As
matérias a seguir são uma coletânea de alguns textos trabalhados
durante a disciplina Empreendedorismo, do curso de Graduação em
Ciências Contábeis pela Universidade de Mogi das Cruzes, concluído
em 2008.
O dialogo
a seguir expressa de maneira bastante eficiente, o pensamento da
maioria das pessoas acerca da abertura de negócio próprio.
Nestor
acorda pela manhã com a intenção de sair para caminhar, enquanto
pensava na vida e nas coisas que vinha estudando sobre
empreendedorismo.
De
repente, ele encontra Reinaldo, seu amigo de escola, da época em que
cursava o então primeiro grau.
(Nestor) -
Reinaldo, que bom encontrá-lo tão feliz! Qual o motivo para tanta
alegria?
(Reinaldo)
-Ah, amigo, há muito tempo que dou duro numa empresa, como auxiliar
de escritório. É trabalho que não acaba mais, oito horas por dia,
5 dias por semana, dá para aguentar uma vida assim ? Tô caindo fora
irmão! Aproveitei que fui demitido e, com a grana que recebi, irei
montar meu negócio. Finalmente, serei independente, “mandarei no
meu próprio nariz” falou? Além de ganhar muito dinheiro, terei
mais tempo para me dedicar à família; sair da rotina, da mesmice.
Poderei até ficar em casa alguns dias e
tirar férias quando quiser. Tem coisa melhor?
Ao ouvir
de Reinaldo os motivos que o levavam a iniciar um novo negócio,
Nestor espantou-se. Não podia acreditar que abrir um negócio fosse
menos trabalhoso do que o dia a dia de um profissional assalariado.
(Nestor) -
Mas Reinaldo, ter uma empresa própria exige que você trabalhe de 12
a 15 horas diárias no seu negócio. Tirar férias é muito mais
difícil, pois dependem de você muitas decisões a serem tomadas na
empresa. Numa pequena empresa, o empreendedor acaba tendo muito
menos tempo disponível para a família, pois se torna dependente de
fornecedores, bancos, clientes, funcionários, do governo, dentre
outros. Além do mais, seu patrimônio pessoal fica comprometido com
as operações da empresa. Não são tudo flores como você está
pensando!
(Reinaldo)
– Ah! Nestor, que papo é esse? Você acha que o sujeito que é
dono de negócio precisa trabalhar? Sem essa, quem trabalha é
empregado. Patrão só gasta a “bufunfa”.
(Nestor) –
Ih, meu amigo, mas isso não funciona assim mesmo!! Primeiramente
você tem de montar um plano de negócios. É ele quem vai
nortear todos os seus passos para que você se dê bem na sua
empreitada. No plano de negócios vão estar especificados os
principais fatores necessários para a criação de um
empreendimento, entendeu seu “apressadinho” ?
(Reinaldo)
– Mas diz aí então, qual é a vantagem desse plano de negócios?
(Nestor
muito empolgado) – Olha, na real não existe plano que garanta o
sucesso do empreendimento, porém esse plano proporciona uma série
de vantagens.
(Reinaldo)
– Como assim?
(Nestor) –
Quando tiver de ir aos bancos pedir empréstimo este plano se
revelará um poderosíssimo documento, pois será através dele que
você poderá justificar o seu desejo de abrir o próprio negócio.
Só assim o gerente irá constatar que você está respaldado com um
plano operacional, o qual provará, por A + B, a exiguidade de sua
ideia empresarial. Ah, e tem mais: demonstra que o empreendedor
Reinaldo está dando crédito e
confiabilidade à sua ideia porque já entendeu que se tratando de
negócios há que se considerar mercado consumidor, fornecedor,
concorrência pesada, propaganda, avaliação de lucros e
investimentos.
(Reinaldo)
– Muito Interessante!
(Nestor)
- Olha Reinaldo, a respeito daquilo que você pensa: que o empresário
só gasta a “grana”, acho melhor você se informar bem sobre
empreendedorismo antes
de iniciar seu negócio. Na certa não será como você está
pensando. Sei que abrir um negócio não depende só da vontade de
ganhar dinheiro, mas de competência. Apenas a intenção não é
suficiente. Você precisa conhecer muito sobre o negócio e ter
capacidade para administrá-lo com efetividade.
(Reinaldo)
- Sem essa Nestor, me encontre daqui a alguns anos e verá a
encarnação do sucesso. Tchau!
