sexta-feira, 10 de junho de 2016

Relação Custo / Volume / Lucro


Nesse tópico almeja-se dar maior atenção aos custos fixos e variáveis e dando especial ênfase quanto à análise de suas influências nos processos de custeamento e no Resultado.

Mas antes, Dê uma olhada no último post desta série:  
https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/como-definir-margem-de-contribuicao-e.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/06/vamos-calcular-margem-de-contribuicao.html https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/06/valores-que-integram-o-calculo-da.html 
Como bem explica Eliseu Martins (1990):
Sabidamente não existe Custo ou Despesa eternamente fixa; são fixos dentro de certos limites de oscilações da atividade a que referem que, após tais limites, aumentam, mas não de forma exatamente proporcional, tendendo a subir em “degraus”. Assim, o Custo com a Supervisão de uma Fábrica pode manter-se constante até que ela atinja, por exemplo, 50% de sua capacidade; a partir daí, provavelmente precisará de um acréscimo (2,02 ou 80%) para conseguir desempenhar bem a sua função. Alguns tipos de custos podem até mesmo só se alterar e houver modificação na capacidade produtiva como um todo, sendo os mesmos de 0 a 100% da capacidade, mas são exceções (como a depreciação, por exemplo).
Uma empresa, seja qual o nível de atividade for trabalhar, acaba tendo custos fixos e despesas fixas: se penas tem o terreno pronto para construção já apresenta custos com segurança e despesas como pagamento de impostos e taxas. Se a empresa começa suas atividades com o terreno surgirão os custos com máquinas, depreciação, empregados; se aumenta a produção, os custos aumentarão com surgimento de novos gastos, como encarregados, gerentes, entre outros. Como Martins (1990: 225) exemplifica:
Podemos começar por verificar que uma planta parada, sem atividade alguma, já é responsável pela existência de alguns tipos de custos e despesas fixas (vigia lubrificação das máquinas, depreciação etc.). Para colocá-la em condições de funcionamento, mesmo que a 10% da capacidade, já há um acréscimo abrupto desses custos (chefias, mestres, mecânicos, almoxarifes etc.). Talvez possa agüentar com essa estrutura ate 20% da capacidade; ai, para aumentar um pouco mais, talvez precise de outros homens para a recepção de materiais, controle de qualidade, ferramentas etc., que lhe podem provocar um acréscimo menor ou maior que a porcentagem de acréscimo de volume de produção.
Resumindo isso, é possível esboçar os seguintes gráficos:
Figura 1: Crescimento em degrau dos custos e despesas fixos [MARTINS, 1990]
Segundo as concepções mais realistas, o gráfico da direita demonstra melhor as oscilações dos custos e das despesas fixas em relação ao volume de produção.


      Custos e despesas variáveis

Retomando as explicações já dadas, os custos variáveis se relacionam com o volume de produção, enquanto que as despesas variáveis são gastos que variam de acordo com a quantidade vendida. Desse modo, a matéria-prima é sempre variável, ao passo que a mão de obra pode ou não variar de acordo com o volume produzido.
Assim sendo é possível fazer uma lista com alguns gastos para facilitar a memorização e o entendimento a cerca de custos:
  • Custos variáveis: matéria-prima;
  • Despesas variáveis: comissões de vendas e transporte de vendas;
  • Custos fixos: os valores pagos pelo gasto independente da produção. Exemplo: aluguel da fábrica, mão de obra, salário do gerente de produção, do engenheiro da garantia da produção etc.;
  • Despesas fixas: mão de obra da administração, aluguel do prédio administrativo, telefone por assinatura do escritório, depreciação de equipamentos da administração e da contabilidade;
  • Custos e despesas semi variáveis ou semi fixos: não são totalmente variáveis. São exemplos os salários do supervisor de produção e do gerente de produção, em que se ocorrer aumento de produção, contrata-se outro funcionário deste cargo para suprir a demanda.
  • São exemplos de despesas semi variáveis ou semi fixos o frete do caminhão, quando este só comporta um determinado volume de vendas. Quando ultrapassa este total pode ser necessário outro caminhão.
  • O consumo de energia elétrica das indústrias é geralmente em quilowatts. Na indústria á o contrato de consumo e a demanda de energia. A empresa opta por pagar por um valor presumido de consumo, fixo e que de tão alto, caso a empresa consuma mais ou menos a sua conta a paga ainda será fixa, até que ultrapasse o valor contratado. Com isso, o valor antes fixo aumenta demais e em degraus.
Segundo Martins (1990), na maioria das empresas “os únicos custos realmente variáveis no verdadeiro sentido da palavra são as matérias-primas”. Ocorre ainda que o grau de consumo desses materiais em algum tipo de empresa pode oscilar em ritmo diferente à produção. Como explica Martins (1990) “Certas indústrias têm perdas no processamento da matéria-prima que, quando o volume produzido é baixo, são altas, tendendo a diminuir percentualmente quando a produção cresce”.
Por outro lado, o custo de mão de obra direta cresce à medida que se produz mais, mas não de forma igual à produção, em decorrência da produtividade que tende a aumentar até certo ponto, até depois começar a cair. Martins dá o seguinte exemplo:
Se o pessoal tem 8 horas para produzir 60 unidades, quando normalmente levaria 6 para tal volume, provavelmente gastará às 8 horas todas trabalhando de forma um pouco mais calma (se não estiver o volume condicionado por máquinas). Se o volume passar para 80 unidades, trabalharão as mesmas 8 horas; se for de 90 unidades, talvez levem pouco mais de 9 horas, em função do cansaço, que faz decrescer a produtividade [MARTINS, 1990].
E da mesma forma que foi feito com os custos fixos, também é possível uma visualização mais real dos Custos e Despesas Variáveis dentro da estrutura organizacional da empresa:
Figura 2: Custos Variáveis em relação à atividade [MARTINS, 1990]
Dessa forma, até mesmo o montante dos custos totais poderia ser representado graficamente de uma forma simplista (à esquerda) e de uma maneira mais fiel à realidade dos acontecimentos na empresa (à direita):
Figura 3: O montante dos custos de maneira mais realista [MARTINS, 1990]
Em relação à figura anterior Martins (1990: 227) lembra que:
Entretanto, uma empresa não oscila facilmente o seu volume de atividade, e isso simplifica bastante a tarefa, já que o importante é analisar o comportamento dos Custos e Despesas Fixos e Variáveis dentro de certos limites normais de variação. Por isso, talvez então seja bastante conveniente uma representação linear de ambos, mas lembrando sempre que ela tem validade restrita: aumentando ou diminuindo bastante o volume da atividade da empresa, a representação terá também que mudar [MARTINS, 1990].
Com isso tem-se a figura a seguir, correspondendo apenas a uma parte específica em um curto espaço de tempo e de produção dentro da atividade produtiva da empresa:
E como Martins (1990) acrescenta:
Além desse tipo de problema, há de se acrescentar ainda que ocorram alterações nos montantes desses Custos em função de outras variáveis, alem do volume. Aliás, entre nós, as alterações são as decorrentes das variações dos preços, e não propriamente as das mutações no grau de atividade. O que eram $ 4.000.000 de Custos Fixos no mês passado talvez passem a $ 4.100.000 neste; os (custos) Variáveis; que eram de $ 490 por unidade, talvez subam para $ 530, e nenhuma alteração ocorreu no volume de atividade.



Bibliografia
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1990.

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