quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Moeda: funções e características

A moeda representa valor. A moeda é desejada: não por ser moeda e sim pelos bens e serviços que se podem obter com ela. A moeda é um ativo que pode ser utilizado de forma tempestiva na aquisição de um bem ou um serviço. A moeda é uma convenção social e enquanto as pessoas puderem utilizá-la para suas despesas ela será aceita. Pleonasmo: a moeda é aceita porque é aceita!

“A moeda é o moderno meio de troca e a unidade-padrão na qual são expressos os preços e as dívidas. Ao controlar o comportamento da moeda e do crédito, o governo, através (sic) de seu Sistema da Reserva Federal, pode esperar influir no equilíbrio das despesas com poupança e investimento, no nível do PNB1 real e monetário, na taxa de inflação2 do nível de preços. Ao acelerar ou moderar o crescimento do meio circulante3, a Reserva Federal4 pode esperar elevar ou baixar as interseções de C + I + G... Nisso reside a importância vital da teoria monetária.
Limitação do meio circulante é a condição necessária para que o dinheiro tenha o seu valor. Se a sua quantidade fosse ilimitada a ponto de torná-lo praticamente um bem livre, haveria tanto dinheiro para se gastar que todos os preços, salários e rendas sofreriam uma alta astronômica. Eis por que nunca se concedem poderes constitucionais sobre o dinheiro e o sistema bancário a grupos particulares, mas sempre se deixa esses poderes em mãos do governo.”5 “Presidentes de Banco Central administram dinheiro, o fundamento da economia capitalista. Que, entretanto, é um mito, isto é, um símbolo de um símbolo que precisa parecer natural”.
Os clássicos queriam que o dinheiro fosse real, representando uma determinada quantidade de ouro. Mas o ouro é outro mito — vale porque vale. Mais tarde, as crises revelaram que o dinheiro real era um mito. Hoje, dinheiro real e dinheiro mito foram superados pela ideia de que o dinheiro tem valor estável quando há “convergência de expectativas”… Mas expectativas são formadas a partir de expectativas: eu sei que você sabe que eu sei.
É o novo mito que estabiliza o valor ao dinheiro.” (João Sayad, 6/2/2006, no jornal Folha de S.Paulo, página A2) Pensa-se que as primeiras moedas tenham aparecido na Lídia (hoje Turquia) – no século VII antes de Cristo e teriam sido cunhadas pelo rei Gyges – e também no Peloponeso, no sul da Grécia, com o nome de elétron. O papel-moeda apareceu no século IX, na China. Começou a ser utilizado na Europa no século XVII.
Pela facilidade de transporte e manuseio espalhou-se com rapidez e passou a substituir a moeda metálica, (possibilitou também o aumento, muitas vezes indiscriminado, do meio circulante). A moeda representa o dinheiro. A moeda só tem valor pelos bens ou serviços que ela pode adquirir. A moeda substituiu o escambo – permuta de bens por outros bens, sem haver a utilização do dinheiro; com a moeda bens são trocados por moeda e a moeda trocada por bens. A moeda é a expressão da liquidez.



    Funções da moeda:

  • Intermediária de trocas: superação da autossuficiência, superação do escambo, liberdade de escolha dos bens e serviços, diminuição do tempo de transações, facilidade no processo de produção: maior número de bens e maior quantidade, facilidade no processo de distribuição, divisão do trabalho, escolha de quais bens são preferíveis e em que quantidades, utilização melhor dos recursos escassos, racionalidade maior, competitividade maior, aumento da eficiência econômica.
  • medida de valor: unidade padrão de medida, denominador comum dos bens, valoração (contabilidade), comparação entre diferentes bens e serviços.
  • Reserva de valor: armazenar riqueza, potencial de consumo, imprevistos futuros, liquidez.
  • função liberatória: curso forçado (aceitação pela sociedade), liquidar passivos.
  • pagamentos diferidos: crédito (capital de giro e capital fixo), escoamento do processo produtivo (pré-requisitos: curso forçado, medida de valor e reserva de valor).



    Características da moeda:

  • 1º) alta durabilidade e confecção apurada: resistência, grande dificuldade para falsificação.
  • 2º) homogênea facilidade de conhecimento do seu valor.
  • 3º) divisibilidade: múltiplos e submúltiplos.
  • 4º) transferível: ao portador: a menor segurança é largamente suplantada pela facilidade operacional.
  • 5º) facilidade de manuseio.
É possível dividir as moedas em vários grupos:
  • 1º) Mercadoria moeda: tem valor intrínseco e também é utilizada como meio de troca; por exemplo, moedas de ouro.
  • 2º) Moeda metálica: tem pequeno valor intrínseco e pequena denominação.
  • 3º) Moeda legal ou moeda de curso legal: são as notas e devem ser aceitas na liquidação de débitos, sob sanções legais, tem curso forçado.
  • 4º) Moeda corrente: é, geralmente, aceita pela sociedade como moeda e não tem curso legal, são os depósitos bancários transferidos por meio de cheques.
Existem várias vantagens de uma economia monetária sobre as antigas sociedades que praticavam as trocas diretas:
  • 1º) Evitar dupla coincidência de necessidades.
  • 2º) Permitir a separação entre a venda de um objeto e a compra de outro.
  • 3º) Especializar o trabalho.



1 Produção de bens e serviços de uma nação, num determinado intervalo de tempo.
2 Inflação: alta generalizada dos preços.
3 Moeda em circulação e depósitos bancários.
4 Federal Reserve System: são as organizações que formam o sistema bancário central americano.
5 Paul A. Samuelson – prêmio Nobel de economia – em seu livro “Introdução à análise econômica”, Livraria AGIR Editora.

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