Normalmente
o objeto de estudo dos estudantes de Ciências Contábeis e
Administração são as empresas de grande porte e suas ações
negociadas em bolsas de valores. São as chamadas Sociedades
Anônimas, onde o capital é dividido em ações, frações iguais em
poder de seus acionistas e do público geral que as comprar.
Nessas
empresas não existe a figura de um único dono isolado, mas sim, há
a presença de vários donos, que por sua vez se reúnem em
assembleia para decidir quem dentre eles vais controlar a empresa. Ao
contrário, em empresas pequenas ou mesmo os de médio porte são bem
claras a figura de um dono ou proprietário, que sobre o qual, fica
toda a responsabilidade dos atos e atividades empresariais.
Essas
sociedades por terem suas ações à venda no mercado de ações e
quem as compra as utiliza ou para ter rendimentos ou as revendendo,
são obrigadas a demonstrar e publicar o que elas fazem com os
recursos (capital) que lhe foram confiados. É a prestação de
contas da sociedade empresarial a todos os stakeholders. As
empresas de pequeno porte ou limitadas e que não apresentem o
faturamento mínimo proposto pelo governo não são obrigadas a gerar
e publicar os demonstrativos e outras informações contábeis –
embora, devem elaborá-los e manter toda a escrituração contábil.
Toda
sociedade anônima com capital aberto precisa se submeter a uma
auditoria independente. A auditoria tem a função de fiscalizar os
atos da empresa no que tange à parte financeira, econômica e
contábil e de verificar e sugerir melhorias com base nos documentos
vistoriados.
E
por se tratar de recursos de acionistas e investidores, bem como toda
uma comunidade de interessados nos resultados da empresa (governo,
sociedade, meio ambiente, fornecedores, bancos, empregados,
acionistas) e auditoria exigida não pode ser interna. No caso de uma
auditoria interna, embora o fato de serem utilizadas técnicas de
auditoria, amostragens, delimitação do objeto, não seria o mesmo
tipo de auditoria.
Além
da auditoria interna e independente existe ainda a figura da Comissão
de Valores Mobiliários – CMV, uma autarquia do governo que como se
fosse um segundo fiscal em favor dos acionistas, é responsável por
analisar, pedir esclarecimentos e até proibir a nomeação de
determinado diretor se tiver conhecimento de que este ato será
prejudicial aos interesses dos stakeholders.
Mas
como é possível saber se a empresa anda bem com a sua saúde
financeira? Como é possível afirmar ao investidor se a empresa em
que este colocou seu capital tem retorno ou até mesmo se tem uma boa
situação financeira capaz de garantir suas dívidas para com
terceiros?
Pois
bem, pela análise das demonstrações contábeis da empresa e, por
meio de comparações com os dados de outras empresas de mesmo ramo é
possível formular inferências que ajudarão na tomada de decisões.
Cada
empresa deve saber como está trabalhando com suas atividades e as
ações dos concorrentes diretos e do resto do mercado. Deve saber
como se comportar para poder chegar ao seu lucro. Por exemplo, se a
empresa planeja chegar ao lucro vendendo agasalhos deve fazê-lo
antes da chegada do verão.
É
preciso ter em mente que o mercado está em constante fase de
transição e de que os produtos que hoje são aceitos no mercado
poderão sofrer os efeitos de novos e mais modernos e melhores bens
em muito pouco tempo. As fotografias antes, por exemplo, surgiam com
a revelação de filmes, produzidos geralmente pela Kodak ou Fugi. Na
atualidade câmeras são digitais e as fotos são instantâneas, o
que dispensa o uso de filmes. Mas e daqui a dez ou vinte anos, como
as máquinas de tirar fotografias serão?
O
que as empresas devem fazer para continuarem no mercado? A resposta é
não apenas investir no que no presente momento é dito como sucesso,
mas também, no que pode vir a se tornar tendência no futuro
próximo.
Um
grau de alavancagem pode ser entendido como o índice que determina
quanto que um grupo de contas (receitas, lucros) aumenta ou diminui
quando outro grupo aumenta ou também diminui. Por exemplo, se ao
compararmos o aumento do lucro contra o aumento da receita e
constatamos que o primeiro cresceu, por exemplo, 6% a mais do que o
segundo, dizemos que há um grau de alavancagem, mais exatamente,
expresso por 1,06.
Mas
em que se utiliza isso, afinal de contas? Nos tópicos a seguir serão
apresentados cada um destes graus de alavancagem, bem como as
análises possíveis diante de sua utilização quanto aos problemas
propostos.
O
grau de Alavancagem operacional – GAO – representa quanto que a
empresa é eficiente operacionalmente, isto é, quanto gera de
resultados positivos excluindo-se os gastos com juros. Segundo Gitman
(2000), “a alavancagem operacional resulta da existência de custos
operacionais fixos na estrutura de resultados da empresa.
