sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Da contabilidade à controladoria


O homem vem apresentado inúmeras mudanças desde a criação da Ciência Contábil até os dias atuais. E a contabilidade, como sendo ciência humana teve que se adequar às novas necessidades de informações dos agentes econômicos do mercado. Para as grandes corporações não é mais possível traçar rumos estratégicos apenas com informações extraídas dos balanços sem antes serem lapidadas conforme a necessidade dos stakeholders.


Da mesma forma, de que valeriam as informações dos balanços se estas apenas mostrassem dados padronizados (e até mesmo defasados ou em desacordo com a realidade) e que não sirvam para tomada de decisões. E como explica Martin (2002) às decisões empresariais não podem se basear tão somente em dados padronizados e com usuários reconhecidamente externos, sendo óbvio que as decisões empresariais precisão de informações relevantes para dar fundamentação à orientação, o que resultou na grande difusão de sistemas integrados de informação nos quais a contabilidade é apenas um pequeno capítulo, poderia estar dando início, em termos mundiais, à liquidação final da contabilidade gerencial (MARTIN 2002).

Como alerta Nilton Cano Martins em seu artigo “da Contabilidade à Controladoria: a evolução necessária” neste início do século XXI, já se tornou óbvio que o ambiente moderno dos negócios uma contabilidade gerencial, com base num modelo exclusivamente financeiro não mais consegue propiciar as informações necessárias para dar apoio à gestão das empresas nas suas mais importantes decisões. Segundo Martins, para servir a tomada de decisão o modelo contábil-financeiro precisa ser estendido e flexível, incorporando e integrando novas dimensões e novos instrumentos de pesquisa e avaliação. O que leva a Controladoria; que faz a identificação e a avaliação de variáveis, que tem elevado impacto sobre os resultados das empresas, tais como o valor dos produtos, os processos de trabalho e os recursos intangíveis mobilizados. Segundo o referido autor, o resultado alcançado pela área da controladoria configura um quadro geral de avaliação do desempenho, que não apenas tem poder explicativo sobre o estado atual da empresa, mas também permite projeções e simulações de qualquer empresa (MARTIN 2002). Com a dinâmica dos mercados e da globalização e as novas necessidades corporativas os serviços do contador comum não eram mais capazes de suprir às novas exigências. Como afirma Iudícibus (1987) às informações produzidas pela contabilidade gerencial são feitas de maneira a encaixar respostas à administração, voltadas exclusivamente para o atendimento dos objetivos pretendidos pela presidência empresarial (IUDÍCIBUS, Contabilidade gerencial 1987). É neste ponto de a controladoria se insere com modernas técnicas para mensurar corretamente os números e extrair as informações úteis, como é o caso do GECON, objeto desse estudo.
Para continuar esse trabalho convém levantar a seguinte questão: o que vem a ser essa Controladoria? A controladoria é uma atividade desenvolvida pela área da controladoria da empresa. Controladoria, antes de qualquer coisa, é diferente da conhecida contabilidade, vista amplamente até o presente capítulo. Conforme explica Martin (2002) a controladoria deve ser vista como o “pináculo da carreira do contador numa empresa” e levanta também a seguinte questão de como um contador pode tornar-se um moderno Controller (MARTIN 2002). Vale lembrar aqui que o autor parece se dirigir aos contadores, o que é natural, uma vez que o chefe da controladoria precisa de bons conhecimentos contábeis, no entanto há de frisar que esta não é ima regra obrigatória.
Quando se fala em controladoria se lembra logo em contabilidade gerencial. Neste ramo da contabilidade, o objetivo é fornecer informações obviamente gerenciais aos gestores da empresa. Como explica Iudícibus (1987), a contabilidade gerencial é responsável pela criação de relatórios sob medida para administração da empresa na utilização de fonte de decisões estratégias: “De maneira geral, portanto, pode-se afirmar que todo procedimento, técnica, informação ou relatório contábil, feitos “sob medida” para que a administração os utilize na tomada de decisões entre alternativas conflitantes, ou na avaliação de desempenho, recai na contabilidade gerencial. Certos relatórios financeiros são válidos tanto sob o ponto de vista do interessado externo à empresa quanto sob o ponto de vista da gerência” (IUDÍCIBUS 1987, 16).
Na contabilidade financeira são elaborados demonstrativos contábeis padronizados que servirão para tomada de decisão. Mas vale lembrar que nem todos os tomadores de decisão são profundos conhecedores das intrínsecas peculiaridades dos balanços. Nos demonstrativos há tantas fórmulas e regras que apenas contadores tem ampla capacidade de entendimento, interpretação e explicação suficientes para servir à tomada de decisões. Nesse ponto entra a contabilidade gerencial, traduzindo as informações aos gestores de forma mais prática. Conforme explica Iudícibus (1987):
A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a varias técnicas e procedimentos contábeis conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na de custos, análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades no processo decisório (IUDÍCIBUS 1987, 15).
E sendo assim, tanto a contabilidade financeira ou mesmo a controladoria de uma empresa trabalha sobre as demonstrações contábil-financeiras para o fornecimento de informações precisas sob os objetivos da organização. A imagem do contador tradicional para os demais profissionais está, consequentemente, totalmente ultrapassada. Nas ultimas décadas o contador da empresa apenas trabalha para o fisco a tal ponto que só é lembrado quando faz alguma coisa errada ou comete um acerto tão importante a ponto de causar reconhecimento. A empresa o vê como aquele alguém que trabalha para quem é de fora, fornecendo informações burocráticas apenas padronizadas e de modelos antiquados que na atendem às necessidades dos administradores.
E complementando esse raciocínio temos a seguinte lógica de Martins (2002) sobre a relação informação – decisão: “Toda e qualquer ciência deve possuir uma representação adequada da realidade com a qual vai trabalhar. A representação utilizada é fundamental, porque é dela que decorre a natureza das informações que irão constituir o quadro interpretativo ou modelo de realidade dessa ciência, o qual irá fundamentar o recolhimento das informações, que por sua vez, irão dar base às decisões” (MARTIN, 2002, p. 8).
E com isso, a seqüência completa proposta por Martin (2002) sobre o modelo seguido pela controladoria seria essa: representação leva à informação e esta, à decisão. Por meio desse modelo a controladoria tem uma simplificação da realidade mais próxima às necessidades dos usuários da informação contábil – que passa a ser gerencial. E de uma forma um pouco mais detalhada temos a figura extraída de Martin (2002) a seguir:



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