Por ocasião do segundo choque do petróleo, a
Holanda passou a explorar intensivamente suas reservas de gás
natural no Mar do Norte. A sua receita com exportação aumentou
espetacularmente. A grande entrada de dólares ocasionou uma
expressiva valorização na moeda, que na época era o florim (hoje é
o euro).
Esta apreciação da divisa nacional ocasionou uma derrubada
na competitividade da indústria holandesa, a indústria têxtil e de
vestiários praticamente desapareceram, enquanto que a produção de
automóveis e navios declinaram.
Este fato, aqui relatado em linhas gerais, é o
que se chama de “doença holandesa”, isto é, a
“desindustrialização” oriunda da valorização cambial gerada
pela exportação de commodities.
Para se contornar o problema de uma forte
exportação de commodities e a valorização da moeda
nacional, o governo poderá se utilizar, entre outros, de um dos
caminhos abaixo, além de uma combinação entre eles:
1º) Compra dos dólares em excesso e assim
impedir a valorização da moeda nacional mantendo o câmbio adequado
às exportações. Entretanto, a compra de dólares implica no
aumento do volume de moeda nacional em circulação, o que poderá
ocasionar inflação. Para se “enxugar” o excesso de liquidez se
faz necessária a emissão, pelo governo, de títulos da dívida
pública. Com um volume maior de títulos há um aumento do
endividamento (e, portanto da relação dívida/PIB), além de um
possível aumento das taxas de juros, o que nem sempre é viável;
além disso, deve-se considerar o custo dos títulos emitido (juros
internos) vis-à-vis o rendimento dos dólares comprados e
aplicados no exterior (juros externos).
2º) Instituição de um imposto sobre
exportações de commodities. O montante desse tributo forma
um fundo que compensa uma redução de impostos no setor industrial
prejudicado. Este imposto sobre exportações aumenta o preço das
commodities, dificultando as exportações.
3º) Comprimir as despesas públicas, de tal
forma a se compensar o volume de divisas postas em circulação. Este
excesso de moeda ocorre em virtude da compra dos dólares feita pelo
governo (BACEN) para segurar a valorização da moeda nacional
oriunda das exportações das commodities. Esta compressão
das despesas deve ocorrer pelo lado dos gastos correntes, por meio de
uma melhor gestão da rex-publica e não pelo lado do
investimento.
4º) Uma adequada política de importação de
bens de investimento de maneira a diminuir o custo de produção dos
produtos manufaturados e diminuir a distância tecnológica dos
setores mais atrasados por meio da incorporação dos novos
equipamentos importados de tal forma a tornar o país mais
competitivo no mercado externo. Esta política de importação não
pode ser indiscriminada, pois, se assim fosse, realimentaria a
“desindustrialização” e transferiria empregos do país para o
exterior.
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