A liquidez é a disponibilidade de recursos
conversíveis em moeda. A moeda é a própria expressão da liquidez.
A moeda é a liquidez absoluta. A quase-moeda se caracteriza
pelos ativos que transitam pelo mercado financeiro que possuem grande
liquidez como é o caso dos títulos federais.
Conforme o tipo de
aplicação o grau de liquidez pode ser inversamente proporcional ao
prazo, isto é, quanto maior o prazo, menor será a liquidez. Ao se
comparar duas operações, de mesmo prazo e mesmo valor, a de maior
liquidez será aquela que possa ser vendida mais rapidamente no
mercado ao mesmo preço.
Todas as operações efetuadas por uma
Instituição Financeira envolvem consequências de liquidez. Esta
implica em solvência, e sua importância nunca pode ser desprezada.
Em termos de Tesouraria, analisam-se as entradas
e saídas ao longo do tempo; as disponibilidades para refinanciamento
das operações ativas (limites de crédito – que é função da
idoneidade da instituição) e seu respectivo custo em função da
estrutura da taxa de juros; as disponibilidades no tempo e sua
correta aplicação; os saques de recursos (depósitos à vista, a
prazo, etc.), de forma intempestiva, podem requerer um colchão de
liquidez adequado e, finalmente, a inadimplência ou atrasos de
pagamento, cujos riscos podem ser considerados equivalentes aos dos
saques intempestivos.
A Tesouraria tem como atividade a administração
dos fluxos de liquidez, isto é, o planejamento e as ações visando
à compensação adequada do fluxo de caixa (valores no tempo).
No exemplo acima, temos que, no instante inicial,
ocorreu uma saída de 1.000,00 unidades monetárias. Após decorrido
um período de tempo, ocorreu uma entrada de 10,00 unidades
monetárias e, finalmente, num segundo período, houve uma nova
entrada de 1.100,00 unidades monetárias.
Duration1
A duration (D) permite medir a
sensibilidade de uma carteira de títulos em função de uma dada
variação na taxas de juros.
Por meio da duration se pode verificar a
maturidade de um portfólio como também o seu comportamento a uma
variação da taxa de juros.
D={Σ(t
variando de 1 a t){
PMTt*t/(1+i)^t}}/{Σ(t
variando de 1 a t){PMTt/(1+i)^t}}
A
duration
é a média ponderada dos valores presentes de um portfólio pelo seu
prazo a decorrer. Com isso D expressa o prazo médio de uma carteira
de títulos:
TíTULO
|
PRAZO
(overs)
|
VALOR
|
A
|
5
|
5.000
|
B
|
10
|
3.000
|
C
|
18
|
4.000
|
Note que
11.912,74 é o valor presente dos três títulos descontados a taxa
de 19% aa pelos seus respectivos prazos:
A duration, além de nos informar o prazo
médio de um título ou de uma carteira, nos dá condição, dentro
de certas condições, de nos “hedgearmos”, isto é,
imunizarmos um dado portfólio de uma variação adversa na taxa de
juros. Para tal, deverá haver uma igualdade entre o nosso ativo e o
nosso passivo, as durations deverão ser iguais, as taxas de
juros deverão se modificar de forma “simétrica”, ou seja, na
mesma proporção.2
Tanto a duration quanto outros instrumentos financeiros não
deverão ser utilizados de forma mecânica e sim cuidadosamente
analisado caso a caso.
Se conceituarmos o prazo médio como o
período de tempo em que os pagamentos de dois ou mais fluxos de
caixa produzam o mesmo montante de juros quando seus principais estão
aplicados a mesma taxa média, então para se calcular o prazo médio
é preciso, inicialmente, se ter a taxa média;
exemplos:
1º) Cálculo da taxa média e do prazo
médio de três operações, cujos valores estão abaixo
discriminados:
Poderíamos calcular a taxa média de outras
maneiras, visto que esse exemplo possui uma peculiaridade: o prazo
das três operações é o mesmo.
O cálculo apresentado é generalista, pois os
valores de um fluxo de caixa quase sempre possuem datas diferentes e
só podem ser referenciados num mesmo momento.
Cálculo do prazo médio (t)3:
Tanto o cálculo da taxa média e prazo médio
quanto outros instrumentos financeiros não deverão ser utilizados
de forma mecânica e sim cuidadosamente analisado caso a caso.
Inicialmente, as Tesourarias preocupavam-se com
os prazos (quando e quanto tempo) em que deveriam ser captados e
alocados os recursos e empréstimos, além de suas respectivas taxas
de juros.
Com o advento dos derivativos e seus
correspondentes métodos quantitativos, é possível se estruturar
uma série, quase que ilimitada, de posições em termos de taxas de
juros e prazos, de tal forma a poder se compatibilizar os desejos dos
clientes com os da Instituição Financeira.
Os derivativos podem permitir operações
financeiras mais favoráveis e exercer controle sobre spreads
(diferença entre a alocação e a captação de recursos) e sobre os
prazos entre posições ativadas e passivadas.
Se a taxa de juros nominal for de 20% aa, uma
pessoa, ao desistir de consumir recursos iguais a R$ 1.000,00 hoje,
poderá consumir R$ 1.200,00 daqui a um ano. Essa taxa nos informa
quanto poderemos consumir no futuro ao renunciar a uma despesa
corrente.
A taxa de juros é a remuneração de uma unidade
de capital num período de tempo e nos diz o preço relativo entre o
presente e o futuro.
