Fundamentos básicos em Economia
Seja em
nosso cotidiano, seja através dos jornais, rádio e televisão,
deparamo-nos com inúmeras questões econômicas, como por exemplo:
Aumento
de preços; Períodos de crise econômica ou de crescimento;
Desemprego; setores que crescem mais do que outros; Diferenças
salariais, dissídios coletivos; Crises no balanço de pagamentos;
Valorização ou desvalorização da taxa de câmbio; Ociosidades em
alguns setores de atividade; Diferença de renda entre as várias
regiões do país; Taxas de juros; Déficit governamental; Elevação
de impostos e taxas públicas [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002]1.
O objetivo
básico da Economia é analisar os problemas econômicos da sociedade
e a partir disso formular soluções para resolvê-las.
A palavra
economia deriva do grego oikonomos (de oikos, casa, e
nomos, lei), que significa a administração de uma casa, ou
do Estado, e pode ser assim definida:
Economia
é a ciência social que estuda como o individuo e as sociedades
decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção
de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias
pessoas e grupos de sociedades, a fim de satisfazer as necessidades
humanas [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002].
Essa
definição contém vários conceitos importantes, que são a base e
o objeto do estudo da Ciência Econômica e que serão detalhamos
mais adiante, que apenas a título de citação seriam: escolha,
escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição. Do
ponto de vista moral as avaliações tanto de produtos quanto de
impactos de políticas podem caminhar em duas direções, Por um
lado, a motivação pode estar na moralidade positiva, legal,
notadamente no que se refere à probidade dos gestores e usuários na
gestão do programa e na apropriação dos seus benefícios.
Exemplo
notório desse tipo de avaliação são as auditorias contábeis,
quer financeiras ou de material. Neste caso a avaliação é
administrativa e legal, situação que não nos interessa neste
trabalho. Por outro lado, a motivação pode estar, não na
moralidade administrativa, mas na moralidade política ou social. Ou
seja, se os propósitos das políticas ou programas são condizentes
com princípios de justiça política e social minimamente aceitos
[FIGUEIREDO &CHEIBUB, 1986]2.
Encontram-se
nesta vertente as políticas ou programas cujos objetivos não vão
além da própria distribuição de bens e serviços, sem preocupação
específica com mudanças. E óbvio que qualquer produto
governamental pode ser visto como pretendendo algum impacto. A
própria reprodução rotineira de alguma coisa pode ser interpretada
como um propósito efetivo de evitar a deterioração de prestação
dos serviços públicos, o que não deixa de ser um impacto. No
entanto, para efeito de classificação conceitual, é perfeitamente
plausível incluirmos nesta categoria aquelas políticas que não
visam uma mudança ou uma alteração em determinada condição
social.
Políticas
de emprego, de absorção escolar, em suma, de atendimento ao público
nos mais variados setores, que buscam atender apenas ao crescimento
vegetativo de demandas decorrentes do crescimento demográfico, não
visam em si nenhuma mudança entre o presente e o futuro [FIGUEIREDO &CHEIBUB, 1986].
Recursos escassos versus necessidades humanas ilimitadas
Todo
produto que tem preço é escasso. Um exemplo é o barril do
petróleo, que varia facilmente de cinco a cinquenta dólares pois, a
sua matéria-prima mundial é escassa, necessário em quase tudo. Da
mesma forma é o arroz, recurso natural consumido todos os dias e com
preço altamente variável.
Todo o
produto que é considerado escasso tem um custo de produção,
que envolve todos os investimentos necessários, máquinas, serviços,
mão de obra. Para todos os produtos escassos, que demandam custos de
produção, existem os conjuntos de necessidades.
Para os
estudantes universitários, por exemplo, esse conjunto de
necessidades é composto por livros, cadernos, canetas, tinta para
impressoras entre outras. E essas necessidades são também
ilimitadas, uma vez que acabam acompanhando o indivíduo ao
longo de toda a sua vida. Enquanto o indivíduo estudar dependerá
destes materiais para se manter, e por fim, quando terminar surgirão
outras necessidades. Disso temos o entendimento que são necessidades
humanas ilimitadas (NHI).
Figura
1: Escassez de um produto e sua demanda aumentam seu custo e preço.
Essas
necessidades são derivadas de diferentes fontes, quer seja a
natureza, o trabalho com o investidor, o capital
inicial, diferentes técnicas (tecnologias) e principalmente,
a capacidade de saber administrar todo o conjunto, qualificado como
capacidade empresarial. Esses elementos dão origem aos
chamados fatores de produção.
Esses
recursos são ilimitados, uma vez que são sempre necessários e são
também escassos, formando os chamados recursos escassos (RE).
Os
recursos escassos são os recursos utilizados para o atendimento às
necessidades humanas. São exemplos os rios, que fornecem água e que
geram energia para hidrelétricas; o solo, onde se cultiva o alimento
da sociedade; o petróleo, item básico como matéria-prima para
inúmeros produtos e fonte de energia; todos meios básicos para a
criação dos chamados bens de produção, como pro exemplo, as
máquinas. É muito bem conhecido e comprovado que:
Em
qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são
escassos; contudo, as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre
se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de
produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva
aos vários grupos da sociedade [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002].
