O texto a seguir é comentário acadêmico feito acerca do livro "O Indivíduo na Organização" - Volume.1, Atlas, podendo ser encontrado no Link: http://www.saraiva.com.br/o-individuo-na-organizacao-dimensoes-esquecidas-vol1-351092.html
O ser
humano é um ser que vive e existe em sociedade. Inicialmente é
inserido no meio da própria unidade familiar, onde absorve
características genéticas e de personalidade. Não é muito difícil
ligar um indivíduo a seus pais, dizendo, por exemplo, aquelas falas
conhecidas do tipo “ele tem os olhos da mãe e o jeito do pai”.
Nesse primeiro convívio com o mundo o indivíduo define quem ele é
e onde está, além de ter o contato inicial com as regras, normas,
obrigações, deveres e responsabilidades; ou pelo menos o que se
espera que aconteça.
Ao longo
da convivência começa a traçar os primeiros vestígios de sua
identidade singular constante no mundo coletivo. Por fim é mais
tarde, carimbado pela sociedade sob uma função (emprego, cargo,
encargo ou outros), na qual obterá o seu sustento e demonstrará a
sua utilidade para o meio humano com produtos ou serviços que
ofertará. A sua personalidade está formada, suas crenças já foram
encarnadas e seu modo de viver já está definido.
Mas um dia
surge a oportunidade (ou a cruel obrigação) de deixar de o quintal
de casa e tornar-se um braço da organização num terreno distante,
com costumes, regras e conceitos diferentes. Quais fatores esperam o
estrangeiro nessa aventura? Como agir num lugar estranho? Onde
apoiar-se? Que consequências trazem? No artigo de opinião
“Alteridade: ser executivo no exterior”, de Allain Joly e
tradução de Luciano dos Santos Gaiano, analisadas as diferentes
implicações sob a ótica social, cultural, profissional e pessoal
dos agentes envolvidos, em especial, a dos expatriados.
Defende-se na a tese de que os hábitos e costumes e culturas apresentam
uma dinâmica historicamente comprovada, tanto para o país
hospedeiro quanto para o elemento exógeno, para relações que
indicam fenômenos interculturais como também de intercâmbios
internacionais estabelecidos por nações desenvolvidas e
subdesenvolvidas, em desenvolvimento ou dependentes.
Tem-se como alicerce os trabalhos das áreas de psicanálise,
sociologia e antropologia apresenta-se ao leitor em diferentes
facetas sobre os assuntos sobre que não apenas citam toda a
problemática, mas, além disso, as abrange de tal forma a dar todo o
ordenamento nas idéias que envolvem sentimentos – muitas vezes
confusos – do indivíduo no país estrangeiro e mais importante, o
que envolve o retorno para a casa (a terapia).
Inicialmente, buscando na literatura, o autor dos quadros socioculturais da atividade humana, utilizando
principalmente o apoio das ideias de Ralph Linton e Lionel Vallée, o
autor esquematiza as quatro ordens de fenômenos, quais sejam: a
natureza, a cultura, a sociedade e a personalidade. Sem dispor de
grande parte do texto os assuntos são definidos e interligados.
Com
relação à natureza, levam-se em conta suas partes básicas (homem
e a relação com a natureza), em que o meio onde o indivíduo está
exerce influência em suas atitudes; fato este demonstrado pelo autor
ou trazer os costumes dirigentes da mentalidade de membros de tribos
indígenas, acentuando, sobretudo, a imagem do sujeito no grupo como
mais um elemento do conjunto ou como único indivíduo que procura
adaptar seu lado interno e seus problemas com os outros (provocando
desordem de personalidade).
A cultura
indicada, por Joly, enquadra os diferentes pontos de vista. Isso
significa dizer que tudo o que o homem produz é determinado pela
cultura.
Esta
define quanto produzir, como e o quê. É o exemplo a cultura onde o
consumismo é ínfimo, o que resulta em pouca produção e mais tempo
para o lazer; ao paradoxo das sociedades industriais em que existe a
mentalidade de dominar a natureza para produzir sempre mais
(substituição do lazer pela obrigação do trabalho) para atender
as necessidades humanas ilimitadas. E para quê o autor apresenta
esta comparação? Em primeiro lugar para fazer refletir sobre a
problemática da produção condicionada à cultura e ao modo de
vida.
O homem e
a sociedade em modo geral têm necessidades e estas são satisfeitas
com a produção. A cultura age dentro dos costumes que lhe parecem
mais corretos. Não obstante, a composição induzida no texto
reforça a ideia de que o ser humano vê claramente as diretrizes da
cultura (traços culturais e costumes) quando estes são diferentes
dos seus. Percebem-se as diferenças e poderá aceitá-las, mesmo não
as compreendendo ou repudiá-las com todas as suas forças.
Ao longo
do texto são apresentadas anedotas representando experiências
vividas, sem raridade, por estrangeiros; e vale salientar, por
pessoas de países europeus ou norte-americanos em países
latino-americanos, africanos ou asiáticos, o que demonstra
literalmente o choque cultural e social vivido e que com altíssima
probabilidade, origina sequelas nos envolvidos. Seguindo e esquema, à
sociedade (em conjunto com a cultura) atribui-se a função de
formato sistema social em que o indivíduo existe.
Este por
sua vez em seu país acaba passando pela experiência de
“desestruturação reestruturação” de sua identidade, onde deve
aderir-se aos papeias e estatutos que envolvem a sua função dentro
do novo contexto, este que, envolve toda a estrutura e estágios da
economia do país hóspede (tais como economia e política). Estes
elementos são elencados como: a vida material, o estágio que não
quer ou não consegue alcançar a economia de mercado e o
capitalismo.
Estes
estágios, presentes em qualquer economia dão a forma aos estatutos
e normas dirigidas aos indivíduos.
Estes são,
e vale retomar, “dirigidos”, pois, cada indivíduo tem o livre
arbítrio; e como interlocutor na entrada do estrangeiro na sociedade
e na cultura há o guia, indicando as imagens ou denunciando os fatos
de maneira mais aberta, que por sinal, é o mais comum. Outro ponto
observado pelo autor é a existência de círculos concêntricos,
pelos quais, pode-se medir o distanciamento entre o indivíduo e o
conjunto cultural.
É formado
pelo centro com suas características comuns a todos; ao redor os
especialistas, contendo características individuais (classe, sexo,
idade etc.) e na região periférica a ocorrência de desvios do
sistema. Em cada espaço há os “hóspedes e inimigos”, que
tratam o estrangeiro bem, incentivando o seu trabalho e aproveitando
a sua presença ou, surgindo o conhecido sentimento de recusa àquele
que vem de fora roubar o espaço e as oportunidades do “nativo”
Após esta
primeira etapa, o texto prende-se exclusivamente às fases da
experiência existencial do estrangeiro. Acompanhando o raciocínio
do autor é fácil ver a ideia principal: o indivíduo não depende
exclusivamente do ambiente para se construir, mas uma mudança
drástica de hábitos, conceitos e aprendizados emanados pelo novo
meio cultural reforma a identidade da pessoa.
Ao
isolar-se numa cultura estranha, sem sombra de dúvida, a sua
perspectiva sobre o mundo se altera. Uma dessas experiências pode
levar o indivíduo executivo a rever a sua própria maneira de viver
e interagir.
Neste caso
é possível, durante o retorno ou ainda no exterior, dar mais valor
às oportunidades de seu país, ver melhor os pontos fortes e fracos,
dar mais valor a sua liberdade de pensamento, maior cuidado com os
menos favorecidos pela economia entre outras visões positivas e
construtivas; embora também, pode vir a sentir o nervosismo de ter
que voltar para uma rotina que não mais lhe atrai.
De maneira
detalhada e com anedotas adaptáveis às diferentes situações o
texto apresenta a sequência das quatro fases da experiência vivida
por um executivo no exterior: O encantamento com as maravilhas de
outros povos, com tudo aquilo que é novo, e que aparentemente
resultará numa mobilidade social, atingindo as sensações
prazerosamente.
O
negativismo extremo, mais intenso quando o executivo já tinha uma
ideia distorcida do país e a “comprova”, quando não atinge os
objetivos da empresa, não se adapta aos costumes, pessoas e
problemas a que é submetido. Isso para ele representa a queda de seu
padrão para a organização, que por sua vez deveria ter escolhido e
preparado melhor o indivíduo para tais situações.
Na
terceira fase decide por aceitar ou não o novo modo de trabalho e
cultura, passo esse que acarreta em manter o negativismo ou abrir a
mente. E após isso, o que fazer? E principalmente, voltar como?
O fato é
claro: com a globalização tornar-se-á cada vez mais inevitável o
distanciamento extremo das diferentes culturas e isto, por sua vez,
criará mudanças, sobretudo para as organizações, que terão que
se adaptar e para o homem, que terá que quebrar certos preconceitos.
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