Exemplo de um comportamento pouco empreendedor
Maurício
e Rogério se conhecem desde a adolescência; muita bola e muitos
porres tomaram juntos. Tornaram-se adultos e cada um seguiu uma
profissão. Maurício, meio que sem vontade, passou no concurso para
um Banco na cidade onde morava. Mas como naquela época ser bancário
significava trabalhar meio expediente e ganhar razoavelmente bem, ele
contentou-se e, assim que pode, abandonou a faculdade de Agronomia.
Já
Rogério não teve a oportunidade de seguir adiante nos estudos;
ainda menino acompanhava o pai, entregando cargas pelas estradas
deste país. Assim, ao completar 18 anos virou caminhoneiro também.
Adora aventuras e de preferência no litoral Nordeste: regado a sol,
água de coco e gente bonita.
Com o
passar dos anos, ambos sentiam que não estavam felizes em suas
atividades profissionais e sempre que se encontravam comemoravam,
choravam suas mágoas e sonhavam em trabalhar por conta própria, sem
patrão e horários rígidos. Reclamaram tanto que Deus resolveu
ouvir o pedido deles! Passados uns dois meses após seu último
encontro, os dois estavam desempregados.
(Na
calçada de uma rua qualquer – MAURÍCIO E ROGÉRIO - se
encontram.)
(Rogério)
– Você por aqui a esta hora?
(Maurício)
– Pois é amigo. Sabe, fui fazer minha rescisão de contrato, estou
desempregado. Fui pressionado a pedir demissão, sabe como é aquele
papo de enxugar a máquina?
(Rogério)
– Não diga! Cara, eu também perdi meu emprego... Ah, vamos
tomar um cafezinho que te conto tudo.
Naquela
tarde mesmo eles resolveram abrir um negócio juntos, já que
compartilhavam o mesmo desejo e, até porque, para voo solo a
grana não era suficiente. Afoitos para se tornarem proprietários,
embarcaram na primeira oferta que lhes fizeram e, sem se informarem
acerca das regras e procedimentos que envolvem um empreendimento,
decidiram pegar a quitanda que fulano de tal, que sabe lá por quais
motivos, estava passando adiante.
Negócio
fechado, festinha de inauguração, começaram a trabalhar. Só que
não se preocuparam em conversar com o antigo proprietário para
perguntar coisas fundamentais, como por exemplo: Quem seriam seus
fornecedores? Seriam eles rápidos e eficientes em suas entregas,
reposição e trocas de mercadorias, primando pela qualidade e
excelência? Quando se trata de produtos alimentícios, isto é uma
baita responsabilidade, não é mesmo?
Não
perguntaram nem a si próprios se iriam continuar atendendo apenas a
clientela antiga ou se deveriam desenvolver estratégias visando a
conquistar maior número de consumidores; ou ainda, inserir alguma
prestação de serviços, como por exemplo, recebimento de luz, água
e telefone.
Acreditavam
que para um negócio dar certo só era necessário ter alguém que
entendesse de contas a pagar, recebimento, prazos a cumprir, saldo
devedor, receitas e despesas, anotações e conferências e fluxo de
caixa. E se tem uma coisa de que Maurício, orgulhosamente saca é de
planejamento e monitoramento sistemático, pois afinal, já trabalhou
anos a fio num Banco.
Acontece
que essa concepção de empreendedorismo é inconsistente
porque, como vimos até agora, existem outras características do
comportamento empreendedor que precisam estar presentes.
O
movimento na venda estava abaixo de suas expectativas, mas acharam
que isso deveria ser inerente a todo período de transição e logo
iria melhorar. Afinal, eram tão populares na cidade que todo mundo
iria querer comprar na quitanda deles.
Porém,
chegou no 5º mês de funcionamento e o negócio ia de mal a pior.
Decidiram, então, que tinham de tomar alguma atitude. E foi assim,
sem avaliar os prováveis fatores responsáveis pela crise, e sem
perceberem a delicadeza da situação e os riscos que corriam, que
tomaram a atitude menos indicada: dispuseram o restinho do capital de
giro da empresa numa reforma estética. Pode ???!!! Resultado: falta de planejamento para tomar a decisão correta levou ao fim do negócio.
Então é isso leitores. O texto serve para nos acordar sobre o fato que abrir uma empresa num país em crise como o Brasil não é fácil e menos ainda é manter o negócio funcionando. Não dá para o empresário tratar o negócio de qualquer jeito, com o lápis atrás da orelha e focar seus esforços apenas internamente. A concorrência existe, tem força e só se sobressaem aqueles que trabalham duro e tem ideias criativas para se levantar e encontrar soluções para resolver os problemas. Não é só dizer: cansei de ser empregado e vou abrir meu negócio para poder esfriar a cabeça, muito pelo contrário.
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