Os
recursos escassos por sua vez, suprem as necessidades humanas
ilimitadas. O ser humano sempre vai necessitar de vestuário, se for
estudante vai carecer de livros, canetas, transporte, etc., todos
componentes de imperativos ao longo de toda vida do individuo.
Estes
recursos dependem de critérios como eficiência – como por
exemplo, um ato de eficiência é usar o vento que entra pela janela
para não gastar energia elétrica com o ventilador – e a
otimização, isto é, melhorar a técnica para fazer
bem-feito de uma vez e de primeira, evitando assim os desperdícios e
tempo.
Resumidamente,
temos que o homem tem necessidades que precisam ser sanadas ao longo
de toda a sua vida, logo, são ilimitadas, mas os recurso para a
obtenção dos bens ou serviços são limitados (não vão durar a
vida toda) e ainda têm custos financeiros e de material que serão
empregados. Disso podemos entender que é preciso utilizar os recurso
de forma racional para que as necessidades sejam atendidas e que os
insumos não se esgotem. É nesse ponto que entra em cena a Ciência
Econômica, para estudar os melhores meios de uso, consumo ou gasto
dos recursos de forma eficiente e otimizada.
Então
pode-se concluir que muita gente tem uma ideia errada do que seja de
fato a Economia: não trata-se de como não gastar dinheiro, mas sim,
de como consumir com eficiência e otimização. Um ótimo exemplo no
âmbito pessoal é como o indivíduo trada o próprio salário: se o
faz administrando-o de forma que dure mais, gastando em itens
realmente necessários ou se esbanja sem pensar direito.
No âmbito
coletivo temos a Política Econômica, responsável por fazer
as escolhas de como definir as prioridades entre os Recursos Escassos
contra as Necessidades Humanas Ilimitadas. Um exemplo de uma política
econômica é a transposição das águas do Rio São Francisco, que
tem por objetivo levar a água do rio para as áreas mais secas do
nordeste, criando assim meios para manter a economia desses locais
baseadas nas atividades agrícolas. No entanto, a mudança no rio
interfere no meio ambiente, diminui a vazão das águas em outros
pontos e demanda obras de engenharia milionárias e demoradas.
Conceitos econômicos fundamentais
O primeiro
conceito econômico advém da ideia de que existe uma administração
econômica para manter o equilíbrio enter as necessidades humanas da
comunidade em geral e as opções disponíveis e limitadas de
recursos para o atendimento de tais necessidades. É o sistema.
O Sistema
é a forma de organização para a obtenção dos recursos escassos
para o atendimento das necessidades humanas ilimitadas da população,
dado o limite determinado pelo custo. Concluindo o conceito, tem-se o
Sistema Capitalista como aquele que organiza a obtenção dos
recursos escassos para o atendimento das necessidades humanas
ilimitadas, mas centrado no investimento, elemento gerador de
mercadorias elaboradas pelas fábricas para a exportação,
importação, venda interna ou por serviços.
Os
investimentos por sua vez necessitam dos bens de capital,
representados pelas máquinas (desdes forno á montadoras de
automóveis) e de mão de obra – que são a força de
trabalho. Tanto no Brasil quanto no mundo, todo o processo de
investimento tem um objetivo: o lucro, resultado extraído de
quanto as entradas (receitas) são maiores do que as saídas (custos
e despesas).
O sistema
capitalista, isto é, sistema econômico que é movido pelo capital,
que por sua vez administra os bens de capital e mão de obra para a
produção dos elementos para o atendimento das necessidades humanas
ilimitadas – só funciona bem quando as matérias-primas, as
máquinas, os investimentos e o lucro funcionam dentro de um sistema
jurídico regido por regras eficientes, determinado meios para a
mensuração das obrigações e valores a serem pagos ou recebidos.
Quando o sistema não funciona perfeitamente ocorre a conhecida alta
dos preços no mercado.
Em
Economia, mercado é o lugar (no sentido de físico, com
endereço) onde os agentes econômicos se encontram para realizar
negociações, seja pessoal ou virtualmente. Numa economia de mercado
há produtos a serem consumidos e liberdade para a realização de
meios diversos de vendas, mas todos regidos pelo capital.
Diferentemente
do capitalismo, em linha oposta, de certa maneira, encontra-se o
socialismo real, que atende às Necessidades Humanas
Ilimitadas num ambiente com Recursos Escassos, com máquinas (bens de
capital) mas em que o motor não é o capital. Nesse sistema toda a
economia é planificada e controlada pelo Estado (em vez do mercado,
no capitalismo).
Hoje ainda
existe o socialismo real em Cuba, na China e na Coreia do Norte.
Nesses países não há salário-mínimo, uma vez que não há
mercado. Lá usam-se os bônus, em que ão dados pelos governos os
mantimentos necessários à população em quantidades proporcionais
ao número de pessoas residentes em cada casa.
1VASCONCELLOS,
Marco Antonio S., e Manuel E. GARCIA. Fundamentos de Economia.
Edição: Departamento de Economia da FEA-USP. São Paulo: Saraiva,
2002
2FIGUEIREDO,
Marcus; CHEIBUB, Angélica Maria. Avaliação política e avaliação
de políticas: um quadro de referência teórica. In: Análise da
Conjultura, set./dez 1986, v. 3, n. 1, pp. 107-127.
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