O
dinheiro de hoje não terá o mesmo valor daqui a um ano. O que
matematicamente seria impossível ocorre na Gestão Financeira. Se
por exemplo guardássemos 100 mil reais numa caixa em casa com o
objetivo de pegar resgate em vinte ou trinta anos terá uma
desagradável surpresa ao ver que o valioso dinheiro não seria mais
tão valioso.
Partindo
do pressuposto que o dinheiro é corroído pelo tempo podemos
entender melhor a existência dos juros da Matemática Financeira.
Nessa sessão buscaremos demonstrar as causas da inflação e por
fim, relacionaremos com os conceitos básicos em finanças.
No
tempo em que ainda não existia o dinheiro o homem mantinha suas
relações comerciais com formas alternativas. De safras de grãos,
cereais e animais poderia adquirir o que precisasse mesmo sem poder
ter troco (trocar uma cesta de alimentos por meia vaca não seria
possível).
Como
conservante nas longas viagens no deserto veio o sal, pai do salário.
Com
o mercantilismo do ouro e prata gerou-se o valor pelo metal e em
decorrência, a falta de segurança. Como solução a riqueza era
guardada em castelos e poderiam ser resgatadas por meio de recibo.
Era uma forma de garantia para o dono, uma vez que apenas este
poderia resgatar sua riqueza, mas, eram ruins de transportar. O
certificado de papel evoluiu e virou o papel moeda. O país deveria
ter um total em moeda equivalente ao total que tivesse de metais.
Atualmente
o dinheiro é tão corrente que se tornou virtual. Compras e vendas
são negociadas sem que o dinheiro seja físico. Com o dinheiro
adquirimos produtos e serviços, mensurados pelo preço.
Conforme
o produto ou serviço fica mais difícil de ser obtido torna-se mais
procurado e consequentemente o seu preço aumenta. Na sociedade
coletora as bananas eram colhidas sem grande dificuldade e em
decorrência disso eram quase de graça. Do caminho da fazenda para o
sítio o terreno de produção diminuiu, juntamente com as
quantidades de bananas, embora o preço tenha aumentado. Da
bananeira para as dúzias e finalmente para as unidades vemos
claramente que a demanda pelo produto permaneceu, ao passo que a
terra gradativamente diminui.
O
conceito de Renda da Terra de David Ricardo cabe perfeitamente nesse
caso. Segundo Ricardo se a população cresce o consumo aumenta
e em decorrência disso a produção vai romper barreiras e
procurar novos terrenos até o momento que a última a área a ser
utilizada é a que produz menos, mas, tem preço mais elevado.
O
mesmo ocorre com a sala de aula: sala em que cabem 100 alunos pode
funcionar com 70 vagas preenchidas, mas se ultrapassar em 20 alunos
forma-se uma nova turma, que para compensar os custos relativamente
pagará mais caro pela sala. É a Lei da Oferta e da Procura. A
escassez do produto faz com que o seu preço aumente e o processo
deste aumento persistente e generalizado para diversos outros se
chama inflação.
Quando
a quantidade de moeda e a velocidade das compras no mercado são
diferentes de todos os preços e transação ocorre à inflação. A
expressão M x V semelhante a P x T explica essa teoria. Desta
forma, se a moeda cai (M > produtos = M cai).
Quanto
mais o consumo avança maior a inflação. Por esta razão o governo
aumenta a taxa básica de juros da economia – Selic – freando o
consumo por meio do investimento. Com a Selic alta investe-se mais em
papéis do governo, diminuindo o consumo e a inflação. É por causa
da inflação que o poder de compra fica menor. O que seria possível
comprar no presente pode não ser no futuro.
Quem
aplica o seu capital em um fundo de investimento de longo prazo usa a
matemática financeira para escapar do efeito corrosivo da
inflação. Seu capital vai render juros que compensarão à per dado
poder aquisitivo da moeda com o passar do tempo.
Nos
bancos dos cursos de graduação das universidades dificilmente
entram na grade curricular os índices de preços. Estes
medidores da inflação são constantemente vistos nos jornais de
qualquer meio de comunicação, contudo podem causar mais dúvidas do
que soluções. Ouvimos que tal produto é corrigido pelo IGPM e que
o IPCA aumentou, mas em nada nos ajudam estes dados sem que saibamos
do que tratam.
Então
para desamarrar alguns nós vamos conhecer algumas destas siglas e
ver como são apenas índices, nada de mais complexo.
O
primeiro a citar é o IPC – FIPE (Índice de Preços ao
Consumidor). Este indicador foi criado pelo FIPE/USP para abordar o
varejo – produtos e serviços – apenas no município de São
Paulo, para famílias que ganham entre 1 e 20 salários-mínimos.
Todo
o índice de preços apresenta as mesmas características:
delimitação do conjunto de produtos ou serviços a serem estudados,
o lugar geográfico e o público alvo. No IPC da FIPE/USP notamos
claramente estes efeitos e mais adiante poderemos ver o quanto este
índice é restrito.
Qualquer
um pode criar seus próprios índices, basta estabelecer os ele etos
do estudo e conhecer cálculos estatísticos. Uma dona do lar
pode, por exemplo, criar um índice de carne bovina de primeira
qualidade pesquisando o preço do alimento em vários
estabelecimentos por dois meses. Supondo que a média dos preços em
setembro de 2007 fosse de R$ 10,25 e que teve um aumento de para R$
10,55 no mês seguinte formaria o índice de aumento de 2,93%.
Deixando
o IPC FIPE vejamos agora o conhecido IGP-M (Índice geral de preços
do mercado). Calculado pela Fundação Getúlio Vargas tem um período
de quase um mês e para ser terminado, este índice precisa de outros
três indicadores: IPA (Índice de Preços no Atacado), IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) e INCC (Índice Nacional dos Custos da
Construção), representando, respectivamente, 60%, 30% e 10%.
O
IPC é calculado pela Fundação Getúlio Vargas e aborda as famílias
que ganham de 1 a 33 salários-mínimos de São Paulo e Rio de
Janeiro. O IPA também é calculado pela FGV e aborda os produtos
do mercado atacadista, sendo um índice primário (pesquisado “in
loco” e terem como objeto de estudo os produtos para a
indústria).
Todo
o produto que não pode ser beneficiado após um estágio e que tem o
seu preço em dólar usado nesse índice. Temos como exemplo o
petróleo, que é vendido cotado em dólar e por barril e com um
padrão limite de qualidade. O aço é outro produto com estas
características: é comprado no atacado e não dá para agregar
mais valor e por esta razão somente pode ser vendido pelo preço
internacional.
Desta
forma é um índice de fora e estuda os produtos derivados que por
causa da origem sofrem alterações no preço em moeda
estrangeira.
O
INCC, da FGV, mede os preços do pedreiro, do encanador, do
eletricista e de toda a mão-de-obra do varejo. O índice de preços
com maior abrangência é o IPCA – Índice de Preços ao
Consumidor Ampliado. É calculado pelo IBGE e abrange as regiões
metropolitanas de Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo,
Goiânia, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.
Pela
área geográfica equivale ao INPC (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor), porém mede a variação dos produtos e serviços para
as famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos, ao passo que o
INPC apenas de 1 a 8 famílias. Mas mesmo sendo mais abrangente é só
observar um mapa político do Brasil para vermos que deixa de lado a
maior parte da região central e norte e os Estados do Maranhão e
Piauí.
Outro
fato é que estuda apenas as famílias das regiões metropolitanas, o
que deixa no final um resultado duvidoso.
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