O
Ponto de Equilíbrio ou Ponto de Ruptura nasce da conjugação dos
Custos Totais, que “numa economia de mercado, têm uma
representação macroeconômica também não linear, isto é, para um
mercado como um todo [...] tende a haver uma inclinação para menos,
já que cada unidade tenderia a ser capaz de produzir menor receita
[MARTINS, 1990]”. Para uma única empresa é quase certo que isso
não ocorra, uma vez que o seu preço é fixado por produto,
influenciando na receita total e gerando de fato, uma representação
de fato linear.
Mas antes, Dê uma olhada no último post desta série:
https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/05/como-definir-margem-de-contribuicao-e.htmlhttps://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/06/vamos-calcular-margem-de-contribuicao.html
https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/06/valores-que-integram-o-calculo-da.html
https://essenzialeprime.blogspot.com.br/2016/06/relacao-custo-volume-lucro.html
Quando
a empresa está na faixa de mais custos e despesas do que de receitas
está tendo prejuízo. Sendo também que o contrário é verdadeiro:
se está acima apresenta lucro. Supondo que uma empresa apresente os
seguintes dados [MARTINS, 1990]:
DADOS | VALORES |
Preço de Venda | R$ 500,00/unidade |
Custos e Despesas Variáveis | R$ 350,00/unidade |
Custos e Despesas Fixos | R$ 600.000,00/unidade |
A
empresa obterá o equilíbrio entre as despesas e custos e a sua
receita (ou seja, lucro = zero) quando ocorrer à igualdade:
E
seguindo a sentença com a adição de valores tem-se que:
E
concluindo, esta é a fórmula Ponto de Equilíbrio:
O
número encontrado na fórmula acima representa o número total que a
empresa deve vender desse seu produto para não apresentar nem lucro
e nem prejuízo; e caso a empresa queira saber o mesmo resultado em
reais (dinheiro) bastaria fazer a seguinte multiplicação:
E
apenas para comprovar o resultado:
Receita total de Vendas | R$ 2.000.000,00 |
(-) Custos e Despesas Variáveis Totais | R$ 1.400.000,00 |
(=) Margem de Contribuição | R$ 600.000,00 |
(-) Custos e Despesas Fixos Totais | R$ 600.000,00 |
(=) lucro | R$ 0,00 |
A
partir do momento que a empresa produza e venda no mínimo mais uma
unidade de seu produto já obterá lucro igual à sua Margem de
contribuição unitária:
Receita total de Vendas | R$ 2.000.500,00 |
(-) Custos e Despesas Variáveis Totais | R$ 1.400.350,00 |
(=) Margem de Contribuição | R$ 600.150,00 |
(-) Custos e Despesas Fixos Totais | R$ 600.000,00 |
(=) lucro | R$ 150,00 |
Assim
sendo, para que a empresa possa saber o número de produtos que deve
vender a acima do ponto de equilíbrio basta para obter um
determinado lucro, basta multiplicar a margem de contribuição
unitária pelo número de produtos. Por exemplo, para uma produção
a mais de 1.600 unidades ter-se-ia:
Lucro de R$ 240.000,00
=
|
1600
|
Unidades | |
Receita | R$ 2.800.000,00 | ||
(-) CV | R$ (1.960.000,00) | ||
(=) MC | R$ 840.000,00 | ||
(-) CF | R$ (600.000,00) | ||
(=) Lucro | R$ 240.000,00 |
Viu-se
que o ponto de equilíbrio é o indicador de lucro zero da empresa,
mas dependendo da ótica utilizada e dos objetivos do empresário, o
resultado neutro encontrado no Ponto de Equilíbrio pode ser negativo
ou positivo. Para exemplificar melhor tomamos mais uma vez dos
trabalhos de Martins (1990: 232-234):
Se
uma empresa tem as seguintes características:
Custos + despesas variáveis | R$ 6.000 por unidade |
Custos mais despesas fixos | R$ 4.000.000 por ano |
Preço de venda | R$ 8.000 por unidade |
Sabemos
que seu Ponto de Equilíbrio será obtido quando a soma das margens
de contribuição (R$ 2.000/unidades) totalizar o montante suficiente
para cobrir todos os Custos e Despesas Fixos; esse é o ponto em que
contabilmente não haveria nem lucro e nem prejuízo (supondo
produção igual à venda). Logo, esse é o Ponto de Equilíbrio
Contábil (PEC):
Com
isso tem-se a fórmula do Ponto de Equilíbrio Contábil:
Como
se nota na fórmula, o Ponto de Equilíbrio Contábil é igual ao
Ponto de Equilíbrio e deve a isso utilizar apenas a ótica do lucro,
sem levar em conta as despesas que não geram desembolso de caixa e o
capital investido ou o custo de oportunidade. Segue abaixo o
complemento proposto por Martins (1990):
Supondo
que essa empresa tenha tido um Patrimônio Líquido no início do ano
de R$ 10.000.000,00 e se foram colocados para render em10% ao ano,
temos um lucro mínimo desejado anual de R$ 1.000.000. Assim, se essa
taxa for à de juros no mercado, concluímos que o verdadeiro lucro
da atividade será obtido quando contabilmente o resultado for
superior a esse retorno. Logo, haverá um ponto de equilíbrio
econômico (PEE) quando houver um lucro contábil de R$ 1.000.000
(MARTINS 1990).
