Cabe
esclarecer que mesmo as despesas variáveis integrarem o cálculo da
margem de contribuição, não é agregado ao produto para fins de
avaliação de estoques, quando de uso interno do Custeio Variável.
O mais adequado seria o seu tratamento como redução do valor de
venda. Isso não altera em nada no cálculo da margem e facilita a
solução de problemas relativos ao quantificar custo do produto.
Mas antes, Dê uma olhada no último post desta série:
https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/como-definir-margem-de-contribuicao-e.html
https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/06/vamos-calcular-margem-de-contribuicao.html
Qualquer
empreendimento que é aberto almeja a obtenção de retorno sobre o
investimento. Pretende obter lucro com suas atividades. Na
contabilidade há a Demonstração de Resultado do Exercício, onde
se evidencia o lucro. E o que existe no lucro? O lucro tem relação
direta com as vendas, o preço, a produção entre outros fatores.
Contudo, não é possível ver na DRE claramente se o lucro obtido é
satisfatório ou não para a empresa e para os sócios ou acionistas.
O
retorno de todos os investimentos e a verificação se o lucro foi de
fato satisfatório ou não pode ser verificado observando-se as
relações existentes entre o lucro e o Patrimônio Líquido:
O
Patrimônio Líquido representa o capital próprio, resultado do
total de Ativos menos o montante de capital de terceiros. Logo, é a
obrigação para com o sócio, é o valor líquido de direito dele e
o resultado de seu investimento na empresa. Com isso, o Lucro
dividido pelo PL deve dar percentual favorável e no mínimo igual ou
superior a Taxa Selic, utilizada como a taxa básica de juros,
referencia para a economia. Desta forma, se o percentual for maior
que a Selic, pode-se dizer que houve lucro, mas ainda não significa
que este resultado é satisfatório.
Por
exemplo, o percentual pode ser 0,5% maior que a Selic e 100% menor
que a média obtida pelas outras empresas do mesmo ramo de atividade.
Quando rende menos o administrador deve reavaliar as suas ações e
decidir se continua buscando retorno sobre seus investimentos com
alto risco ou se vai para a Poupança, Selic ou outros fundos de
investimentos que sejam mais rentáveis ou conservadores e em correr
riscos.
Um
bom exemplo seria o de um supermercado que tem em média um retorno
sobre suas vendas (lucro/vendas) de 2 a 5%. É bom se for realmente
sobre as vendas. Porém, se for o retorno sobre o Patrimônio Líquido
(lucro/PL), o ideal seria ter um resultado em torno de 20 a 70%.
E
voltando a Taxa de Retorno, como escreve Martins (1990, 188), é “a
forma ideal de se avaliar a taxa e retorno a divisão do lucro obtido
antes do imposto de renda e antes das despesas financeiras (LAJIR)
pelo ativo total utilizado para a obtenção do produto”.
Assim,
tem-se a seguinte fórmula da Taxa de Retorno sobre o investimento:
Sendo que:
-
T r = Taxa de Retorno
-
Juros = as despesas financeiras.
Quando
se fala em retorno sobre investimento lembra-se do Patrimônio
Líquido. No entanto, ao se fazer uma análise por produto fabricado
e vendido não é possível dividir o PL por bem elaborado pela
empresa. Assim, deve-se pegar a Margem de Contribuição de cada
produto e dividir pelo seu respectivo investimento e depois, o total
do lucro obtido pelo total investido (Ativo) para uma análise mais
ampla.
Segundo
Martins (1990):
No
retorno não devem ser incluídas as Despesas Financeiras, já que
estas são derivadas do Passivo (Financiamentos), e não do Ativo
(Investimentos). Do retorno dado pelo Investimento, parte será
utilizada para aumentar o capital de terceiros (Despesas
Financeiras), e parte para remunerar o Capital Próprio (Lucro
Líquido do proprietário). O retorno, soma dos dois, é o que melhor
define o desempenho global.
Para
explicar as aplicações possíveis da Taxa de Retorno dentro da
empresa vamos partir novamente dos exemplos propostos por Martins
(1990). Segundo o mesmo autor:
O
problema da utilização dessa ideia consiste não só na apuração
do lucro, mas também na separação de qualquer investimento
pertencente a cada produto. É comum (mas não correto) proceder-se
da seguinte forma: rateia-se a Despesa de Venda e a de Administração
também aos produtos, com base em critérios os mais variados
(proporcionalidade a preço de venda, lucro bruto, tempo de
fabricação etc.), como se fizessem parte do custo propriamente
dito, chegando-se assim ao “lucro líquido” antes das Despesas
Financeiras e o Imposto de Renda de cada produto. Rateia-se também o
investimento (ativo) total pelos produtos, com base em critérios
igualmente estudados, atribuindo-se parte dele por cada produto (MARTINS, 1990).
Para
melhorar os entendimentos correlatos a Taxa de Retorno, utiliza-se
novamente a Margem de Contribuição.
