Prezados leitores, hoje o Blog Essenziale Prime começa mais uma série de postagens, desta vez discutindo sobre as diferentes formas de lecionar a Controladoria nas Universidades, tanto nos cursos de Graduação em Ciências Contábeis quanto de Pós-Graduação.
Quando
fiz meu curso de pós-graduação em Controladoria Estratégica tive
uma disciplina chamada Controladoria, o que seria o núcleo de todos
os dois anos de estudo.
Há
de se destacar que comparando com as grades curriculares de outros
cursos disponíveis — conforme Koliver (2005) no Mestrado
Profissional em economia – a ênfase em Controladoria, aberto a
pessoas com curso de graduação e reconhecido por instituição de
ensino superior, apresenta geralmente seis disciplinas obrigatórias:
-
Sistema de Informações Gerenciais;
-
Gestão Estratégica de Custos;
-
Finanças Corporativas;
-
Controladoria;
-
Contabilometria.
-
Análise dos cenários nacionais e internacionais.
Segundo
o autor citado fica nítida a “predominância dos temas contábeis,
e a controladoria é reconhecida como departamento, isto é, unidade
administrativa”. As grades curriculares dos cursos que anunciam o
título de Controladoria concentram-se na área contábil –
denominada de Controladoria – e no quadrante financeiro, embora não
seja indicado o limite entre os dois setores. Ressalte-se um aspecto
importante nos termos do objetivo do presente trabalho: o curso está
aberto à frequência de pessoas com outros cursos de graduação
(KOLIVER 2005).
Ademais,
entre os estudos apresentados nesse tipo de curso de pós-graduação
vemos comumente disciplinas como Contabilidade Gerencial, o que
nitidamente exige conhecimentos contábeis dos alunos, embora isso
não seja especificado durante a inscrição destes no curso. Sobre
aquela disciplina cabe a informação de que:
Vale
dizer que a Contabilidade Gerencial é uma das modalidades de
aplicação da Contabilidade à prática, como a Contabilidade
Financeira, a Contabilidade de Custos, a Contabilidade Orçamentária,
a Análise Econômico-Financeira, o Controle Interno, a Auditoria,
etc. Com base nessa premissa, cumpre buscar resposta à pergunta
sobre o que significa, finalmente, Contabilidade, porquanto tal
conceituação estabelecerá a amplitude do universo do sistema de
informações que apoiará os processos decisórios no âmbito
executivo. Partindo-se da existência da Contabilidade na condição
de ciência social, o reconhecimento de que ela possa ser
dividida, em termos aplicados, em ramos ou técnicas,
constitui simples recurso facilitador dos estudos e das
aplicações, na busca de soluções de problemas concretos no
exercício profissional (KOLIVER 2005, 23).
Logo,
num curso aberto à qualquer aluno independente de sua graduação o
fato de se lecionar Contabilidade, pelo menos em minha opinião,
tende a deixar o curso quase como um repeteco do cursos de Ciências
Contábeis, para os estuantes formados nessa área.
E
pensando nisso escrevo este tópico, para detalhar o que foi a
disciplina de Controladoria do Curso de Pós-graduação em
Controladoria Estratégica da Universidade de Mogi das Cruzes –
UMC.
A
proposta acadêmica oferecida pelo professor da matéria foi bem
distinta a apresentar balanços contábeis ou se deter em lançamentos
contábeis e ou técnicas de custeios. Tratou o professor em dividir
a sala em grupos e cada grupo deveria pesquisar um tema, e apresentar
o estudo em duas ou três semanas. O problema era que antes de
apresentar o trabalho o grupo deveria mandar uma cópia para o e-mail
de cada e-mail dos colegas da turma.
E
para quê fazer isso? Simples: um que recebesse o trabalho escrito
deveria lê-lo e montar uma crítica construtiva e com sugestões bem
argumentadas de modo a ampliar o trabalho, enviando então esse
adicional para o grupo autor e para o professor, tudo é claro
valendo nota. Francamente, até hoje não sei se isso foi uma forma
do professor ter menos trabalho para lecionar ou uma didática para
que cada aluno corresse atrás do próprio conhecimento.
