Durante os
estágios efetuados em escritórios de contabilidade por parte dos
autores do Blog, verificou-se que são executados uma série de
procedimentos de controle e rotinas para que a escrituração dos
documentos dos movimentos contábeis enviados pelos clientes sejam
feitos da melhor forma possível.
Nem sempre
esses controles existiram no departamento, sendo que os processos
foram melhorados com as experiências e erros. Mas como foi escrito,
são realizados esses procedimentos.
Ao fazer a
escrituração completa da entidade, conforme defende Schnorr (2008),
o profissional contabilista está contribuindo para a correta
apuração dos resultados da empresa. Esta escrituração regular,
diga-se, obrigatória, deve estar revestida das formalidades legais e
ainda ser processada a partir da observância das Normas Brasileiras
de Contabilidade.
O próprio
sitio eletrônico do escritório avisa que para a correta
contabilização dos ativos, receitas, passivos e despesas das
empresas é indispensável que estas entreguem suas contas a cada
mês. Mas isso não é o que ocorre entre outros profissionais.
Durante o
estágio verificou-se que alguns novos clientes – vindos de outros
escritórios – desconheciam os serviços de emissão de Balanço
Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício, por exemplo,
acreditando mesmo que os únicos serviços feitos por um escritório
de contabilidade seriam da parte da Folha de Pagamento, Fiscal e
administrativo relacionado a abertura, alteração e encerramento de
empresas. Infelizmente não era raro começar do nada a contabilidade
de um cliente aberto em outro escritório, uma vez que não foram
feitos quaisquer livros contábeis que poderiam servir de base para
os lançamentos.
As
consequências de serviços incompletos desses escritórios de
contabilidade é a maior dificuldade em se adequar às novas
exigências contábeis (como é o caso aqui da escrituração
digital), que não é satisfeita por simples livros-caixas.
Ressalta-se
que a falta de escrituração contábil não é negativa apenas para
o cliente, que perde em informações úteis para seu negócio, mas
também, para o próprio profissional, que em virtude de atender um
pedido de um cliente que precise urgentemente de um Balanço o faça
de qualquer jeito.
Disso
adverte Shnorr et al (2008):
Veja-se,
portanto, que o profissional contabilista corre o risco de ser
responsabilizado por ocorrências ou operações praticadas por seus
clientes, as quais nem sempre são do conhecimento; especialmente
pelo fato de que os empresários insistem em não ver com a mesma
visão do contador. Em outras palavras, significa dizer que, apesar
de exaustivamente alertados, cobrados quanto à transparência
operacional e submissão aos ditames legais, continuam relutantes em
aceitar ou assumir as orientações expendidas, como que a desafiar
as autoridades fiscais ou então sob o argumento de que, como muitos
fazem assim ou assado, se não praticarem exatamente daquela mesma
forma, não prosperam.
Os autores
Jacinto e Rodrigues (2011) entrevistaram e acompanharam o trabalho da
empresa contábil ABC e chegaram à conclusão de falta de preparo,
estudo e organização, itens que podem atrapalhar que um escritório
execute uma correta escrituração contábil e moderna:
A
ABC apresenta problemas com má formação do quadro profissional,
por não realizar contratações correspondentes a cada área, não
sendo exigidas as qualificações devidas para que o contratado
assuma o cargo, ocasionando problemas como uma má execução das
atividades, trazendo dificuldades para o setor contábil em
reclassificar as contas contábeis para uma conformidade com os
princípios de contabilidade. A ABC não oferece aos seus
colaboradores cursos e treinamentos de como operar os sistemas
implantados pela mesma, não capacitando o seu pessoal, não
contribuindo para o desenvolvimento da empresa. A empresa deve se
estruturar de forma intelectual e tecnológica treinando seus
profissionais para realizarem um trabalho satisfatório e garantir
sua continuidade no mercado. Uma preocupação que deve ser constante
para os profissionais de contabilidade é a de sempre procurarem
manter um perfil profissional capacitado, desenvolvendo habilidades,
para não serem prejudicados na execução de suas atividades e,
principalmente, com a escrituração contábil digital, pois todos os
procedimentos serão realizados de forma cada vez mais eletrônica e
transparente, elevando o nível de qualificação dos profissionais
responsáveis pelos arquivos gerados para serem enviados ao fisco
(RFB). Prova disso é que o arquivo digital enviado em 2010 está
sendo reanalisado pelo contador em 2011, pelo fato do mesmo não
confiar no sistema utilizado na ABC e no pouco tempo que foi
disponibilizado para corrigir as informações contábeis
inconsistentes em 2010.
A segui é
apresentado o resumo de procedimentos contábeis adotados na
escrituração e seu fluxograma, que tem como foco os procedimentos
de escrituração dos documentos que são enviados pelos clientes da
empresa contábil. Por esta razão não são mostrados os
procedimentos quanto da elaboração dos demonstrativos contábeis.
Como é
possível ver, todo trabalho feito durante a escrituração baseia-se
nos documentos, que deverão ser aceitáveis para o correto registro
dos fatos ocorridos.
Por esta
razão, o trabalho inicia-se com a triagem sobre o movimento mensal
enviado pelo cliente, que tem por objetivo a separação do que pode
ser lançado no sistema de contabilidade (e que afetará o patrimônio
da empresa) daquilo que não é suficiente para comprovação, quer
seja de pagamentos ou de recebimentos.
Todavia,
se um documento não é hábil do ponto de vista da contabilidade
surge uma questão a ser resolvida: esse papel é indispensável?
Aparece em algum documento que deverá ser seguido à risca – um
extrato bancário, por exemplo – e sem deverá constar nos livros
contábeis e demais relatórios?
Tendo em
vista essa problemática, é obrigado o departamento contábil a
entrar em contato com o cliente para que este providencie os
comprovantes (notas fiscais, contratos etc.) para o escritório para
que possa registrá-los corretamente e tempestivamente.
Se o
documento mandado inicialmente pelo cliente constar em extratos
bancários da empresa deverá ser lançado nos sistemas de
contabilidade, o que afetará ou o ativo, ou o passivo, as despesas
ou receitas.
E por esta
razão, muitas vezes a contabilidade fica em uma situação difícil
de concluir: suponha que o cliente que é um comércio de materiais
elétricos tenha mandado para o escritório um comprovante de débito
em sua conta corrente relativo a um pagamento de despesa com a
assinatura de TV à cabo, acompanhado do respectivo demonstrativo da
conta e em nome de um dos sócios proprietários da empresa.
Para este
caso o procedimento que pode ser adotado é, primeiramente, a
verificação se a empresa apresenta lucros retidos de exercícios
anteriores e se para o exercício há previsão de resultado
positivo.
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