Conceitos e dimensões do BSC
A
globalização significa o aumento da concorrência internacional e
mudanças rápidas de tecnologia, exige das empresas que planejem as
suas atividades com muita antecedência e em longo prazo. Então
surgiram nos anos 90 as ferramentas de planejamento estratégico, que
entre as quais daremos destaque ao Balanced Scorecard (BSC), muito
utilizado pela controladoria.
O
controlador da empresa deve saber utilizar em seus trabalhos as mais
modernas ferramentas de gestão, tais como o Balanced Scorecard –
BSC. Segundo explica a Symnetics1:
Este
é o nome de uma metodologia voltada à gestão estratégica das
empresas. O porquê de “Indicadores Balanceados”? Essa
metodologia pressupõe que a escolha dos indicadores para a gestão
de uma empresa não deve se restringir a informações econômicas ou
financeiras. Assim como não é possível realizar um vôo seguro
baseando-se apenas no velocímetro de um avião, indicadores
financeiros não são suficientes para garantir que a empresa está
caminhando na direção correta. É necessário monitorar, juntamente
com os resultados econômico-financeiros, desempenhos de mercado
junto aos clientes, desempenhos dos processos internos e pessoais,
inovações e tecnologia. Isto porque, a somatória das pessoas,
tecnologias, inovações, se bem aplicada aos processos internos das
empresas, alavancarão o desempenho esperado no mercado junto aos
clientes e trarão à empresa os resultados financeiros esperados.
Isto é o que se chama de “gerar valor com ativos intangíveis”
(SYMNETICS, 2003).
Como
explica o trecho acima, BSC vem da expressão inglesa Balanced
Scorecard, que equivale a indicadores balanceados ou equilibrados.
São indicadores de planejamento que estão em equilíbrio. O BSC
trata-se de uma ferramenta para planejamento de longo prazo que foi
desenvolvida por professores americanos em um estudo que mostrava
onde as empresas americanas estavam errando na implantação de suas
estratégias.
Trata-se
de indicador equilibrado porque quando se planeja algo para a
organização se deve fazê-lo a médio e longo prazo. Foi descoberto
que cada uma das empresas testadas planejava as ações futuras e não
reportavam as decisões ao departamento financeiro: equilibrado
significa fazer um planejamento integrado entre todas as áreas, em
conjunto.
E como
conclui Lima (2006) sobre a conceituação do BSC:
Assim
concluímos que o Balanced Scorecard é um modelo de gestão de
desempenho que coloca a estratégia no centro do processo, ou seja, o
BSC é utilizado para produzir, comunicar, programar e gerenciar a
estratégia, acompanhando sua execução e a testando se a hipótese
formulada é ou não eficaz (LIMA, 2006).
E,
portanto os indicadores balanceados equilibram a estratégia nas
quatro dimensões da empresa em longo prazo, permitindo assim as
condições: uso da dimensão financeira para trabalhar
em como a empresa mostra-se para o acionista; utilização da
dimensão de processos para responder quais processos e
negócios nos quais a empresa deve ter excelência para satisfazer
acionistas e mercado; uso da dimensão de aprendizado e
crescimento para responder às questões ligadas á visão de
futuro e a dimensão de mercado para conduzir a empresa sobre
a forma de como deve se apresentar e como se mostra ao mercado (SYMNETICS, 2003).
Ferramentas do BSC
Desde a
sua criação pelos professores da escola de negócios da Harvard um
percentual considerável de empresas vem utilizado essa ferramenta,
como explica a Symnetics (2003):
O
BSC foi originalmente criado pelos Professores da Harvard Business
School, Robert Kaplan e David Norton em 1992, e desde então, vem
sendo aplicado com sucesso no mundo inteiro em centenas de
organizações do setor privado, público e em organizações não
governamentais. Pesquisas recentes indicam que cerca de 50% das
empresas da lista Fortune 1000 estão utilizando o Balanced Scorecard
nos EUA, e na Europa, entre 40% e 45% (SYMNETICS, 2003).
No BSC
deve ser elaborado o chamado Mapa Estratégico que segundo a
Symnetics (2003) é dividido em quatro dimensões:
Em
um projeto BSC, deve ser elaborado um Mapa Estratégico, que descreva
de forma clara a Estratégia através de objetivos vinculados entre
si e distribuídos nas 4 dimensões. Cada objetivo terá de 1 a 2
indicadores associados, com metas e planos de ação a ele vinculados
(SYMNETICS, 2003).
No final
dos anos 80 e começo da década de 90, Robert Kaplan pesquisou um
conjunto de empresas norte-americanas e viu que no planejamento
estratégico há uma serie de barreiras e que os setores das empresas
eram isolados demais do resto das empresas. Em decorrência disso, as
empresas não estavam completamente voltadas e preparadas para a
implantação plena da estratégia e no final, ocorriam problemas.
Uma
pesquisa conduzida pela Balanced Scorecard Collaborative aponta que
nove a cada dez companhias falham ao implantarem a estratégia, e
resume em quatro grandes barreiras as principais razões para isto.
Objetivos do BSC
O BSC faz
planejamento estratégico de longo prazo. Neste a empresa vislumbra
como ela quer estar daqui a alguns anos, seja referente ao lucro, à
sua posição no mercado. Dentro de um planejamento estratégico se
faz o planejamento operacional, mais detalhado e para a tomada de
ações imediatas referente às atividades da empresa.
Como
conclui a Symnetics (2003) sobre o que já foi feito sobre essa
ferramenta estratégica da controladoria:
O
BSC, portanto, a partir de uma visão integrada e balanceada da
empresa, permite descrever a estratégia de forma clara, através de
objetivos estratégicos em 4 perspectivas (financeira, mercadológica,
processos internos e aprendizado & inovação), sendo todos eles
relacionados entre si através de uma relação de causa e efeito.
Além disso, o BSC promove o alinhamento dos objetivos estratégicos
com indicadores de desempenho, metas e planos de ação. Desta
maneira, é possível gerenciara a estratégia de forma integrada e
garantir que os esforços da organização estejam direcionados para
a estratégia (SYMNETICS, 2003).
Mas o que
vem a ser orientar a organização à estratégia? Segundo explica a
Symnetics (2003):
A
“Organização orientada para a estratégia”, essência do BSC,
pressupõe alinhamento e foco de toda a organização no alcance da
estratégia. Isto é o que existe de comum entre as centenas de
empresas que programaram o BSC ((SYMNETICS, 2003).
E como
conclui Lima (2006) sobre o objetivo e meta do Balanced Scorecard:
O
BSC garante que o comprometimento com o longo prazo seja mantido, ao
mesmo tempo em que permite monitorar o andamento de projetos, e até
mesmo o alinhamento de algumas ações do dia-a-dia que suportem esta
visão, não descuidando dos processos críticos que garantam a
sustentabilidade no curto e médio prazo ((SYMNETICS, 2003).
Princípios do BSC
A cerca do
Balanced Scorecard, segundo a opinião de Lima (2006):
Ao
tornar claro qual é a grande ambição da Companhia, qual o caminho
a ser seguido para alcançá-la e como cada funcionário pode
colaborar no seu dia-a-dia para tal, o BSC tende de uma forma
extremamente simples e eficaz, à demanda de fazer com que
estratégias sejam realmente executadas. Esta clareza também
capacita e motiva os colaboradores a contribuir de forma pró-ativa,
visto que, compreendendo o todo e tendo um direcionador consistente,
podem utilizar todo seu conhecimento tático / operacional para
apontar oportunidades de melhorias não identificadas pela liderança,
afina, a estratégia é formulada no topo e executada na base (LIMA, 2006).
E aqui
cabe ainda a seguinte explanação sobre os cinco princípios
gerenciais na aplicação do BSC, segundo Lima (2006):
Mobilizar
a Mudança por meio da liderança executiva;
Traduzir
a estratégia em termos operacionais;
Alinhar
a organização à estratégia;
Transformar
a estratégia em tarefa de todos e
Converter
a estratégia em processo contínuo (LIMA, 2006).
Os cinco
princípios fundamentais do BSC também são explicados abaixo por
Coutinho (2004):
Mobilizar
a liderança: participação ativa e visível da equipe
executiva. Orientar uma organização à estratégia deve ser
encarado como um processo de mudança cultural. Inicialmente, os
líderes devem mobilizar a organização a fim de criar o momento
adequado para iniciar o processo. O emprego da persistência e do
senso comum deve motivar as pessoas em torno da estratégia.