De
uma forma geral quanto mais críticas “ruins” o trabalho
recebesse, menor seria a nota do grupo que o escreveu, o que ao final
das contas parece ser um estímulo para que cada grupo fizesse o
melhor possível, vez que teria que ser confrontado com uma sala de
mais de quarenta alunos.
Segundo
o professor esse era o modo de didática de seus professores em seu
mestrado, que serviria para fazer com que os mestrandos de lá e a
nossa turma de pós graduandos “pensasse dentro da controladoria”.
Então pensamos, o que seria pensar em Controladoria? Aliás, o que é
mesmo controladoria?
Se
puxarmos os conceitos teóricos na literatura disponível podemos
definir que a controladoria é um departamento que funciona como
região central de informações, tendo cinco grandes funções, a
saber:
Subsidiar
o processo de gestão: ao presidente da empresa é a sua função
fazer que o processo de gestão e curso de ação seja modelado às
vontades dos donos da organização. Segundo explica Ivam Ricardo
Paleias isso é feito em três fases:
-
Planejamento, que tem haver com estar junto n estabelecimento das metas, para que apenas sejam traçados planos e metas possíveis de conclusão;
-
Execução, acompanhando o andamento das ações tomadas (com o auxílio também de orçamentos para efetuar comparações ao orçado e;
-
Controle, comparando as informações sobre as ações dos gestores e das áreas de responsabilidades [PELEIAS, 2002].
Apoiar
a avaliação de desempenho: fazer a avaliação individual dos
gestores quanto ao desempenho. Conforme a opinião de Armando Catelli
a controladoria não vai atuar no lugar dos gestores, vai identificar
problemas e soluções sob a ótica econômica de cada área e da
empresa e do respectivo gestor, indicando por meio do modelo o meio
exato para se chegar ao resultado anteriormente traçado pela
presidência [CATELLI, 2001].
Apoiar
a avaliação de resultado: diz respeito à controladoria
repassar informações aos gestores sem atuar diretamente no processo
administrativo, elaborando e analisando o resultado econômico de
produtos e serviços, monitorando e orientando o processo de
estabelecimento de padrões e avaliando, finalmente, o resultado de
seus serviços.
Gestão
dos sistemas de informação para apoio ao processo: Peleias
(2002), diz que, é papel da controladoria suprir os gestores com a
informatização do processo de gestão, com o intuito de agilizar o
planejamento, o registro e o controle das decisões tomadas.
Atendimento
aos agentes de mercado: A função que a controladoria exerce com
o ambiente em que a empresa se insere, por ser um sistema aberto, é
a de acompanhar, interpretar e avaliar o impacto que as legislações
federal, estadual e municipal causam a atividade organizacional e;
atender aos agentes de mercado, sendo como representante
preestabelecido formalmente, ou dando apoio ao gestor responsável
pelo atendimento de mercado.
E
o que foi feito pelos alunos é Controladoria? Podemos agrupar
algumas tarefas desempenhadas que vão em direção à Controladoria,
que veremos a seguir.
A coleta de dados para apresentação aos diretores ou colegas de sala
Coleta
de Dados – tanto a Controladoria quanto os alunos precisaram
coletar dados para montar informações (no caso de empresas, os
relatórios, já para os alunos, desenvolver um trabalho acadêmico a
ser entregue aos colegas de sala, que representariam os diretores da
empresa, tendo ainda um prazo para a sua conclusão e apresentação.
Se na empresa o Controller terá que desenvolver meios para
centralizar informações que lhe sirvam para a tomada de decisões,
os alunos também, mas neste último caso, o resultado a ser
alcançado é o próprio trabalho a ser feito, a saber, sem falhas ou
pontos fracos.
Nesta
fase é feito o planejamento do que cabe ou não no trabalho, e para
a Controladoria no ambiente corporativo, o que serve ou não (no que
se refere a técnicas gerenciais) para permitir à empresa chegar ao
lucro desejado.
