Quando nos
propomos a estudar o pensamento econômico estamos na verdade
estudando o pensamento e as teorias dos autores que nortearam e
norteiam a ciência econômica, sendo que cada um escreveu num
período de tempo histórico, sobre onde estava e para responder a
alguma pergunta ou problema de sua época.
Conforme
Vasconcellos e Garcia (2002):
Na
Grécia Antiga, as primeiras referências conhecidas de Economia
apareceram no trabalho de Aristóteles (de 384 a 322 a.C.), que
aparentemente foi quem cunhou o termo Economia (oikosnomos) em seus
estudos sobre aspectos de administração privada e sobre finanças
públicas. Encontramos algumas considerações de ordem econômica
nos escritos de Platão (de 427 a 347 a.C.), e de Xenofonte (de 440 a
335 a.C.). Roma não deixou nenhum escrito notável na área de
economia. Nos séculos seguintes, até a época dos descobrimentos,
encontramos poucos trabalhos d destaque, mas que não apresentam um
padrão homogêneo e estão permeados de questões de justiça e de
moral [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002].
Entre os
principais períodos estudados pela Economia estão o feudalismo,
mercantilismo e Revolução Industrial de 1750. O primeiro destes, o
sistema feudal começou na idade média, até mil anos atrás. O
segundo, o mercantilismo, teve a doutrina das grandes descobertas.
Como forma
de ração ao mercantilismo surgiu a fisiocracia, sugerindo que era
desnecessária a regulamentação governamental, pois a lei da
natureza era suprema e tudo o que fosse contra ela seria derrotado.
Conforme nos explicam Vasconcellos e Garcia (2002):
No
século XVIII, uma escola de pensamento francesa, a fisiocracia,
elaborou alguns trabalhos importantes. Os fisiocratas sustentavam que
a terra era a única fonte de riqueza e que havia uma ordem natural
que fazia com que o universo fosse regido por leis naturais,
absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência
Divina para a felicidade dos homens. O trabalho de maior destaque foi
o do doutor François Quesnay, autor da obra Tableau Economique, o
primeiro a dividir a economia em setores, mostrando a inter-relação
destes. Apesar de os trabalhos dos fisiocratas estarem permeados de
considerações éticas, foi grande a sua contribuição à análise
econômica. O trabalho de Quesnay foi aperfeiçoado e transformou-se
no sistema de circulação monetária criado no século XX, por volta
dos anos 40, pelo economista russo Wassily Leontief, da Universidade
de Harvard [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002].
A
Revolução Industrial da Inglaterra, em 1750, marcou a Economia, a
cultura, as relações sociais, o modo de pensar, as relações do
homem com a natureza e a entrada da indústria no sistema. Esse
movimento criou o sistema capitalista ao juntar o capital (busca do
capitalista) à ciência (tecnologia), e ao crescimento e
desenvolvimento.
Durante a
Revolução Industrial surgiram duas classes na sociedade: a
burguesia e a proletária. Os burgueses a implantaram pois tinham
dinheiro. Propõem o Liberalismo, isto é, a não-intervenção do
estado na economia, mas sem leis novas e que tiveram que ser criadas
(como o direito do consumidor e sindicatos). Surgia o poder
judiciário.
Os autores clássicos
Adam
Smith (1723-1790): divisão do trabalho, sem o Estado e a mão
invisível.
A partir
de Adam Smith a Economia passou a ser vista como ciência. Seu
enfoque era produzir a teoria para explicar a Revolução Industrial,
estudando a divisão do trabalho. Em seu livro “Uma investigação
sobre a natureza e as causas das riquezas das nações”, de 1776,
Adam Smith disse que a riqueza tem como natureza o trabalho
especializado, gerador da expansão do mercado (pois pessoas para
trabalhar pagas com salários tem recursos para consumir, fomentando
as vendas e toda uma cadeia produtiva, promovendo mais empregos e
aquecendo a economia).
Conforme
nos citam Vasconcellos e Garcia (2002):
Considerado
o precursor da moderna Teoria Econômica, colocada como um conjunto
científico sistematizado, com um corpo teórico próprio, Smith já
era um renomado professor quando publicou a sua obra A riqueza das
nações, em 1776. O livro é um tratado muito abrangente sobre
questões econômicas que vão desde as leis do mercado e aspectos
monetários até a distribuição do rendimento da terra, concluindo
com um conjunto de recomendações políticas. Em sua visão
harmônica do mundo real, Smith acreditava que se deixasse atuar a
livre concorrência, uma “mão invisível” levaria a sociedade à
perfeição. Adam Smith colocou que todos os agentes, em sua busca de
lucrar o máximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a comunidade.
É como se uma mão invisível orientasse todas as decisões da
economia, sem necessidade da atuação do Estado. A defesa do mercado
como regulador das decisões econômicas de uma nação traria muitos
benefícios para a coletividade, independentemente da ação do
Estado. É o princípio do Liberalismo Econômico.
Quando
aumenta o número de fábricas, há um aumento nas áreas de
serviços. Há a primeira expansão, que é para o mercado interno,
para somente depois ser para fora do país.
Para Adam
Smith todo o sistema é comandado por uma espécie de mão invisível,
que liga a oferta à demanda. Dava preferência ao liberalismo sem
limites, ou seja, sem a intervenção do Estado como regulador da
Economia. Assim, os preços e a inflação seriam normatizados e/ou
resolvidos por si próprios, sem que o governo precisasse mexer com a
economia ou criar loeis reguladoras.
Segundo
esta teoria, se numa economia só existe um produtor de qualquer
coisa, o produto por ele feito será muito caro. Mas caso haja muitos
fornecedores desta mesma coisa, a concorrência tende a fazer com que
o preço final chegue ao consumidor bem menor. Ou seja, conforme
dizia Smith, só a concorrência reduz o egoísmo, uma vez que uma
maior oferta de um mesmo tipo de produto permitiria ao consumidor ter
múltiplas escolhas de preços (indo para o menor), o que faria com
que a concorrência derrubasse os preços, caso não quisesse ficar
sem vender.
Adam
Smith em seu texto fundador da economia clássica, A riqueza das
nações, de 1776, tornou a especialização – a divisão do
trabalho – o ponto central de sua teoria. Ele e seus
contemporâneos do liberalismo econômico argumentavam, contra os
mercantilistas, que a autossuficiência era uma tolice. Num famoso
exemplo, Smith indicou que, trabalhando sozinho, um operário de uma
fábrica de alfinetes podia no máximo produzir 20 unidades por dia.
No entanto, nas fábricas da época, o processo de produção de
alfinetes estava divido em cerca de oito etapas diferentes, cada uma
realizada por um ou dois trabalhadores especializados. Dessa forma,
uma fábrica com dez trabalhadores produzia 48 mil alfinetes por dia,
fazendo com que cada indivíduo fosse cerca de 240 vezes mais
produtivo do que o seria trabalhando sozinho. A especialização
gerava produtividade, e a produtividade alimentava o crescimento
econômico [FRIEDEN, 2006].
No
entanto, com o prolongamento da grande Depressão após 1929
constatou-se que a economia não consegua se recuperar sozinha (ou
seja, apenas com a mão invisível), precisando ao Estado entrar com
medidas de políticas econômicas. Caia por terra a teoria de Adam
Smith.
David
Ricardo (1772 – 1823): a renda da terra, vantagens corporativas e
sem o Estado
Recorrendo
à literatura para apresentar o referido autor:
O
banqueiro Londrino
David Ricardo foi o mais influente teórico clássico do
comércio internacional e se concentrou na comparação dos custos
dos produtos dentro dos países e entre eles. É dele o famoso
exemplo elaborado com base nas relações econômicas
anglo-portuguesas. A
tese de Ricardo tem início num
mundo sem comércio. Se a Inglaterra produz tecidos de forma mais
eficiente que vinho, o tecido inglês será barato em relação ao
vinho do país. Se Portugal produz vinho de forma mais eficiente que
tecido, então o vinho português será barato em relação ao tecido
português. Se os dois países se abrirem ao comércio, eles
comprariam no exterior o que lá é mais barato: os ingleses
comprariam o vinho de Portugal e os portugueses adquiririam os
tecidos da Inglaterra. Ricardo acrescentou que
a Inglaterra deveria comprar todo o vinho
que consumisse de Portugal, que por sua vez deveria adquirir todo o
seu tecido da Inglaterra. Dessa forma, cada país poderia se
concentrar naquilo que poderia produzir mais barato [FRIEDEN, 2006].
David
Ricardo trouxe dois conceitos: o da renda da terra e a ada teoria das
vantagens comparativas. No primeiro verifica-se a renda da primeira
terra (a melhor e que produz mais), mas que com o tempo é esgotada,
e tem-se então que procurar pela segunda terra, que produz menos, e
aí em diante, até a última opção de terra, que produz menos. E
como a oferta é menor e a procura é relativamente maior para esta
última terra, o preço dos produtos tende a ser o maior. Vamos a um
exemplo: a primeira terra produz 80 sacas de qualquer produto por 10
libras. A população se expande e a maior parte dela vai morar na
área urbana e com isso a agricultura tem que ser aumentada para que
possa suprir as necessidades humanas. E isso vai esgotar a terra
melhor, que como sabemos, é um recurso escasso, forçando a produção
partir para as menos produtivas. E mesmo que esta produza menos que
10 sacas de nosso exemplo cobrará mais, por ser a última disponível
chegando a 127 libras. Logo, a renda da terra vem do desenvolvimento
urbano e procura sintetizar o quanto pode valer a terra e seu produto
quando comparados à primeira terra.
Bibliografia
FIGUEIREDO, Marcus; CHEIBUB, Angélica Maria,
Avaliação política e avaliação de políticas: um quadro de
referência teórica, set./dez 1986
FRIEDEN, Jeffry A. (Tradução: Vivian Mannheimer), Capitalismo
global: História econômica e política do século XX, 2006
VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel E.,
Fundamentos de Economia, 2002
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