Como vimos
durante a apresentação das diferenças das informações geradas
pela contabilidade tradicional para a gerencial e controladoria, bem
como quando tratamos de assuntos relacionados às boas práticas de
gestão e transparência governança corporativa, para as empresas
continuarem no mercado devem evoluir seus processos. Na visão da
contabilidade gerencial a informação deve promover a tomada de
decisões para a empresa e enquanto isso, o modelo
contábil-financeiro ainda que persista naturalmente o foco gerencial
continuará a se expandir, utilizando-se de novas técnicas e
demandando um novo perfil profissional dos contadores.
Essa
mudança pragmática da contabilidade gerencial para tornar-se mais
útil as empresas neste mundo globalizado gerou movimentos ou também
chamados, eixos de transformação, que nada mais são do que novas
visões sobre os processos e modelos administrativos e gerenciais das
empresas. Segundo explica Martin (2002) são estes os cinco eixos de
transformação:
O
primeiro eixo de transformação, o do valor, diz respeito à busca
de um novo entendimento das organizações empresariais e seus
objetivos.
O
segundo eixo, o estratégico, busca visualizar e modelar os
resultados atuais e futuros de cada empresa a partir das forças
ambientais. Estes dois primeiros eixos visão dar à contabilidade
gerencial a capacidade de diagnostico das condições externas que
são cruciais para cada negocia.
O
terceiro eixo, o dos processos, procura constituir uma representação,
mas realística da forma pela qual são articulados os recursos na
formação do valor e gerada os custos.
O
quaro eixo, o dos insumos, se volta à avaliação da mobilização
de recursos feita em cada companhia e busca determinar a sua
importância relativa. Estes dois últimos eixos visam dar à
contabilidade gerencial a capacidade de reconhecer os pontos chaves
de sua produção interna de valor e de seu vital ajustamento às
condições ambientais externas.
O
último eixo, o de mensuração e comunicação, diz respeito à
constituição propriamente dita do quadro geral do desempenho
empresarial. Esse deve incorporar e integrar os levantamentos e
medidas de diferentes naturezas, financeiras e não-financeiras, que
são obtidas com a operação dos outros eixos, e apresentar os
resultados através de análises, propostas e relatórios que sejam
consistentes com as condições ambientais, o quadro interno de
processos e recursos e a natureza das decisões a serem tomadas (MARTIN, 2002).
A figura a
seguir apresenta de forma esquematizada os eixos de transformação
da contabilidade gerencial, proposta por Martin (2002):
A
controladoria começa a transformação dos processos pro meio dos
eixos seguindo as novas tendências que a empresa terá que se
adaptar para continuar atuante no mercado. Para tanto o primeiro eixo
de transformação diz respeito à geração de valor. De que
adiantaria uma empresa produzir e ser incapaz de gerar valor – e o
valor que aqui mencionamos não é somente o lucro. Antes e durante o
ato de produzir, qualquer organização deve exercer constante
acompanhamento sobre o valor que é gerado tanto para os clientes
quanto para os investidores, como explica Martin (2002):
Valor
para os clientes/usuários, que consiste no conjunto de benefícios,
atributos e características de desempenho, que a empresa oferece
através dos seus bens e/ou serviços, pelos quais os compradores,
após a devida avaliação, estão dispostos a pagar o preço de
mercado. E ao mesmo tempo: valor para os investidores/acionistas, que
aplicaram na empresa, compensando-os pelos riscos inerentes ao
empreendimento (MARTIN, 2002).
Assim
temos as duas fórmulas de geração de valor, segundo Nilton Cano
Martin (2002), para os clientes e para os investidores na empresa:
Na
primeira fórmula, a Qualidade representa o total de atributos e
benefícios que os clientes esperam encontrar nos produtos e serviços
oferecidos pelas empresas. Como define Martin (2002) “a empresa
será competitiva se, aos olhos dos seus clientes, seus produtos
tiverem um valor maior do que o de seus concorrentes, o que poderá
ser o resultado, tanto de preços menores, quanto de diferentes ou
mais relevantes benefícios e atributos de qualidade que possam
justificar preços maiores”. O valor para os investidores, por sua
vez, é o resultado da expressão financeira a seguir:
E mais uma
vez recorrendo às explicações de Martin (2002) trabalhamos e
comentamos a alguns pontos importantes da expressão acima:
Uma
empresa é competitiva para seus investidores, isto é, seus
proprietários e demais acionistas, se, ao menor risco possível, for
capaz de cumprir duas condições de remuneração do capital que
investiram. Primeira: éter capacidade de prover, curto prazo, um
retorno superior a media das outras empresas do mesmo ramo de
negócios. Segunda: fazer com que tal retorno, a médio e longo
prazo, seja pelo menos igual à taxa de rentabilidade mínima
esperada pelos investidores, que é o custo do capital próprio. Em
outras palavras, uma empresa deve assegurar um fluxo estável,
sustentável e adequado de retorno aos seus investidores, realizando
um equilíbrio financeiro entre os objetivos de curto e de longo
prazo (MARTIN, 2002).
Dessa
forma temos que a empresa deve, com primeiro eixo de transformação
(e principal, uma vez que dá entrada aos demais), trabalhar para que
seus produtos/serviços gerem valor aos clientes e que seus processos
tragam o retorno mínimo esperado pelos investidores superior a média
no curto prazo e igual à taxa de rentabilidade esperada no médio e
longo prazo. Vejamos a figura a seguir, extraída de Martin (2002):
Não há
como negar que com a globalização e evolução tecnológica dos
processos, as organizações apenas conseguirão se mantiverem
atuantes no mercado se mobilizarem seus recursos em prol da geração
de valor, submetendo-se ao imperativo da competitividade.
Ou seja,
“será tão mais bem-sucedida quanto maior for o valor que produzir
para os clientes e para os investidores e, mais importantes, quanto
maior for o diferencial de valor que obtiver em relação à
concorrência, pois somente assim poderá assegurar a preferência
dos atuais e potenciais clientes e investidores” (MARTIN, 2002).
Não entraremos nos eixos restantes, no entanto fica aqui uma
sugestão de pesquisa, uma vez que qualquer empresário ou
administrador financeiro, contador podem, com estas informações,
trazer inúmeros benefícios para a empresa, seja de qual ramo for.
Bibliografia
MARTIN, 2002:
MARTIN, Nilton Cano, Da contabilidade à controladoria: a evolução
necessária, jan./abr 2002
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