Se
compararmos aqui a controladoria como a ferramenta que vai permitir
aos gestores os dados necessários e as devidas correções (por
exemplo, no desenvolvimento de um método mais flexível de custeio
ou uso de um software para análise de gestão econômica) podemos
atribuir ao grupo que vai apresentar um trabalho acadêmico como
sendo os responsáveis por planejar um relatório que deverá
mostrar-se satisfatório aos gestores e de um modo personalizado, por
assim dizer. Afinal temos que ter em mente que o grupo que vai
apresentar será alvo de questionamentos por parte daqueles que nunca
ouviram o tema – ou para o controller, o relatório.
Geração de informações tendo por base relatórios de terceiros e sem conhecimento sólido de seus assuntos
Como
adiantamos, o Controller é o chefe do departamento de controladoria,
que centraliza as informações, monta os relatórios e como um
painel de controle gera as ferramentas que permitirão tomadas de
decisões estratégicas e corretivas para que a empresa consiga
chegar aos resultados desejados. Sob este aspecto, os alunos que não
fizeram o estudo a ser apresentado em seminário dispunham de poucos
dias para ler o material que lhes chegara por e-mail, entender o seu
teor e ainda determinar pontos fortes e fracos naquela literatura.
Vamos a um caso verídico: eu recebi de um dos grupos um trabalho
sobre Teoria da Agência e Governança corporativa. Não sabia nada
sobre o tema, mas deveria ler e é claro pesquisar mais fontes
externas para poder analisar tecnicamente o material.
Ao final
constatei que o referido trabalho era composto por 80% plágio de
teorias, 15% de textos citados de um livro que constava nas
referencias bibliográficas e os 5% restantes, paráfrases elaboradas
pelo grupo. O Trabalho dizia o que era cada um dos temas e apenas
isso. E o que fiz em minha análise? Busquei por conceitos, é claro,
mas além disso exemplos de empresas que são reconhecidamente
incentivadoras ou obrigadas á adoção de boas práticas de
governança corporativa.
Resumindo,
em meu trabalho de adição ao original acrescentei o que faltava:
exemplos reais de empresas que adotam os temas apresentados. Não foi
um trabalho fácil, afinal de contas foram dois dias para ler o texto
e correr atrás de complementos para melhorar o trabalho, sendo que
não tinha o conhecimento aprofundado sobre o assunto.
E
disso me vem à mente: o Controller no ambiente corporativo deve
receber dados dos mais variados tipos num primeiro momento, e após
analisá-los deve classificá-los em categorias e em departamentos,
de forma a definir o que são, que gastos envolvem e quais
consequências ou benefícios trazem. E tudo isso em tempo rápido
pois a dinâmica do mundo empresarial e corporativo assim o exigem.
Para terminar, acrescento aqui as palavras de Koliver (2005),
extraídas do trabalho de Mestrado Profissional em economia –
ênfase em Controladoria, NECON/UFRGS, aberto a pessoas com curso de
graduação, reconhecido por instituição de ensino superior,
apresenta seis disciplinas obrigatórias (KOLIVER 2005, 26):
O
ato de executar está baseado neste conjunto de elementos que se
completam – liderança, fixação de objetivos, planejamento,
implantação de ações, controle, avaliação de estoques, custos,
preço de venda, consecução de metas, financeira, qualidade –, e,
fundamentalmente, o controller deve ter conhecimento de
Contabilidade, sabendo usá-la como instrumento de informação e de
apoio. Em suma, requer habilidades interpessoais, conhecimento de si
próprio e de sua capacidade, habilidade na utilização da
tecnologia para concretizar as metas, traduzindo um conjunto de
informações técnicas para uma linguagem de negócio e de decisão.
Conclui-se que, para ser controller, não basta querer ser, é
necessário, sim, estar preparado para saber ser e executar a função
com conhecimento, disciplina e convicção (KOLIVER 2005).
Então
é isso. Nas próximas postagens apresentarei alguns dos trabalhos
apresentados e minhas sugestões para melhorá-los. Até lá.
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