Empregando
a estrutura da tabela podemos definir alavancagem operacional como a
possibilidade de uso dos custos operacionais fixos para ampliar os
efeitos de variações de vendas sobre o lucro da empresa antes de
juros e imposto de renda” (GITMAN, 2000, p. 437). E por definição,
a fórmula do grau de alavancagem operacional é dada por:
Conforme
podemos entender, pela equação verificamos o quanto da variação
percentual do lucro antes dos juros contra a receita operacional
líquida. Na conta ROL estão os resultados das vendas e dos serviços
da empresa.
Sempre
que a variação percentual do LAJIR resultante de uma variação
percentual nas vendas é maior do que a variação percentual das
vendas, ocorre alavancagem operacional. Isso significa que, sempre
que o GAO é maior que um, há alavancagem operacional (GITMAN, 2000,
p. 435).
E
apenas para finalizar esse grau de alavancagem podemos afirmar que o
mínimo para que a empresa venha a ter um resultado satisfatório
deve ser de 1,00, abaixo disso não compensa para a empresa, pois
definitivamente ela não conseguiria aproveitar cem por cento de suas
receitas.
Até
o momento vimos que embora uma empresa possa vender muito, em
decorrência de seus custos podemos não obter um lucro operacional
tão elevado. No nosso exemplo, a empresa havia aumentado seus
resultados tanto na parte das receitas líquidas quanto no lucro
antes dos juros e do imposto de renda, mas o aumento no faturamento
não foi contínuo, com perdas operacionais.
Sob
a ótica da Alavancagem financeira, por outro lado, avalia-se a parte
seguinte dos grupos da Demonstração de Resultados, mais
precisamente, da relação existente entre os aumentos do lucro por
ações e do lucro antes dos juros e do imposto de renda. Segundo
Gitman (2000):
A
alavancagem financeira resulta da presença de custos financeiros
fixos na estrutura de resultado da empresa. Por meio da estrutura
proporcionada pela tabela anterior, podemos definir a alavancagem
financeira como o uso de custos financeiros fixos para ampliar os
efeitos de variações do lucro antes dos juros e imposto de renda
sobre o lucro por ação. Os dois custos financeiros fixos que podem
ser encontrados na demonstração de resultados são os juros de
dívidas e os dividendos de ações preferenciais. Esses encargos
devem ser pagos, qualquer que seja o montante de LAJIR disponível
para saldá-los (GITMAN, 2000, p. 441).
A
alavancagem financeira proporciona ao gestor da empresa saber se a
empresa está ou não perdendo dinheiro com encargos financeiros
(custos fixos financeiros) e com o imposto de renda, que por sua vez,
afetam o resultado por ação de capital dos sócios e acionistas.
Disso temos o Grau de Alavancagem Financeira – GAF – explicado a
seguir por Gitman (2000), “O grau de alavancagem financeira (GAF) é
o valor numérico da alavancagem financeira da empresa.
Seu
cálculo é muito parecido com o do grau de alavancagem
operacional... a seguinte equação apresenta um enfoque à obtenção
do GAF” (GITMAN, 2000, p. 441).
O
grau de alavancagem financeira é obtido quando estabelecemos a
relação entre a variação do lucro por ação LPA com o lucro
antes dos juros e do imposto de renda LAJIR. No nosso exemplo, o LPA
em 2005 era de R$ 1,16, ao passo que ano seguinte passou a R$ 1,18,
um aumento de 1,68%.
E
como já destacamos anteriormente a variação do LAJIR, de 9,37, nós
já podemos atribuir essas variações à equação do GAF, a saber:
O
raciocínio é semelhante ao que aplicamos na fórmula do GAO. Assim,
entende-se que se o aumento do lucro por ação for inferior ao
aumento do resultado do lucro antes dos juros e imposto de renda
teremos um resultado desfavorável. Vale lembrar aqui que entre o
LAJIR e o LPA há as despesas com os juros dos empréstimos tomados e
o imposto de renda. Só depois disso é possível definir o valor do
resultado da organização, isto é, do lucro líquido do exercício.