Traduzir
a estratégia: descrever a estratégia, alcançar a clareza da
estratégia através de mapas estratégicos, indicadores, metas e
projetos para que todas as pessoas possam compreendê-la e possuir um
processo de aplicação e gestão da estratégia;
Alinhar
a organização e os processos à estratégia: o desdobramento da
estratégia para a organização (unidades de negócio e de suporte),
o alinhamento dos processos à estratégia através dos fatores
críticos de sucesso e até mesmo para além fronteiras da
organização (joint ventures, fornecedores e parceiros);
Motivar
e fazer da estratégia em tarefa de todos: educar, conscientizar
e reforçar comportamentos das pessoas na direção da estratégia;
Fazer
da estratégia um processo contínuo: a gestão estratégica
depende da capacidade da organização de revisar e ajustar
continuamente suas hipóteses e projetos estratégicos. Avaliar o
avanço na aplicação da estratégia e incorporar estratégias
emergentes e mudanças ambientais neste processo. O sistema deve
enfatizar o diálogo e a responsabilidade compartilhada da equipe
executiva (COUTINHO, 2004).
Estratégia
Estratégia
é uma palavra muito comum entre jogadores e esportistas. Diz-se em
criar uma estratégia para derrubar a defesa do adversário e vencer
o jogo. Nos meios empresariais não é muito diferente.
Suponha que
você tem uma empresa que fabrica brinquedos e que tenha um
concorrente direto. Se o concorrente cria brinquedo melhores, mais
moderno, sofisticado ou com melhor qualidade e naturalmente, obtém
mais lucro, você deve se adequar, vendo o que o mercado prefere e
voltar a ganhar espaço surgem às perguntas? O que vender? Quanto?
Para quem? Onde? E por que preço? Naturalmente, se você realmente
quiser manter o negócio deverá ter que solucionar estas questões e
formular planos, de longo prazo e operacionais, bem como tomar
decisões que afetarão a situação financeira da empresa no futuro.
É a
estratégia o plano que sua empresa criará e desenvolverá, pondo-a
em prática e coordenando e verificando sua eficácia ao longo de
períodos definidos. A estratégia é a ponte que liga a empresa de
hoje ao cenário futuro e positivo que seus proprietários esperam. É
possível também fazer a definição de um mapa estratégico que
contenha as quatro perspectivas dos objetivos estratégicos, que
conforme explica Lima (2006):
Para
de fato levar a estratégia à ação, após a definição de
objetivos e respectivos indicadores fossem claros, surgiram então os
objetivos estratégicos, que foram dispostos ao longo das 4
perspectivas e ligados por relações de causa e efeito que deixavam
claro como investimentos em infraestrutura, e até mesmo em melhoria
de clima organizacional poderiam gerar maior valor ao acionista. A
este diagrama formado pelo conjunto de objetivos estratégicos,
dispostos nas 4 perspectivas e ligados por relações de causa e
efeito, dá-se o nome de Mapa Estratégico, que, de uma forma
bastante simples e objetiva descreve a estratégia da organização
(LIMA, 2006).
Segundo
explica Coutinho (2004):
Quanto
maior fora a orientação estratégica de uma organização na busca
pela competitividade, maior a intensidade de projetos (intervenções
estratégicas) e menor a intensidade dos processos (COUTINHO, 2004).
São estes
os quatro movimentos estratégicos quando da implantação da
estratégica nas empresas, segundo Coutinho (2004):
1°
movimento: excelência operacional: caracterizado pela
padronização do fluxo físico e financeiro dos produtos e serviços,
da obsessão pela qualidade total, da reengenharia, da terceirização
de funções não essenciais do negócio, da automação das
transações através dos sistemas de gestão ERP – Enterprise
Resource Planning. O resultado deste movimento é qualidade, menor
custo total e eficiência global do negócio. Processos típicos e
alvos deste movimento são os processos industriais de produção, o
processo de suprimentos, a logística e os processos
administrativo-financeiros. Uma característica deste movimento é o
de longa maturação, a normatização e estabilização dos
processos. As intervenções estratégicas que ocorreram
anteriormente à etapa de estabilização da excelência ocorreram e
ainda ocorrem, na maioria das empresas, pela orientação estratégica
de busca pela eficiência, qualidade e menor custo total dos negócios
(COUTINHO, 2004).