Siga
o exemplo a seguir: admite-se que uma empresa fabrique três
produtos, identificados apenas como L, M e N. Estes produtos
apresentam os seguintes custos variáveis de produção, em unidades:
Custos de Produção | ||
Variáveis | ||
L | R$ 1.500,00 | /unidades |
M | R$ 2.800,00 | /unidades |
N | R$ 2.100,00 | /unidades |
E
para que a empresa consiga fabricar esses produtos, acabam sendo
necessários os seguintes custos fixos de produção, contabilizados
mensalmente e apresentados abaixo:
Fixos | ||
Identificados com os produtos: | ||
L | R$ 200.000,00 | /mês |
M | R$ 100.000,00 | /mês |
n identificados | R$ 700.000,00 | /mês |
Como
é fácil de notar, esta empresa também separou os custos fixos que
não são identificados por produtos. Após estas informações a
empresa também apresenta o seu montante de despesas variáveis
conforme as vendas e as fixas mensais em reais, no quadro a seguir
(Quadro 3):
Despesas de vendas | |||
Variáveis |
10%
|
Preço de venda | |
Fixas | R$ 200.000,00 | /mês | (comuns) |
No
quadro a seguir (Quadro 4) a empresa informa o seu montante de gastos
com despesas administrativas fixas mensais e comuns a todos os
produtos. Esses valores de custos fixos, bem como os demais não
identificados serão utilizados mais adiante.
Despesas administrativas | |||
Fixas | R$ 400.000,00 | /mês | (comuns) |
No
quadro a seguir (Quadro 5) a empresa apresenta os preços de venda
unitários de cada produto, em reais.
Preço de venda | ||
L | R$ 2.500,00 | /unidade |
M | R$ 4.200,00 | /unidade |
N | R$ 3.300,00 | /unidade |
Abaixo
segue o montante de vendas conseguido da empresa, em reais. A empresa
também fabricou a mesma quantidade para cada produto, conforme segue
o quadro:
1000
|
Unidades vendidas |
1000
|
Unidades produzidas |
E
anexo a estas informações, a empresa divulgou o seu ativo total do
período, em reais e por produto fabricado. No Quadro 7 está o
resumo do Ativo da empresa. O ativo servirá de base para a
composição dos investimentos totais da empresa no cálculo da Taxa
de Retorno.
Investimentos
(Ativos)
|
Identificado com os
produtos
|
Comum R$
|
Total R$
|
||
L
|
M
|
N
|
|||
R$
|
R$
|
R$
|
|||
Disponibilidades |
0
|
0
|
0
|
150.000
|
150.000
|
Estoques |
300.000
|
1.100.000
|
1.000.000
|
200.000
|
2.600.000
|
Valor a receber | |||||
Líquido |
350.000
|
600.000
|
700.000
|
1.650.000
|
|
Imobilizado | |||||
Líquido |
400.000
|
900.000
|
0
|
2.300.000
|
3.600.000
|
Total |
1.050.000
|
2.600.000
|
1.700.000
|
2.650.000
|
8.000.000
|
As
disponibilidades no Ativo são genéricas: os estoques contem
matéria-prima, produtos acabados e embalagens que são
identificáveis a cada produto; materiais diversos de consumo
industriais comuns e gerais a todos os bens fabricados; valores a
receber de clientes identificados e não identificados e no
imobilizado, máquinas e instalações relacionadas aos produtos L e
M e a maior parte comuns a todos demais.
Mas
além do Ativo, a empresa também divulgou a sua Demonstração de
Resultado do Exercício – trabalhada à base da sequência da
Margem de Contribuição, também em reais e resumidas, conforme o Quadro 8:
Demonstração de
resultados
|
|||||
L
|
M
|
N
|
Comum R$
|
Total R$
|
|
R$
|
R$
|
R$
|
|||
Receita total |
2.500.000
|
4.200.000
|
3.300.000
|
10.000.000
|
|
(-) desp. Variáveis |
(250.000)
|
(420.000)
|
(330.000)
|
(1.000.000)
|
|
(-) custo variável |
(1.500.000)
|
(2.800.000)
|
(2.100.000)
|
(6.400.000)
|
|
(=) 1ª M Contribuição |
750.000
|
980.000
|
870.000
|
2.600.000
|
|
(-) Custos F Ind. |
(200.000,00)
|
(100.000,00)
|
0,00
|
(300.000)
|
|
(=) 2ª M Contribuição |
550.000
|
880.000
|
870.000
|
2.300.000
|
|
(-) C F Comuns |
(700.000)
|
||||
(-) Despesas c/ Vendas C |
(200.000)
|
||||
(-) Despesas Administrativas C |
(400.000)
|
||||
(=) Lucro |
1.000.000
|
Da
forma como demonstra o quadro anterior, a empresa conseguiu obter um
lucro de R$ 1.000,00. E então surge a pergunta: esse lucro é
satisfatório?
