Uma
característica básica que distingue o GECON da contabilidade
tradicional está na visão sistêmica que ambos apresentam sobre a
empresa. Quando se busca analisar a empresa sob a ótica da
contabilidade a informação que se consegue é financeira. É fato
que se obtém 1 Texto
extraído da Internet, mas que não apresenta informações para
acrescentá-lo na bibliografia (Desconhecido 2007) dados detalhado
dos juros, da depreciação, de como o ativo foi aplicado, qual é à
margem de contribuição por produto específico. Mas isso não vai
muito além. O GECON, ao contrário, funciona como um software,
processando dados e gerando informações em tempo hábil para a
tomada de decisões estratégicas.
Se no
ativo é mostrado o quanto que o maquinário já foi depreciado, no
GECON os gestores têm a disposição o banco de dados que apresenta
quanto vale realmente aquele maquinário de modo amplo: não fica
apenas na taxa de depreciação ou na vida útil; tem seu valor
atualizado e corrigido conforme os processos que utiliza (como por
exemplo, consumo de energia, horas, produtos) e também quanto
valeria ao valor presente no mercado.
O GECON é
flexível conforme as necessidades da organização, trabalhando com
ela como um sistema aberto e dinâmico, com objetivos próprios que
justificam sua existência. Conforme comenta R. V. Santos (R. V.
SANTOS 2005) “o objetivo fundamental no sistema empresarial é a
missão, onde a empresa como uma instituição social e organização
de talentos formando um todo, tem na missão aperfeiçoar a
satisfação das necessidades humanas”. Para atingir tal objetivo
surge a eficácia organizacional, que segundo Masayuki Nakagawa, a
eficácia
está
associada diretamente com os resultados e produtos oriundos das
atividades operacionais da empresa, em conformidade com suas metas e
objetivos que frisam a consecução da sua missão básica (NAKAGAWA
1993).
É na
missão e visão que a organização define a escolha de atividades e
segundo esta deve ser feito o modelo que seja melhor para atender
suas metas e necessidades. A seguir é apresentado o trecho do
Relatório Anual de 2008 da Alpargatas sobre a visão e missão da
empresa e observe o tipo de informação publicada por um relatório
anual: Visão: Ser uma empresa global de marcas desejadas em artigos
esportivos, calçados e têxteis industriais e;
Missão:
Desenvolver e comercializar produtos inovadores, de alto valor
percebido, com qualidade e rentabilidade classe mundial e criação
de valor para os acionistas, funcionários, fornecedores e clientes,
atuando com responsabilidade social e ambiental (CIA ALPARGATAS DO
BRASIL S/A 2009).
E
confrontando esses conceitos com a idéia de demonstração de
informações que sirvam a formação e justificativa de estratégias
tem-se o que escreve Martin (2002):
Embora
os sistemas contábeis possam proporcionar taticamente mensurações
a respeito dos custos dos recursos utilizados pela empresa, eles, por
exemplo, nada dizem a respeito do por que estratégico da utilização
destes recursos e também ignoram a dimensão do valor. Todavia, as
empresas vivem hoje o chamado imperativo do valor, segundo o qual as
transformações produtivas e executadas pelas empresas devem
produzir valor através de seus bens e/ou serviços. Esse valor deve
ser gerado de forma concomitante e equilibrado, tanto para o
cliente/consumidor, em termos de custos, tempo, qualidade e outras
dimensões de sua satisfação, quanto para os
investidores/acionistas, em termos de retorno financeiro e de sua
aplicação de recursos na empresa (MARTIN, 2002).
Como já
foi comentada na introdução desse capítulo, a gerência das
empresas utiliza-se da contabilidade e da controladoria para a tomada
de decisões. A primeira utiliza-se das demonstrações contábeis,
facilitando a análise de informações de maneira organizada e desse
modo, processando-se a análise de fatos administrativos. Assim
sendo, as informações extraídas desse modelo vão se concentrar em
dados numéricos registrados em um período já encerrado,
mensuráveis monetariamente e sob um formato padronizado.
Por outro
lado, já a controladoria por sua vez é a área de responsabilidade
interna à empresa e centrada como um sistema de informações,
processando informações das demais áreas de responsabilidade na
empresa referentes aos fatos e atos administrativos, na busca de
eficácia organizacional na produção de bens e serviços. Apenas
pelos conceitos fica clara a idéia de que a controladoria foi criada
para dar o apoio às tomadas de decisão de forma que estas sejam
exatas, beneficiando a organização e fazendo-a chegar ao resultado
proposto.
Mas é
claro que o ponto de divisão entre a contabilidade comum e a
gerencial e mesmo a moderna controladoria não é assim tão visível.
Como explica Iudícibus (1987) que aponta relatórios como o Balanço
Patrimonial, a Demonstração de Resultado do Exercício e a
Demonstração de fontes e Usos de Capital de Giro Líquido como
possíveis fronteiras entre contabilidade financeira e gerencial
(IUDÍCIBUS 1987, 16). Pois bem, contabilidade e controladoria são
diferentes, mas por quê? Qual a diferença, afinal, não é ligada
as finanças da empresa?
A
diferença básica encontra-se no tipo de informação gerada pelas
referidas áreas. A contabilidade convencional – contabilidade
financeira – gera informações padronizadas, sendo rigidamente
dirigida pelas normas, convenções, resoluções e leis do País. No
caso do Brasil, estes padrões e estas normas estão na Lei das
S.A.’s, nas normas expedidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM –,
pelo Banco Central, Secretaria da Recita Federal e lei constitucional
entre outros. Como Martin (2002: 8) adverte:
Nada
mais contraproducente e até mesmo perigoso para um tomador de
decisões do que trabalhar com um modelo imperfeito. Determinados
modelos ficam irremediavelmente ultrapassados quando se mostram
incongruentes e sem capacidade explicativa em relação à realidade.
O modelo de uma terra plana é dessa natureza. Outros modelos, por
sua vez, podem evoluir, não só representando melhor uma realidade
mais complexa através da incorporação de novas variáveis, mas
também permitindo ao tomador de decisões a oportunidade de simular
ou projetar dinamicamente possíveis estados ou resultados futuros. O
modelo contábil-financeiro está nessa ultima categoria (MARTIN,
2002).
E com base
no trecho acima é possível inferir que a contabilidade tradicional
é um modelo que está ficando para trás no quesito informação
para tomada de decisão, embora ainda seja muito útil e amplamente
utilizado. É um modelo que carece de atualizações para continuar
servindo à geração de informações que tragam soluções e
decisões.
Mas por
que o modelo contábil-financeiro precisaria evoluir? Segundo Martin
(2002):
Como
em qualquer outra área do conhecimento humano, as inovações em
termos da contabilidade de apoio à gestão sempre aconteceram em
consequência ou resposta a necessidades de informação. No século
XV, a contabilidade de dupla entrada foi inventada para atender às
necessidades de controle dos mercadores venezianos. A partir do
nascimento da revolução industrial, o primeiro sistema de custos
foi criado para que houvesse uma compreensão dos recursos que
estavam sendo empregados nos produtos das novas fábricas. No século
XIX, a invenção das estradas de ferro e do telégrafo encorajou a
dispersão das atividades econômicas em vastas extensões
territoriais e testemunhou o advento de grandes companhias de
distribuição, fazendo com que novos indicadores
contábil-financeiros fossem usados para avaliar o desempenho de cada
um desses centros de negócios, muitas vezes separados entre si por
imensas distancias. No final do século XIX, houve o surgimento dos
primeiros conglomerados empresariais que forçaram a tecnologia
contábil a adaptar-se para controlar o desempenho e consolidar as
atividades de empresas com múltiplas subsidiárias e unidades de
negócio. Com o advento da administração cientifica de Taylor e
Fayol, no inicio do século XX, foram criados padrões de tempo e
qualidade para a administração da atividade industrial e a
contabilidade com a criação dos sistemas de custo-padrão (MARTIN,
2002).
E o que a
análise financeira das demonstrações contábeis e a contabilidade
de custos poderiam ter em comum ou mesmo em agregar à contabilidade
gerencial? Segundo Iudícibus (1987): “A análise financeira de
custos e a de balanços, por exemplo, tanto podem servir para o
empregador de dinheiro na avaliação da segurança do retorno do
empréstimo ou financiamento como para a gerência na avaliação de
tendência da empresa. Provavelmente, ambos se utilizarão de um bom
número de índices calculados da mesma forma, com ênfases
diferenciadas” (IUDÍCIBUS, 1987, p. 16).
Para se
gerar uma informação contábil, o contador da empresa utiliza-se de
ferramentas da contabilidade, quais seja o Balanço Patrimonial, a
Demonstração de Resultado do Exercício, a Demonstração de Fluxo
de Caixa, Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido,
Notas
Explicativas e Demonstração de Origens e Aplicações dos Recursos.
