Para que o
administrador financeiro possa tomar, com toda convicção, decisões
concretas em relação à liquidez, rentabilidade e investimentos
benéficos para a empresa devem fazer uso dos coeficientes ou índices
de liquidez constantes na Análise de Balanços.
É comum e
correto para uma empresa usar os prazos das contas a receber e a
pagar, ficar sempre atento ao fluxo de caixa1
- que é a Demonstração de Fluxo de Caixa Direta. Este que
administra o capital de giro de hoje para frente, e não no final no
mês, quando a contabilidade já efetuou todos os cálculos - e nunca
vender ao cliente com prazo superior ao do que foi comprado do
fornecedor. Se comprar para pagar em um ano apenas poderá vender
para o cliente se este puder pagar com o mesmo prazo ou menos. Quando
a empresa faz o contrário acaba pagando capital de giro emprestado
de bancos e pagando juros, de cerca de 5% ao mês. É algo arriscado
e custoso que a empresa antes de aceitar deve estudar e planejar para
prever seus impactos.
A empresa
tem liquidez quando consegue realizar os seus ativos. Um exemplo
desse processo é o ato de “girar o estoque”, ou seja, a empresa
vende um produto, que sai do estoque e em consequência é recolocado
outro no lugar. Se não vende, não realiza o ativo – estoque.
Logo, a empresa diminui o preço e quanto mais esta conseguir vender,
menor será o prejuízo (de ficar sem receber). Caso a empresa não
tenha mais como vender, é urgente que tome alguma providência.
O
acionista acredita no estoque e se este não é mais vendido, não
tem mais valor. É mais prudente quebrar todo o estoque sem valor e o
vende como sucata do que mantê-lo e dando custos e prejuízo. Se no
estoque existem produtos que giram de três a seis vezes por
exercício e têm também produtos parados a empresa deve ter alguma
ação para fazer todo o estoque girar.
O fato
mais importante que deve ser observado pelo administrador financeiro
na empresa é o conflito entre a liquidez versus a
rentabilidade. Tomemos o exemplo ma seguir: os gestores da empresa
“x” querem deixar R$ 1.000.000,00 no capital de giro.
Os
investimentos da empresa confirmam a necessidade deste valor, mas
como há o risco de o investimento ficar mais caro decidiu-se por
colocar mais meio milhão de reais. Com isso. Estão o investimento
está garantido e ainda terão liquidez. Caso o lucro desta empresa
fosse de R$ 200.000,00 e com um investimento inicial de R$
1.000.000,00, ter-se-ia 20% de rentabilidade.
Contudo,
se o lucro ainda tivesse o mesmo valor e o investimento (capital de
giro) fosse maior em quinhentos mil reais ter-se-ia 13,3% de
rentabilidade. Logo, todo o aumento de liquidez consiste em queda de
rentabilidade.
Como é
de se notar, ao aumentar a tranquilidade se acaba por diminuir a
margem de lucro e o contrário é verdadeiro: se, por exemplo, o
lucro continue com o mesmo valor e agora mexamos com o capital de
giro para baixo, de 1,5 milhões de reais para R$ 850.000,00 a
rentabilidade aumentaria para 24%. Contudo, baixando o capital de
giro, a empresa poderia perder grandes oportunidades – tais como
propostas de fornecedores em aquisição de materiais pela metade do
custo habitual – ou mesmo de estar preparada para eventuais
contingências.
O ponto
certo entre o conflito liquidez e rentabilidade varia conforme a
atividade e mesmo assim, depende de estudos. Em síntese, viu-se que:
-
Quando se aumenta o capital de giro, o resultado é aumento de liquidez e diminuição de rentabilidade e
-
Quando se diminui o capital de giro, o resultado é menor liquidez e maior rentabilidade.
Partindo
desses pontos é possível afirmar que se sobra dinheiro em caixa
todos os meses é o mesmo que dizer que há muito capital de giro e
que a rentabilidade é afetada. Mas se a empresa devolver o dinheiro
que sobra aos sócios recupera-se a rentabilidade. O ideal, no
entanto, é haver o equilíbrio, deixando-se assim o capital de giro
no limite, apenas o necessário.
1O
Fluxo de Caixa pelo método direto é geralmente utilizado para
planejar e controlar o capital de giro da empresa. Já o fluxo de
caixa que pode ser elaborado pelo administrador financeiro não
precisa necessariamente ter o formato da demonstração contábil.
Registra os valores de entradas e saídas conforme o dia em que
ocorre, facilitando o planejamento e tomada de decisões
relacionadas ao caixa.
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