E
com base na explicação de Eliseu Martins tem-se a seguinte fórmula
do PEE, levando em consideração o lucro desejado como remuneração
do investimento incluso no equilíbrio entre os ganhos e as perdas:
Logo,
o Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) será obtido no momento em
que a somatória das Margens de Contribuição totalizar o montante
de R$ 5.000.000, o que fará com que após a dedução dos Custos e
Despesas Fixos de R$ 4.000.000 ainda sobre o lucro contábil
(desejado) de R$ 1.000.000. Assim temos:
Com
esse resultado pode-se dizer que se a empresa produzir e vender de
duas mil a duas mil e quinhentas unidades por ano obterá lucro zero,
do ponto de vista do PEC, mas, mesmo assim, perderá (prejuízo), ema
vez que não conseguiu recuperar juro do capital próprio investido.
E,
novamente voltando às explicações de Martins (1990: 233) temos:
Por
outro lado, o Resultado Contábil e Econômico não é coincidente,
necessariamente, com o Resultado Financeiro. Por exemplo, se dentro
dos Custos e Despesas Fixos de R$ 4.000.000 existir uma Depreciação
de R$ 800.000, sabemos que essa importância não representará
desembolso de caixa.
Desta
forma, os desembolsos fixos serão de R$ 3.200.000/ano; portanto, o
Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) será obtido quando
conseguirmos obter uma Margem de Contribuição Total nessa
importância (MARTINS 1990):
E
assim, temos o seguinte resultado:
Como
resultado, se a empresa estiver vendendo e obtendo um faturamento
total de R$ 12.800.000 (1.600 unidades por ano vezes o preço de
venda de R$ 8.000 por unidade), equilibrando-se financeiramente, mas
ainda com prejuízo contábil de R$ 800.000, uma vez que excluirá
uma parcela de seu ativo com a depreciação. Além disso, também
perderá R$ 1.000 de retorno dos investimentos, com prejuízo total
de R$ 1.800,00.
E
caso o volume de vendas fosse de 2.200 unidades ter-se-ia o seguinte:
PE
|
Quantidade
|
2.200 unidades
|
MC unitária
|
Resultado
|
|
PEC
|
2.000,00
|
200,00
|
R$ 2.000
|
R$ 400.000
|
De lucro |
PEE
|
2.500,00
|
(300,00)
|
R$ 2.000
|
R$ (600.000)
|
De prejuízo |
PEF
|
1.600,00
|
600,00
|
R$ 2.000
|
R$ 1.200.000
|
De lucro |
Segundo
o quadro é possível fazer as seguintes inferências:
-
Da ótica do Ponto de Equilíbrio Contábil ao vender 2.000 unidades do produto à empresa consegue igualar os custos às receitas (lucro zero); sendo que com a venda de apenas 200 unidades a mais obteria o lucro de R$ 400.000.
-
Mas do método do Ponto de Equilíbrio Econômico, a empresa precisaria de 2.500 unidades para não ter nem lucro e nem prejuízo, além de que uma redução em 300 unidades causaria a esta resultado negativo de R$ 600.000.
-
E por outro lado, pelo Ponto de Equilíbrio Financeiro a empresa com a menor quantidade produzida e vendida (1.600) já teria resultado neutro, sendo que, um aumento de 600 unidades causaria o superávit de R$ 1.200.000.
Como
resume Martins (1990: 233) haveria em ‘Caixa’ uma sobra de R$
1.200.000/ano, que significariam, contabilmente, lucro de R$ 400.000,
já que R$ 800.000 seria a recomposição no Ativo da parte perdida
no Imobilizado, mas essa sobra de R$ 400.000 é de R$ 600.000,
inferior ao mínimo desejado de R$ 1.000.000.
Bibliografia
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1990.
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