Logo, segue demonstrações padronizadas, com regras e com tipo de
informação e aparência obrigatórias para determinados tipos de
empresas. Mas ainda assim, tendo em mão todos os demonstrativos
contábeis da empresa, o que falta ao contador de custos tradicional
em relação ao controller ou contador gerencial. Iudícibus
(1987) responde a essa questão assim “um contador de custos
tradicional, por exemplo, que não tenha sido exposto à ênfase da
contabilidade gerencial, ao apurar as variações entre o custo
orçado e real, limitar-se-á a informar tais variações e a incluí-
las ou não na demonstração de resultados.
Um
contador “com mentalidade gerencial” vai utilizar tais variações,
até o extremo grau possível de detalhe, para tentar enveredar um
inicio de contabilidade por responsabilidade ou, pelo menos, para
discernir quais as áreas que merecem uma investigação maior, por
causa das variações apuradas (IUDÍCIBUS, 1987, p. 17).
E ainda
como explicam Rocha e Selig (2009) em relação à contabilidade de
Custos: “A contabilidade de custos sob um enfoque predominantemente
gerencial deve estar concentrada em gerar informações mais
analíticas, produto de analises e interpretações mais detalhada
dos fatos, assumindo assim um caráter preditivo e não mais
histórico” (ROCHA e SELIG 2009).
Segundo
Martin (2002) “o século XX também assistiu ao imenso
desenvolvimento dos mercados financeiros e à emergência das
empresas abertas, que são aqueles que têm seus títulos de
participação ou de empréstimos negociados nesses mercados”.
Para
atender aos interesses externos nos mercados financeiros a
contabilidade geral teve que se adaptar, padronizando princípios na
elaboração das demonstrações contábeis. Os usuários das
informações produzidas pela contabilidade da empresa, como
gestores, acionistas e governo nem sempre tem profundos conhecimentos
que permita a eles um pleno entendimento da informação gerada. E
continuando o raciocínio de Martin (2002):
Entretanto,
o Fisco, em todos os países do mundo, logo se aproveitou dos
impostos sobre o lucro empresarial, também fossem preparados segundo
tais diretrizes, sempre adicionando, é claro, restrições e
aditivos, que somente atendem aos seus próprios interesses de
arrecadação. A elevadíssima burocratização, catalogação,
regulamentação, desvio do foco gerencial e subordinação aos
interesses fiscais, que ocorreram nesse ramo da contabilidade nas
cinco ultimam décadas, fizeram com que ele se tornasse quase
totalmente incapacitado para servir às finalidades da gestão
empresarial. Não obstante, ao se falar em contabilidade no Brasil,
mais de 80% das empresas – e um percentual igual de contadores –
trabalham apenas com este tipo de contabilidade (MARTIN, 2002, p. 9).
O gestor
ou o presidente da empresa precisa de informações especiais, uma
vez que com base nos dados que recebe toma suas decisões que
nortearam os rumos da sociedade empresarial. Mas como que o gestor
terá as informações que precisa se 80% dos contadores não dedicam
seu tempo aprimorando técnicas de contabilidade gerencial ou de
controladoria e prendem-se apenas as obrigações impostas pelos
fiscos do País?
A
contabilidade gerencial, apesar disso não parou de evoluir. A
contabilidade gerencial ainda conseguiu responder com algumas
inovações técnicas. É um exemplo dessa resistência da
contabilidade gerencial o Activity Based Costing – Custeio
ABC, os custos de qualidade e o target costing.
O Custeio
ABC será visto mais a frente, mas, apenas como comentário, é
adiantado a seguir por Rocha e Selig: “Neste sistema, os custos
variáveis são alocados diretamente ao objeto de custeio, enquanto
que, os custos indiretos são rastreados e na impossibilidade de
efetuar-se tal rastreamento, eles são rateados. Portanto, todos os
custos são absorvidos pelo objeto de custeio, seja através da
alocação do rastreamento, ou do rateio” (ROCHA e SELIG 2009).
Mas, na
ultima década do final do século XX já havia uma grande e
generalizada percepção de que essas últimas iniciativas e criações
dos ambientes corporativos ainda não seriam suficientes e sendo
assim, não conseguiriam adaptar integralmente o modelo e a
metodologia contábil às necessidades informativas da moderna
gestão, em condições de “elevadíssima volatilidade e contínuas
mudanças. Segundo Martin (2002): “As causas dessa forte
volatilidade são muitas e se reforçam mutuamente.
A
globalização dos mercados de produtos e de capitais, por exemplo,
leva os países a ter de adaptar continuamente suas economias para
conseguir maior abertura e competitividade, com diferentes graus de
sucesso. “[...] em cada empresa, essa extrema volatilidade leva
inevitavelmente a uma reorientação de sua administração para o
nível estratégico, dando ênfase menor ao nível tático”
(MARTIN, 2002).