2°
movimento: orientação ao cliente (ou gestão do cliente):
caracterizado por uma sensibilidade maior das organizações à ‘voz
do cliente’, num esforço de compreender as necessidades e
requerimentos dos clientes e propor produtos, serviços, soluções
ou experiências que atendam ou superem as expectativas dos mesmos.
Processos típicos e alvos deste movimento são os processos
comerciais, de marketing, relacionamento, desenvolvimento de
produtos, serviços e assistência técnica, pós-venda, logística,
atendimento ao cliente, entre outros. Uma característica desse
movimento é o de uma maturação inferior dos processos, comparado a
excelência operacional, uma vez que a segmentação e alvo
estratégico dos clientes mudam com o tempo, demandando sempre
intervenções estratégicas novas e originais, por sua vez movidos
pelo ‘Foco do Cliente’ (meu sucesso é o sucesso mensurado pelos
indicadores de desempenho do cliente) (COUTINHO, 2004).
3°
movimento: inovação: neste movimento, a organização
antecipa-se a seus clientes, desenvolvendo e lançando produtos e
serviços (inovadores) do ponto de vista tecnológico e funcional.
São organizações que, mais do que ouvirem seus clientes, criam as
necessidades e antecipam tendências. Logo, após as primeiras
intervenções estratégicas, empresas posicionadas neste movimento
capturam um valor substancial, até que surjam produtos similares ou
substitutivos no mercado, até que estas mesmas empresas são levadas
a reinventarem seu portfólio de produtos. Por sua vez, a sobrevida
de normatização dos processos neste caso é menor e ocorre,
sobretudo, nos preços de engenharia, marketing e pesquisa e
desenvolvimento, uma vez que os ciclos de novos produtos e serviços
vão provocando rupturas quase que automáticas nos processos de
negócios (COUTINHO, 2004).
4°
movimento: sustentabilidade: ainda que poucas empresas conheçam
e comprovem os benefícios deste movimento, muito se tem investido na
chamada sustentabilidade- a busca por resultados sociais e
ambientais, além do econômico (o chamado Triple Bottom Line),
envolvendo todas as partes interessadas (stakeholders) do período –
acionistas, comunidade, clientes, fornecedores, empregados, governo.
Os processos de negócio influenciados por este movimento são:
segurança, saúde, meio ambiente, regulatório, social e todo
processo de governança e gestão do risco empresarial. O ciclo de
intervenções estratégicas e melhoria contínua dos processos deste
movimento são ainda incertos (COUTINHO, 2004).
Em tempos
atuais, fala-se muito em sustentabilidade no ambiente corporativo.
Mas o que vêm a ser isso? Segue abaixo um trecho da do Relatório
Anual de 2008 da empresa Alpargatas com o referido conceito:
Elas
(iniciativas que vem sendo adotadas pela companhia) primam pela
geração de valor para os acionistas e a sociedade, e contemplam a
visão expressa na Carta da Sustentabilidade: O Desafio da
Inovação, pela qual todas as empresas do Grupo Camargo Corrêa
buscam crescer em harmonia como desenvolvimento das pessoas –
público interno e comunidades – e em equilíbrio com o meio
ambiente ((Cia Alpargatas do Brasil S.A., 2009).
Bibliografia
Cia Alpargatas do Brasil S.A., Relatório Anual de 2008, 2009, http://ri.alpargatas.com.brCOUTINHO, André Ribeiro, Abusca da competitividade empresarial através da gestão estratégica, 2004, www.symnetics.com.br
LIMA, Jayme, O que é o Balanced Escorecard, 2006, www.symnetics.com.br
SYMNETICS - Business Transformation, O que é o Balaced Scorecard, 2003, www.symnetics.com.br
1Symnetics
- Business Transformation . O que é o Balanced Scorecard. 2003.
www.symnetics.com.br (acesso em Abril de 2007)
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