A
taxa de retorno pode auxiliar na resolução desta questão. Para
começar, o que indica a Taxa de Retorno? Vejamos o Quadro 9, abaixo,
para poder explicar mais claramente.
L
|
M
|
N
|
Total R$
|
|
R$
|
R$
|
R$
|
||
(=) 2ª M Contribuição |
550.000
|
880.000
|
870.000
|
2.300.000
|
Invest. Identificado |
1.050.000
|
2.600.000
|
1.700.000
|
5.350.000
|
TR Identificado |
52,38%
|
33,85%
|
51,18%
|
42,99%
|
(=) Lucro |
1.000.000
|
|||
Investi. Total |
8.000.000
|
|||
TR s/ Invest. Total |
12,50%
|
Retomando-se
o conceito de Taxa de Retorno pode-se afirmar que esta
evidencia o quanto se obtém de retorno obre o ativo. Mas por que
sobre o ativo? Afinal, o ativo não representa as aplicações do
capital da empresa, uma vez que o Passivo representa o montante de
Origens. Isso acaba indicando em que a empresa alocou os seus
recursos, por exemplo, se a empresa investiu em máquinas e comprou
matéria-prima com dinheiro de capital próprio e investiu em
instalações e terrenos com financiamentos de longo prazo todo o seu
montante de investimentos pode ser observado olhando-se as contas do
seu Ativo (Permanente: Imobilizado – máquinas e instalações e;
Circulante: Disponibilidades – Estoques de matéria-prima). Assim
sendo, utiliza-se no cálculo do retorno todo o ativo como
representação dos investimentos da empresa.
Como
explica Martins (1990: 190):
A
taxa de Retorno identificada evidencia o quanto cada produto
conseguiu gerar de Margem de Contribuição (2ª) sobre o
Investimento que é Realmente seu. Na média, houve retorno de 43%, o
que nos fornece a visão de que o produto M está participando
bastante na redução dessa taxa; é o de menor retorno, estando L e
N quase na mesma situação. O retorno global é de 12,5%, após
cômputo dos custos, despesas e investimentos comuns aos três
produtos (MARTINS, 1990).
Para
o cálculo da Taxa de Retorno do Quadro 9 utilizou-se o seguinte
raciocínio: obtenção da margem de retorno (contribuição) de cada
produto fabricado pela empresa em relação ao capital investido.
Assim tem-se que:
Portanto,
apenas o produto L possibilita a empresa um retorno de mais de 52%
sobre o seu capital investido.
O
segundo tipo de cálculo envolveu o lucro e o investimento total.
Assim:
Trata-se
então de uma abordagem gerencial, onde, se a empresa quer vender
mais, além de manter o seu lucro com o menor capital investido, deve
utilizar o produto L. Isso garante menor investimento e maior retorno
sobre o capital total.
Não
é possível obter um quadro com maior exatidão do que o Quadro 9,
pois como define Martins (1990) outros critérios poderiam levar a
decisões erradas e, por exemplo. Se fosse elaborada uma distribuição
dos custos e despesas comuns, bem como dos investimentos, de forma
proporcional à participação de cada produto no faturamento total.
Este poderia ser o resultado:
Cidade ou Município
|
Ponto L
|
Ponto M
|
Ponto N
|
Total
|
“Lucro”
|
R$ 225.000
|
R$ 334.000
|
R$ 441.000
|
R$ 1.000.000
|
Investimento Total
|
R$ 1.712.500
|
3.713.000
|
2.574.500
|
R$ 8.000.000
|
Taxa de Retorno
|
13,1%
|
9%
|
17,1%
|
12,5%
|
Fonte:
(MARTINS,1990: 191).
Segundo
Eliseu Martins quanto ao exemplo acima:
Se
a situação de M continua a mesma, de pior desempenho, aparece agora
uma disparada vantagem do N sobre o L, o que era verdadeiro no Quadro 9;
e de fato essa vantagem só ocorreu em função do critério de
rateio; tivéssemos distribuído com outra base e teríamos posições
diferentes.
É
de se notar que montamos o quadro acima com o rateio apenas dos
valores comuns, o já é um grande passo. Normalmente se utiliza de
forma incorreta, o rateio inclusive das instalações e outros
investimentos plenamente identificados com determinados produtos. Não
raro, rateiam-se inclusive custos variáveis ou fixos que são
visivelmente pertencentes a um ou mais produtos, e não a todos (MARTINS, 1990).
No
livro de Eliseu Martins aparecem outras finalidades da Taxa de
Retorno e sobre a aplicação da Margem de Contribuição para o
cálculo dessa taxa. Mas aqui restringimo-nos aos cálculos acima,
uma vez que nosso objetivo é apenas de apresentar e pincelar os
tópicos vistos ao longo do curso de Graduação da Universidade de
Mogi das Cruzes visto pela turma formada no ano de 2008.
Bibliografia
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1990.
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