Resumidamente podemos entender que para cada aumento de R$1,00 no
LAJIR apenas poderemos esperar um aumento de apenas R$0,18 no lucro
por ação e logicamente esse resultado é desfavorável para a
empresa. Para completar essa conclusão lançamos mão mais uma
vez da obra de Gitman (2000):
O
aspecto mais importante a destacar, quando se usa a análise LAJIR –
LPA, é o fato de que essa técnica tende a se concentrar na
maximização do lucro e não da riqueza do proprietário. O uso de
um enfoque que visa à maximização do LPA ignora o risco de maneira
geral. Se os investidores não exigissem prêmios por risco (retornos
adicionais) à medida que a empresa aumentasse a proporção de
capital de terceiros em sua estrutura de capital, uma estratégia
envolvendo a maximização do LPA também maximizaria a riqueza dos
proprietários. Mas, como prêmios por risco aumentam com elevações
da alavancagem financeira, a maximização do LPA não assegura o
retorno (LPA) e o risco (por meio do retorno exigido) em um esquema
de avaliação compatível com a teoria de estrutura de capital
anteriormente exposta (GITMAN, 2000, p. 469).
Para
efeitos didáticos apenas consideraremos um resultado satisfatório
(sem perdas) quando o grau de alavancagem for igual ou superior a
1,00. No que tange ainda a relação LAJIR e LPA podemos apresentar
mais algumas considerações, conforme Gitman (2000), “Quando se
interpreta a análise LAJIR – LPA, é importante considerar o risco
de cada alternativa de estrutura de capital.
Graficamente,
esse risco pode ser encarado em termos de duas medidas: o ponto de
equilíbrio financeiro e o grau de alavancagem financeira: quanto
mais alto o ponto de equilíbrio financeiro e mais inclinado à linha
de estrutura de capital, maior o risco financeiro. Uma avaliação
adicional do risco pode ser feita com a utilização de índices.
Conforme
aumenta a alavancagem financeira (medida pelo índice de
endividamento), e espera-se uma queda correspondente da capacidade da
empresa de fazer os pagamentos de juros programados (medida pelo
índice de cobertura de juros) (GITMAN, 2000, p. 469). Em sua
observação Gitman toca em dois assuntos muito importantes
referentes à Análise do LAJIR – LPA quanto aos riscos eminentes
da escolha desta ou daquela estrutura de capital.
Vimos
em Planejamento Financeiro e Orçamento que o grande gargalo para a
administração da empresa é o capital de giro, que por ser de curto
prazo apresenta menos tempo para ser criado ou pago. Na gestão
financeira de capital e de investimentos de longo prazo, por outro
lado nosso foco como gargalo e fonte de risco deixa de ser o capital
de giro e passa a ser a alternativa da estrutura de capital da
empresa.
Ao
observar uma demonstração do Resultado do Exercício de dois anos
consecutivos, com suas variações percentuais, verifica-se
claramente que os graus de alavancagem operacional e financeira podem
ser combinados em um único índice, capaz de agregar em sua relação
os grupos desde as receitas líquidas totais até o resultado por
ação da organização. Essa combinação forma o grau de
Alavancagem Total, que segundo nos explica Gitman (2000):
Também
podemos avaliar o efeito combinado da alavancagem operacional e da
alavancagem financeira sobre o risco da empresa usando um enfoque
semelhante ao empregado para desenvolver os conceitos individuais de
alavancagem. Esse efeito combinado, ou alavancagem total, pode ser
definido como o uso de custos fixos, tanto operacionais quanto
financeiros, para ampliar o efeito de variações do faturamento
sobre o lucro por ação da empresa. A alavancagem total pode ser
vista, portanto, como o impacto total dos custos fixos presentes em
sua estrutura operacional e financeira (GITMAN, 2000, p. 443).
Como
foi indicado anteriormente, o grau de alavancagem total (GAT)
relaciona um espaço maior entre os grupos de contas da demonstração
de resultados. Em nome, diz-se que esse indicador de alavancagem
busca estabelecer o tamanho da eficiência ou deficiência tanto
operacional quanto financeira, uma vez que agrega seus conceitos.
Deste
modo, como nos ensina Gitman (2000), quanto ao Grau de Alavancagem
Total “reflete o impacto combinado das alavancagens operacional e
financeiro na empresa. Graus elevados de alavancagem operacional e
financeira fazem com que a alavancagem total seja alta. O contrário
também é verdade.
A
relação entre alavancagem operacional e financeira é
multiplicativa, e não aditiva. A relação entre o grau de
alavancagem total (GAT) e os graus de alavancagem operacional (GAO) e
financeira (GAF) é data pela multiplicação de GAO por GAF”
(GITMAN, 2000, p. 444). O grau de alavancagem total então, pelo que
foi apresentado, é obtido relacionando-se a variação nas receitas
operacionais líquidas da empresa contra o lucro líquido por ação
de capital. Tem-se com isso a seguinte fórmula para o GAT:
E
ainda utilizando as explicações de Gitman (2000), “Sempre que a
variação percentual do LPA resultante de uma variação percentual
das vendas e maior que essa variação, há alavancagem total. Isso
quer dizer que, enquanto o GAT for maior que um, ocorrerá
alavancagem total” (GITMAN, 2000, p. 443).
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