Qualquer
profissional de administração ou de Ciências Contábeis gostaria
de ter no currículo anos de experiência nas gigantes sociedades
econômicas que têm domínio sobre o mercado. Seus conhecimentos
ganham credibilidade e seu trabalho acaba impondo respeito e muito
valor. As grandes corporações são alvos dos estudos mais
avançadas e tornam-se modelos para os concorrentes.
Das
técnicas de mensuração do custo tais como o custeio variável,
absorção e ABC às ferramentas de gestão e análise como o
EVA foram desenvolvidas com base nestas grandes empresas - e para
estas empresas. Os procedimentos de auditorias externas existem para
as S/As com ações nas bolsas de valores, detentoras de
consideráveis volumes de recursos.
A
contabilização de diferido de desenvolvimento de novas tecnologias
só ocorre nas grandes organizações. E até mesmo os escândalos
financeiros somente ganham destaque se a referida organização
tiver peso na economia, como ocorreu com a Enron.
E até
alguns escritórios de contabilidades preferem empresas de médio
porte para cima, pois julgam que as empresas micro e pequenas são
mais suscetíveis de não honrar suas dívidas e já vem com
histórico desorganizado, o que dava mais trabalho para a
escrituração. Contudo estes pequenos negócios não deixam de
ter importância.
Apesar de
não ser o foco da economia representam quase a totalidade das
empresas do País, 67% das pessoas ocupadas, 62% das empresas
exportadoras, e 20% do PIB. Conforme o SEBRAE esses dados
mostram que a renda nacional tem relação direta com o número
destas empresas. São 56% dos empregados com carteira assinada nas
micro e pequenas empresas, logo, mais da metade dos assalariados
trabalham fora do foco dos grandes estudos corporativos.
Não
desenvolvem as tecnologias mais avançadas nem mesmo são
responsáveis pelo maior parcela de nossas exportações, mas,
trabalham na base do consumo: produzem em baixas escalas, com preços
unitários baixos e atendem o consumidor final. Não é o preferido
da economia e do mercado, mas é o contexto em que está o
Brasil e que também precisa de estímulos e aceita estudos para
melhorar.
Assim como
qualquer pessoa física uma pessoa jurídica, tal como uma empresa,
para ser reconhecida de direito deve providenciar a sua certidão
de nascimento. Os empreendedores pais de uma pequena ideia de
atividade mercantil procuram esta certidão pelo contrato social ou
se for apenas um individual, a declaração de firma individual.
Uma pequena empresa pode ser constituída juridicamente por
firma individual ou de responsabilidade limitada.
Na
primeira hipótese o empresário individual dá seu nome à empresa,
contudo não deve confundir seu patrimônio com o patrimônio da
empresa, o que iria ferir o princípio contábil da Entidade.
Geralmente o dinheiro do caixa é retirado para cobrir os problemas
individuais de seu proprietário, o que enfraquece o controle
sobre os recursos e gastos e consequentemente leva a morte do
negócio.
Esse
fracasso é ruim para qualquer empresário, ninguém gostaria de ver
o sonho ruir, principalmente se este for de um empresário
individual. E por que razão este é o mais prejudicado? Não é que
na segunda hipótese o empresário também não acabe perdendo o
sono, mas acontece que na empresa de um único empresário há a
responsabilidade ilimitada deste em honrar suas dividas perante
seus fornecedores, seja o motivo da falência doloso ou não. Vamos
entender isso melhor.
Por que
numa limitada isso não ocorre? A resposta é que pode ocorrer que
seus fundadores também sejam responsabilizados integralmente,
porém, apenas o serão caso seja constada culpa na falência por
parte deles. Por exemplo, descobriu-se que a empresa Alfa falsificava
notas fiscais para pagar menos imposto e ao ser descoberta foi
obrigada a pagar pelo crime, o que a levou a fechar as portas e
deixar uma considerável dívida à empresa Beta, a sua fornecedora.
Todos os recursos disponíveis seriam usados para a quitação da
divida, inclusive os bens dos sócios. Todavia, se a empresa
Alfa falisse por incompetência isso não aconteceria.
A natureza
jurídica da entidade favorece os sócios nesse último problema, ao
passo que na firmar individual, de responsabilidade ilimitada, a Lei
é mais rígida e com culpa ou sem todos os recursos do próprio
empresário ficam comprometidos se o caixa for insuficiente para
pagar seus credores.
