Os
contratos futuros são instrumentos em que as partes fixam
compromissos de compra e venda de uma determinada commodity,
ativo financeiro ou índice para liquidação futura, isto é, o
contrato futuro é um acordo de compra e venda de um dado bem, por um
certo preço, em determinada data futura.
Vamos imaginar que você
seja um comerciante que, em janeiro, compra uma determinada
commodity, por exemplo, algodão. Você terá condições de
vender essa mercadoria só em março. Toda e qualquer variação no
preço do algodão, entre a data da compra e da venda, correrá por
sua conta. Seu risco é a queda do valor do algodão. Para não
correr esse risco, você tem a alternativa de vender no mercado
futuro esse ativo. Se o preço da revenda, em março, cair, você
terá uma perda no mercado à vista. Todavia, você será compensado
pelo ganho no mercado futuro. Se, ao contrário, os preços à vista
subirem, você perderá no mercado futuro, tendo como contrapartida
um ganho no mercado físico (à vista). Você poderia raciocinar da
seguinte forma: esse hedge parece não funcionar, pois se
ganha de um lado e se perde do outro. “Isso é um conundrun1!”.
O raciocínio foi bom, mas não é assim que as coisas acontecem. No
mercado futuro, você fixa seu spread por meio da diferença
entre o preço futuro e o à vista.
Quando um
negócio é fechado no mercado futuro, as partes envolvidas
(comprador e vendedor) não mais se relacionam. A câmara de
compensação da Bolsa faz a parte de comprador para o vendedor e de
vendedor para o comprador. Esse procedimento faz com que a
credibilidade da contraparte não seja considerada. Se não existisse
o mercado futuro, os produtores, exportadores, os bancos que
emprestam e as instituições que carregam títulos, inclusive do
governo, seriam "especuladores", pois não teriam
alternativa para hedgear suas posições.
1- Hedger:
busca proteção contra oscilações de preços de produtos
referentes à sua atividade. Por exemplo: um produtor de algodão que
quer fixar o preço de venda futuro.
2- Especulador: tem
opinião sobre o comportamento dos preços futuros e age conforme sua
convicção. Opera sem ser o ativo objeto das negociações no
mercado futuro sua atividade principal. Quer auferir lucro em troca
do risco. Fornece liquidez ao mercado, abrindo posições em função
de suas perspectivas de alta ou queda nos preços.
3- Arbitrador:
opera em mais de um mercado simultaneamente, visando a obter lucro
com baixo risco. Aproveita-se de distorções de preços dos
mercados. Homogeneíza as taxas de diferentes mercados:
Para se
anular uma compra futura, basta vender um contrato com a mesma data
de vencimento. A intercambialidade só é possível graças à
padronização, que gera liquidez,
O ajuste
diário faz com que, tanto as posições vendidas quanto as
compradas, sejam colocadas a preços de mercado. Isso é feito por
meio do preço de ajuste que, geralmente, é o preço de fechamento
nos mercados bem líquidos ou a média dos preços da última meia
hora de negócios, em mercados com menor liquidez.
As Bolsas
podem definir o preço de ajuste por meio do seguinte procedimento: o
pregão é reaberto para o contrato e, com base em normas já
estabelecidas, a Bolsa analisa as ofertas de compra e venda e de
negócios realizados, definindo o preço de ajuste. Esse processo
chama-se "call de fechamento". Se os preços sobem,
os que possuem posições vendidas pagam, pois perderam. Os comprados
ganham, pois seus "ativos futuros" valorizaram-se.
Poderíamos raciocinar da seguinte maneira: hoje vendi futuro um dado
ativo objeto por R$ 100,00. Se o preço subir, digamos para R$
110,00, eu perdi R$ 10,00, já que vendi por R$ 100,00 algo que está
valendo R$ 110,00. O ajuste diário é feito para cada contrato e
liquidado em dinheiro no dia útil seguinte. Essa tarefa é
atribuição da câmara de compensação, que representa os
compradores e os vendedores. O ajuste diário pode se constituir num
risco, pois podem assumir valores não previstos em situações de
stress. A título de ilustração, vamos supor que compramos,
em Do, 100 contratos de US$ para vencimento em DV.
O preço
foi de R$ 1,20, e sabemos que, conforme especificação da BM&F,
cada contrato vale US$ 100.000,00.
No dia
seguinte, D4, o preço abre em alta e, quando atinge o valor de R$
1,24, vendemos toda a posição.
Data
|
Preço
Compra
|
Preço
Venda
|
Preço
de
ajuste
|
Valor
do ajuste
Em
R$
|
Saldo
de
Caixa
|
D0
|
1,20
|
-o-
|
1,22
|
(1,22-1,20)*100*100.000
=+200.000 |
-o-
|
D1
|
-o-
|
-o-
|
1,19
|
(1,19-1,22)*100*100.000
=-300.000 |
+200.000,00
|
D2
|
-o-
|
-o-
|
1,19
|
(1,19-1,19)*100*100.000
= 0 |
-
100.000,00
|
D3
|
-o-
|
-o-
|
1,21
|
(1,21-1,19)*100*100.000=
+200.000 |
-
100.000,00
|
D4
|
-o-
|
1,24
|
-o-
|
(1,24-1,21)*100*100.000=
+300.000 |
+100.000,00
|
D5
|
(
1,24 – 1,20 ) * 100 * 100.000 = + 400.000,00
|
+400.000,00
|
No
exemplo, os R$ 400.000,00 foram formados conforme a coluna saldo de
caixa e é exatamente igual a (1,24 -1,20)*100*100.000. Nos exemplos,
não iremos considerar os ajustes diários, corretagens, taxas,
impostos e emolumentos, a título de simplificação, apesar de
influírem nos resultados das operações. O contrato futuro é
normatizado quase que integralmente, somente o preço do ativo é
livremente negociado. O contrato futuro é diferente do contrato a
termo, neste tanto a entrega do ativo quanto seu efetivo pagamento
são deferidos para uma data futura.
Conundrun:
termo usado, algumas vezes, no mercado financeiro que significa
enigma.
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