais é financiado à
taxa de 12 % ao ano com capitalização mensal, por um ano. Qual o
valor que deve ser dado de entrada para que o valor de cada prestação
não ultrapasse R$ 1.700,00?
Dados:
-
C ==?
-
i = 12 % a.a.
-
n = 12 meses
-
Valor à vista = R$ 1.700,00
Resolução
1 – Cálculo da
taxa efetiva:
12% ao ano / 12
meses = 1 % AM = 0,01 AM
2 –
Cálculo do valor efetivamente financiado:
C = R x [(1 + i)n
– 1] / [(1 + i)n x i] →
→ C = 1700 x [(1 +
0,01)12 – 1] / [(1 + 0,01)12 x 0,01]→
→C = R$ 19.133,63
3 –
Cálculo do valor a ser pago de entrada:
25000 – 19133,63 =
R$ 5.866,37
O
equipamento é pago com R$ 5.866,37, no ato e a título de entrada, o
que faz com que o capital realmente financiado baixe de R$ 25.000,00
para R$ 19.133,00 e deixe cada parcela igual a R$ 1.700,00.
Exemplo 2:
Cálculo do montante em investimentos
Um senhor
quer contribuir junto ao INSS para ter aposentadoria por toda a
velhice. Pelas regras o prazo mínimo para contribuir é de 35
anos e o valor devido a sua renda de R$ 2.894,28 deve ser de 11 %.
Qual montante teria se aplicasse este mesmo valor na poupança
tradicional?
Dados:
-
i = 0,5 % AM + TR de 0,15 % AM = 0,65 %AM
-
n = 35 anos = 420 meses
-
R ==?
-
M ==?
Resolução
1 –
Cálculo do valor da parcela R:
Renda
|
Alíquota
|
Contribuição
|
2894,28
|
11%
|
289,
428
|
2 –
Cálculo do montante:
M = R x [(1 + i)n
– 1] / i →
→ M = 318,37 x [(1
+ 0, 0065)420 – 1] / 0, 0065→
→ M = R$
695.421,21
Logo,
aplicando por 35 anos na poupança este senhor teria o montante de
R$695.421,21, que geraria, em média, o valor de R$ 1.655,76 por mês
durante mais 35 anos.
Exemplo 3:
Cálculo da parcela do financiamento
Um veículo
que à vista custa R$ 20.000 reais é financiado em 100 % em 24 meses
à taxa de 1,5 % ao mês. Qual é o valor da parcela? E em 36 meses?
Dados:
-
C = R$ 20.000,00
-
N1 = 24 meses
-
N2 = 36 meses
-
i = 0,5 % a m = 0, 015 ao mês
-
R ==?
Aplicando
a fórmula temos:
R = C x [(1 + i)n
x i] / [(1 + i)n – 1 →
→ R = 20000 x [(1
+ 0, 015)24 x 0, 015] / [(1 + 0, 015)24 – 1 →
→ R = R$ 998, 48,
para o plano de 24 meses.
E;
R = C x [(1 + i)n
x i] / [(1 + i)n – 1 →
→ R = 20000 x [(1
+ 0, 015)36 x 0, 015] / [(1 + 0, 015)36 – 1 →
→ R = R$ 723, 05,
para o plano de 36 meses.
Exemplo 4:
Cálculo do montante do financiamento:
Usando o
exemplo anterior vamos calcular o montante por meio do raciocínio
mais comum: número de parcelas vezes cada parcela.
Logo:
Para 24
parcelas
M = R x n → M =
948,48 x 24 → M = R$ 23.963,57
Para 36
parcelas
M = R x n → M =
723,05 x 36 → M = R$ 26.029,74
Observação:
vimos claramente que com o aumento do número de parcelas o valor
destas acaba diminuindo, porém, o total desembolsado aumenta.
Exemplo 5:
Cálculo do número de parcelas
Uma
família quer adquirir uma casa e paga aluguel de R$ 650,00 mensais.
Se forem poupados R$ 500,00 mensais numa aplicação que pague 1
% ao mês livre de taxas e impostos, em quanto tempo seria possível
a compra da casa, que custa R$ 100.000,00?
Dados:
-
M = R$ 100.000,00
-
R = R$ 500,00
-
i = 1 % ao mês.
-
n==?
n = LN {[(M x i) /
R] + 1} / LN (1 + i)→
→n = LN {[(100000
x 0,01) / 500] + 1} / LN (1 + 0,01)→
→ n = 1, 0986 / 0,
00995→
→ n = 110, 4096
meses ou 9,2 anos
Poupando
R$ 500,00 por pouco mais de nove anos teria dinheiro suficiente para
comprar a casa, valor menor do que o do aluguel de R$ 650,00 todos os
meses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário