Embora a
Economia tenha seu núcleo de análise e seu objeto bem definidos,
ela tem intercorrências com outras ciências. Afinal, todas estudam
uma mesma realidade, e evidentemente há muitos pontos de contato [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002].
A Economia
se relaciona com a Matemática e a Estatística em relação ao uso
das variáveis e da probabilidade. Estuda as variáveis (juros na
matemática financeira) e constrói modelos (com números e
expressões algébricas); e mensura dados estatísticos para a
definição de cenários (por exemplo, o crescimento do PIB em
determinado ano para saber se o país saiu de uma crise econômica e
quais setores foram mais afetados, para então poder traçar medidas
de recuperação para estes).
Um exemplo
de utilização de ferramentas estatísticas e matemáticas aplicadas
à Economia, conforme Vasconcellos e Garcia (2002): se o consumo
nacional está diretamente relacionado com a renda nacional, podemos
transcrever tal relação da seguinte forma:
,
e
Pela
primeira expressão temos que o consumo (C) é uma função (f) da
renda nacional (RN); na segunda que dada a variação na renda
teremos uma variação diretamente proporcional ao consumo agregado.
Mas como as relações não são exatas, mas probabilísticas,
recorremos à terceira expressão, que se torna exata para qualquer
que seja o comprimento da circunferência. Assim:
Se
a Economia tivesse relações matemáticas, tudo seria previsível.
Mas não existe no mundo econômico regularidades como na terceira
expressão, equivalência entre massa e energia, leis de Newton etc.
Na Economia, o átomo aprende: pensa, reage, projeta, finge. Imagine
como seria a Física e a Química se o átomo aprendesse: aquelas
belas regularidades desapareceriam. Os átomos pensamentos logo se
agrupariam em classes para defender seus interesses: teríamos uma
“Física dos átomos proletários”, “Física dos átomos
burgueses” etc [VASCONCELLOS & GARCIA, 2002].
Por isso
que as Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e Administração,
embora trabalhem com números, são classificadas como Ciências
Sociais, em vez de Exatas. Mas é claro que todas estas citadas
também apresentam características imutáveis. Em Economia, por
exemplo, o consumo nacional sempre depende da renda nacional, ou a
quantidade de exportações e importações que dependem da taxa de
câmbio.
Outras
áreas estreitas à Economia:
Administração:
planeja a produção, o controle, delega, vê a produção e os
Recursos Escassos (RE) e depois, administra as pessoas à trabalhar
para obter seus objetivos. Escolhe opções.
Política:
é o jogo de pressões da sociedade, ou seja, os agentes sociais
(também chamados atores sociais ou agentes de pressão1),
que são o governo, ao emitir suas medidas provisórias. Os
empresários eram contra a medida provisória n° 232, também
chamada de política econômica, que tinha mais o sentido de ações
do que de pressões.
História:
analisa fatos, datas e causas para se ter uma visão melhor das suas
consequências. Por exemplo, estuda a Revolução Industrial de 1750
na Inglaterra para entender o desenvolvimento do Capitalismo e das
teorias econômicas.
Geografia:
analisa o espaço físico e os Recursos Escassos utilizados pelas
pessoas. Por exemplo, o estudo do clima, do solo e dos relevos ajuda
no planejamento ao saber que o calor faz a soja secar, o que faz o
preço cair e com isso, o seu valor ficar menor. Conforme
Vasconcellos e Garcia (2002), “algumas áreas de estudo econômico
estão relacionadas diretamente com a geografia, como a Economia
Regional, a Economia urbana, as Teorias de Localização Industrial e
a Demografia Econômica”.
Direito:
formação do arcabouço (esqueleto) jurídico institucional (leis).
O arcabouço é a estrutura de onde e como os contratos sã feitos e
registrados. Por exemplo, uma empresa de Nova York que vende carros e
estes chegam amassados ao Brasil. Pergunta: quem deve responder pelos
amassados?
Divisão do Estudo Econômico
A análise
econômica é normalmente dividida em quatro áreas de estudo:
Microeconomia ou Teoria de Formação de Preços, Macroeconomia,
Economia internacional e Desenvolvimento Econômico. Resumidamente
para os dois primeiros tipos temos que:
Microeconomia:
estudo de um único setor. Por exemplo, o estudo de uma fábrica, um
ramo de uma empresa, o PIB de um ano.
Macroeconomia:
refere-se ao conjunto de setores, ou seja, análise de forma ampla.
Por exemplo, o desemprego no país, o PIB nacional entre outros.
Em
microeconomia temos o nome e o número dos dados a serem estudados
(setores, empresas, renda de um grupo de trabalhadores assalariados,
venda numa única data festiva), ao passo que em macroeconomia,
somente temos o nome da variável.
A primeira
divisão da Economia estuda o consumidor e/ou os consumidores de um
grupo específico. Estuda o preço das mercadorias e as suas relações
com as vendas aos consumidores.
Em
relações internacionais, por sua vez, estudam-se a inflação (e o
Fundo Monetário Internacional – FMI),. Procura ligar o Brasil a
outros países, bem como a situação das filiais de multinacionais
aqui instaladas. Tem como alguns de seus objetos de estudo as ações
da OMC, ONU, ALCA e os blocos econômicos (NAFTA, MERCOSUL, União
Europeia e PEP).
O último
objeto de estudo, o do Desenvolvimento Econômico, preocupa-se,
conforme explicam Vasconcellos e Garcia (2002) com a melhoria no
padrão de vida da coletividade ao longo do tempo. O enfoque é
também macroeconômico, mas centrado em questões estruturais e de
longo prazo, como progresso tecnológico e estratégias de
crescimento.
Bibliografia
FIGUEIREDO
&CHEIBUB, 1986: FIGUEIREDO, Marcus; CHEIBUB, Angélica Maria,
Avaliação política e avaliação de políticas: um quadro de
referência teórica, set./dez 1986
FRIEDEN, 2006:
FRIEDEN, Jeffry A. (Tradução: Vivian Mannheimer), Capitalismo
global: História econômica e política do século XX, 2006
VASCONCELLOS &
GARCIA, 2002: VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel E.,
Fundamentos de Economia, 2002
1Agentes
de pressão: são os atores sociais (trabalhadores, que têm seus
salários, empresários com o seu investimento e o governo, que
regula tudo. São conhecidos como agentes econômicos racionais.
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