Logo, a
volatilidade leva a empresa a focar-se mais no planejamento, isto é,
onde se tomam as decisões sobre que fazer (como o quê, quando e
onde produzir, o que imobilizar) e diminuem o nível tático, quando
se decide como executar o já planejado (por exemplo, tempo de
produção, níveis de atendimento, qualidade dos produtos e
serviços, etc.).
A
controladoria, sob este contexto, surgiu por que a contabilidade
evoluiu com velocidade mais lenta ao ritmo dos negócios. A empresa
cria o departamento de controladoria da forma que melhor sirva a seus
interesses, sem a necessidade de seguir padrões. A controladoria
surge então, devido à Evolução da Contabilidade dar-se em ritmo
mais de vagar aos dos negócios corporativos. Antigamente, não se
premiava um funcionário. A evolução fez ser necessária a
remuneração e a contabilidade não se adaptou a isso. Para o
usuário buscar essas informações vai à controladoria.
A
contabilidade vem se desenvolvendo em nível inferior aos das
corporações e nesse cenário surgiu a controladoria e suas
ferramentas de controle e desempenho estratégicas para o melhor
desenvolvimento dos negócios. Como explana Coutinho (2004):
No
início dos anos 90, as organizações passaram a incorporar a visão
de processos nos negócios na busca pela qualidade, produtividade e
eficiência gerencial. As idéias de Hammer de reengenharia e todo o
movimento internacional de normalização ISSO e pela qualidade
total, influenciaram e continuam influenciando fortemente os padrões
da indústria. Alguns anos mais tarde, a própria tecnologia de
informação passou a incorporar o conceito de processos de negócios
nos chamados sistemas de gestão empresarial através dos ERP’ s –
Enterprise Resource Planning. Ao programar os sistemas ERP, muitas
organizações foram convidadas a refletir sobre o fluxo de
atividades que entrega valor ao cliente (a chamada cadeia de valor).
Funções empresariais como suprimentos, logística, vendas,
produção, engenharia, até então entendidas como atividades
isoladas em “silos” do negócio, foram repensadas em fluxos
lógicos e integrados, a exemplo do processo ‘Compras até
Pagamento’, ‘Vendas até Recebimento’ e ‘Do Contato ao
Contrato com Cliente (COUTINHO 2004)’.
Na virada
do século XIX não havia petróleo, química avançada nas
indústrias, engenharia de ponta. No século XX surgiu a Ford, que
produzia o seu carro modelo T, mas, com o passar do tempo,
todos queriam e tinham o veiculo automotor e era fácil saber se a
empresa tinha lucro e qual o seu valor.
Porém,
quando os pedidos aumentaram, o presidente da Ford teve que ampliar o
negócio e em decorrência disso, ele sozinho não podia mais
controlar e administrar todas as operações da empresa sem
descentralizar gerencia, além do fato de que a empresa sozinha não
dava mais conta de produção ao ponto de suprir toda demanda. O
presidente da Ford então passou a ficar apenas na gerência da
empresa, apenas na tomada de decisões e para tanto, precisaria de
novos tipos de informações.
Uma
empresa é competitiva para seus investidores, isto é, seus
proprietários e demais acionistas, se, ao menor risco possível, for
capaz de cumprir duas condições de remuneração do capital que
investiram. Primeira: éter capacidade de prover,curto prazo, um
retorno superior a media das outras empresas do mesmo ramo de
negócios. Segunda: fazer com que tal retorno, a médio e longo
prazo,nos igual à taxa de rentabilidade mínima esperada pelos
investidores, que é o custo do capital próprio. Em outras palavras,
uma empresa deve assegurar um fluxo estável, sustentável e adequado
de retorno aos seus investidores, realizando um equilíbrio
financeiro entre os objetivos de curto e de longo prazo (MARTIN,
2002).
Dessa
forma conclui gerem valor aos clientes e que seus processos tragam o
retorno mínimo esperado pelos investidores superior a média no
curto prazo e igual à taxa de rentabilidade esperada no médio e
longo prazo. Veja-se a figura a seguir, extraída de Martin (2002):
Figura 15-2: Produção de
Valor Empresarial
Não há
como negar que com a globalização e evolução tecnológica dos
processos, as organizações apenas conseguirão se mantiverem
atuantes no mercado se mobilizarem seus recursos em prol da geração
de valor, submetendo seja, “será tão mais bem sucedida quanto
maior for o valor que produzir para os clientes e
para os
investidores e, mais importantes, quanto maior for o diferencial de
valor que obtiver em relação à concorrência, pois somente assim
poderá assegurar a preferência dos atuais e potenciais clientes e
investidores” ((MARTIN, 2002).
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