Para o
SEBRAE a classificação de uma empresa em micro, pequena, média ou
grande depende basicamente do número de funcionários (porte).
Micro e pequenas empresas por esta metodologia restringem-se até
49 empregados no comércio e serviços e 99 empregados na indústria.
Para o Fisco o critério é o faturamento. Segundo a Lei
Complementar nº. 123, de 14 de dezembro de 2006, capítulo II,
artigo 3º, entende-se por microempresa a que consegue em cada
ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00,
sendo classificado como empresa de pequeno porte caso supere
este patamar e não ultrapasse o total de R$ 2.400.000.
Independente
da forma como classificamos a empresa devemos ter em mente que
qualquer uma pode fechar suas portas caso não saiba gerir bem o lado
financeiro. Pesquisa do SEBRAE indica que o micro e pequeno
empresário e até mesmo médio e grande acabam perdendo o controle
do empreendimento quando tratam os recursos financeiros da
organização como o faz com as finanças da família.
Consideremos
um individuo comum que prefere manter distância do mundo dos juros,
taxas e empréstimos, mantêm seus gastos moderadamente controlados e
que consume vez ou outro mais do que ganha. Um dia deixa o emprego e
com o FGTS abre o próprio negocio, mas continua distante da
matemática financeira. No final não sabe como empregar os recursos,
aceita qualquer oferta sem estudos e fica endividado, o que o leva a
retirar recursos da empresa para resolver problemas pessoais.
Consequentemente o sonho acaba em menos de 5 anos.
Diferentemente
de países mais desenvolvidos, onde a educação empreendedora é
cultural, no Brasil a geração de uma empresa surge por necessidade
e com falha. O individuo tem vontade de ver o seu projeto render,
contudo não se prepara para os problemas que encontrara no caminho.
Em decorrência da falta de um completo plano de negócios o
empresário despreparado se lança no mercado sem conhecer as
armadilhas do crédito, os concorrentes, e os produtos e serviços
mais procurados. Nem faz investimentos e vai ao gosto popular do
“guarda dinheiro no dia que sobrar”. Não sobra.
O grande
obstáculo para o empresário pode ser resumido como a sua
mentalidade fechada: não guarda dinheiro, pois não se contenta com
o retorno baixo, persiste em ter a estratégia escrita somente da
cabeça e falta de apoio. Qual banco aceitava emprestar capital ao
empresário conhecido por envolver os problemas pessoais
no trabalho ou mesmo de insistir em ofertas do que não é
procurado, no momento errado e em local desconhecido. E da mesma
forma não adianta obter recursos e administrá-los da pior maneira
possível.
Podemos
imaginar como exemplo o padeiro que faz bolo e vende a vinte e quatro
reais com oito pedaços e também pode vender cada pedaço a dois
reais e cinquenta centavos (o cliente poderá simplesmente
compra oito pedaços separados e pagar R$ 20,00 e sai ganhando quatro
reais). É pura falta de preparo. Como resultado, há segundo o
SEBRAE, o total de 60% das micro e pequenas empresas que fecham as
portas antes de completar cinco anos de funcionamento.
Em duas
pesquisas realizadas nos períodos de 1990 a 2000 e de 2002 a 2003
percebe-se que os hábitos causados do mau funcionamento de declínio
do empreendimento continuaram dedica pouco tempo para a empresa e
mantém deteriorada a direção entre o que é o dinheiro do
empresário e o da empresa. Chegam ao ponto de considerar o
faturamento e não o lucro da empresa como se fosse o salário, livre
para o direito do proprietário em itens supérfluos.
Na
pesquisa realizada pelo departamento de administração da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) verificou-se que é
indispensável à capacitação técnica do empresário em
importantes aspectos do negócio. É raro, por exemplo, que o
micro e pequena empresa tinham conhecimento de custo e formação de
preso. Acaba assim criando o preço que julga melhor e não levam em
consideração os gastos incorridos tampouco se vai conseguir se
igualar ao concorrente, formar caixa e ampliar o negócio.
Não leva
em conta a existência, inclusive, de ciclos operacionais, prazos a
serem compridos e o capital necessário para se manter, que veremos a
seguir.
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