A oferta de recursos advém da poupança, pois
várias pessoas físicas e jurídicas gastam menos que sua renda
(agentes superavitários).
A demanda vem das pessoas físicas e jurídicas
que querem utilizar mais recursos que os propiciados pela sua renda
(agentes deficitários).
-
Taxa over (Selic): é a taxa média, calculada estatisticamente, das operações feitas no mercado aberto4, por um dia útil, em que o lastro são títulos públicos. Estas operações são registradas no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic);
-
TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo): é calculada por meio de uma média ponderada entre as taxas dos títulos da dívida externa federal do Brasil (com ponderação máximo de 75%) e dos títulos da dívida interna federal (com participação máxima de 25%). A TJLP é uma das menores taxas do mercado, e tem como finalidade baratear o custo financeiro dos investimentos. A TJLP remunera os recursos para investimentos concedidos pelo BNDES. A TJLP é fixada trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e leva também em consideração a as expectativas de inflação e o risco país (diferença entre os juros dos títulos brasileiros no exterior e a taxa dos papéis do governo dos EUA); assim se a expectativa de inflação fosse de 4,7%aa e o risco país se situasse em 3% sugeririam uma TJLP de 7,7%aa. A Taxa de Juros de Longo Prazo é utilizada como referência pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para seus empréstimos as empresas que necessitam investir, também é usada para os financiamentos de imóveis adquiridos por meio de recursos do FAT. A empresa tomadora de recursos, além da TJLP, paga um spread.
-
Prime Rate: é aquela taxa oriunda de títulos de primeiríssima qualidade, onde o prêmio pelo risco é praticamente zero. No mercado financeiro internacional os títulos do governo americano são considerados títulos livres de risco, isto posto, a diferença de juros entre esses títulos norte-americanos e de outros países ou de grandes corporações revelam uma estimativa de risco. Nas instituições financeiras a prime é a taxa mais baixa que só os clientes preferenciais recebem.
-
Taxa de Juros Real: esta taxa é determinada pela retirada da taxa de inflação da taxa de juros nominal. Se a taxa de juros nominal for de 15% aa e tivermos uma inflação de 6% aa a taxa de juros real será de 9%. Notar que se a taxa de inflação for maior do que a taxa de juros nominal, teremos uma taxa de juros real negativa: se a taxa de juros nominal for de 10% aa e a inflação se situar num patamar de 12% aa, a taxa de juros real será negativa (–2% aa) e, portanto a taxa de juros nominal não será suficiente para recompor a desvalorização da moeda.
Como há inflação – aumento de preço ao
longo do tempo –, uma unidade monetária, no futuro, poderá
representar uma quantidade menor de bens e serviços do que hoje;
portanto, precisamos saber o preço real do dinheiro no tempo. Esse
preço real é dado pela taxa de juros real, isto é, da taxa de
juros nominal retira-se a inflação.
Um conjunto de bens que, no começo do ano,
custava R$ 1.000,00 agora tem seu preço aumentado em R$ 80,00 e
custa R$ 1.080,00.
Em termos de potencial de compra, temos, no final
do ano, um aditivo de R$ 120,00, e não de R$ 200,00.
A taxa de juros nominal é aquela nos informa o
quanto o valor aplicado aumentou. A taxa de juros real nos diz o
aumento do poder de compra.
A taxa de juros real é a diferença algébrica
entre a taxa de juros nominal e a inflação, portanto a inflação é
o deflator da taxa de juros nominal. A inflação, como fenômeno
monetário nos leva a raciocinar se é o aumento da quantidade de
moeda que tem efeito sobre o nível de preços ou se a maior expansão
da moeda é o resultado de uma maior demanda provocada pela inflação.
A taxa de juros real ex-ante 5
é aquela que se espera que vá ocorrer no momento em que é feita
uma operação.
Irving Fisher, em seu livro Teoria de Juros
(1930), estabeleceu uma relação entre a taxa de juros e o risco
inflacionário:
A taxa de juros é uma remuneração que os
tomadores de recursos fazem aos emprestadores. Essa taxa visa a
compensar esses aplicadores por se privarem de seus capitais por um
dado tempo a um determinado fator de risco.
1
A duration surgiu em 1.938 com os estudos do pensador inglês
Frederic Macauley.
2
Para maiores esclarecimentos consultar: “Hedge de uma
carteira de CDBs no Mercado Futuro de DI” de Marco Aurélio
Teixeira, Resenha BM&F nº 78; “Duração, Convexidade e
Imunização” de Gyorgy Varga, Resenha BM&F nº 92; “Duration”
de Fernando F. H. Ferrari, Resenha BM&F nº 83; “Uma
Alternativa aos Modelos de Duration” de Luiz Francisco Rogé
Ferreira, Resenha BM&F nº 115; “Introdução aos Mercados
Futuros e de Opções” de John Hull, Cultura Editores Associados
e BM&F; “Derivativos no Brasil Fundamentos e Práticas de
Ernesto Lozardo, BM&F.
3
Não precisaríamos, necessariamente, calcularmos o prazo médio,
pois as três operações têm o mesmo tempo de duração, ou seja,
cinco meses.
4
Mercado Aberto (Open Market): Mercado onde há a equalização do
fluxo de moeda. Opera com grande flexibilidade por meio de compra e
venda de títulos públicos, essas vendas e compras podem ser
definitivas ou com compromisso de recompra ou revenda
respectivamente. . As operações são feitas por meio de
Instituições Financeiras. O Banco Central participa ativamente
desse mercado regulando a quantidade de reservas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário