segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Aplicação do modelo GECON e comparação com o modelo contábil tradicional proposto por Silva (2006)

Durante este trabalho acadêmico foi comentada a função do modelo GECON como meio mais próprio para o auxílio nas tomadas de decisões estratégicas. Ao longo de todo este tópico é apresentado um exemplo da aplicabilidade do modelo de gestão econômica proposto pro Adão Ferreira Silva2, comum no cotidiano de muitas empresas e em conjunto, os demonstrativos contábeis Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. No decorrer dos cálculos se evidencia que o GECON não apresenta respostas prontas aos seus usuários, mas sim, meios de adaptação organizacional ao ambiente em que a entidade se apresenta num momento determinado, levando em conta todos os elementos que influenciam no desempenho organizacional e possibilitando parâmetros mais adequados para a tomada de decisões estratégicas (LIMA, et al. 2011, 198).

      Compra de equipamentos para ativo imobilizado

É bem comum nas empresas industriais a compra de maquinários. A contabilidade, com vistas ao atendimento das obrigações fiscais e sociais. No exemplo apresentado por Adão Ferreira Silva (2006) uma determinada sociedade anônima fez a integralização de R$400.000,00 de capital em seu caixa em primeiro de março de 2006, movimento registrado tanto pela contabilidade quanto pelo modelo GECON:
ATIVO
GECON
TRADICIONAL
PASSIVO
GECON
TRADICIONAL
CIRCULANTE
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
Caixa
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
Capital
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
ATIVO TOTAL
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
TOTAL PASSIVO
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
Na mesma data a empresa efetuou a compra de um equipamento avaliado em R$100.000,00, à vista do caixa. Contabilmente isso seria suficiente para o registro para a contabilidade (débito de imobilizado e crédito de fornecedor e depois débito do fornecedor e crédito no caixa) e posteriormente para os cálculos da depreciação. Por exemplo, poder-se-ia aplicar uma depreciação de 10%, resultando em um imobilizado líquido de R$90.000,00, depreciação acumulada de R$10.000,00 e despesa com depreciação de R$10.000,00 até março de 2007. No entanto, no modelo de gestão econômica essa informação é fraca, carecendo de no mínimo, dados referentes ao custo horário por mês consumido pela máquina, sua vida útil, a manutenção por hora mensal e o percentual de desgaste por período: Assim:
Eventos


Custo
Vida útil
Manutenção
Desgaste
Data
Descrição
Valor
hora/mês
meses
hora/mês
% por período
01/mar
compra permanente a vista
R$ 100.000
50.000
3,00
2.000,00
20,00
Isso é necessário uma vez que o modelo de gestão econômica busca mensurar o patrimônio por meio de todos os benefícios que este pode trazer, reais e potenciais, bem como os resultados trazidos pela utilização, sejam estes custos (como manutenção) ou resultados positivos (por exemplo, número de horas mensais que o bem é capaz de trabalhar durante um determinado processo).
No exemplo, admite-se que o equipamento pode trabalhar 50.000 horas por mês, com vida útil de três meses; a sua utilização necessita de uma média de 2.000 horas de manutenção por mês, acompanhando de desgaste físico de 20% se comparado a uma máquina nova.
A seguir é apresentada a tabela com o cronograma referente à utilização e conseqüentes manutenções do equipamento, para os dias 10/03, 10/04 e 10/05, respectivamente para os meses de março, abril e maio:
Mês
Utilização e manutenção
Total de dias
Acumulado
Março
01/03 a 11/03
10
10
Abril
11/03 a 10/04
30
40
Maio
10/04 a 10/05
30
70
Total de dias

70
70
Segundo o autor do exemplo, “sabendo-se as datas de utilização dos equipamentos, é necessário identificar os valores dos serviços, como se tivessem sendo alugados no mercado, tanto para o equipamento como para a manutenção, a taxa de correção do aluguel, a taxa de captação e aplicação de recurso nesta data” (SILVA 2006). Isso se faz necessário, pois o modelo GECON utiliza os custos oriundos de cada processo ligado ao bem imobilizado para atribuir-lhe o seu valor real.
Em outras palavras, o ativo é avaliado não pelo quanto custou, ou pelo valor líquido após a depreciação, como ocorre na contabilidade tradicional. Avalia-se observando todos os processos que envolvem aquele patrimônio, do que é capaz de gerar em produtos, quais os custos que traz e até mesmo, o seu custo d oportunidade, isto é, quanto custaria para a empresa se não tivesse a máquina e precisasse alugar, conforme exposto no próximo quadro:
Valor aluguel equipamento/h
R$ 2,00
Valor serviço manutenção/h
R$ 15,00
Taxa de captação/mês
18,00
Taxa de aplicação/mês
13,00
Valor % do aluguel/mês
10,00
Variação % do aluguel/mês
10,00
O quadro a seguir apresenta a taxa de correção para os valores do aluguel e da manutenção para as datas de utilização definida. Isso será utilizado para a formação do valor da máquina.
Data
Taxa valor aluguel equipamento
Taxa valor serviço manutenção
Fator p/ atualização
01/mar
2,0000
15,00000
0,00000
11/mar
2,0645602
15,48420
1,032280115
10/abr
2,2710163
17,03262
1,135508127
10/mai
2,4981179
18,73588
1,249058940
A seguir estão detalhados os cálculos que levam ao valor atualizado do serviço de manutenção. O raciocínio utilizado por Adão Ferreira Silva foi o seguinte: o objetivo era de atualizar o serviço de manutenção que seria efetuado três vezes. Sabendo-se que o serviço de manutenção tem variação de 10% ao mês, inicialmente soma-se o percentual, que na expressão matemática foi substituído por um (pois equivale ao custo do aluguel de R$2,00 ou da manutenção, de R$15,00 mais a multiplicação deles mesmos por 0,10 e depois, o resultado é dividido por 100).
Multiplicando qualquer um dos custos, seja aluguel ou de manutenção, vezes 1,10 se encontra esse valor acrescido de 10%. Ao final da primeira etapa se eleva 110% dos custos elevando à fração correspondente ao período de utilização, respectivamente 10 dias em março acrescido de 30 dias em abril e de mais 30 dias em maio. Com isso é definido o fator de atualização, é utilizado na multiplicação dos custos do aluguel e da manutenção.
Meses
Cálculo fator atualização (1,10)^(utiliz. manut./30)
Valor aluguel equipamento/h
Cálculo da atualização do aluguel do equipamento
Valor serviço manutenção/h
Cálculo da atualização do serviço de manutenção

(a)
(b)
(a) x (b)
(c)
(a) x (c)
Março
(1,10)^(10/30)
1,032280115
R$ 2
2,0645602
R$ 15,00
15,484202
Abril
(1,10)^(40/30)
1,135508127
R$ 2
2,2710163
R$ 15,00
17,032622
Maio
(1,10)^(70/30)
1,24905894
R$ 2
2,4981179
R$ 15,00
18,735884
Segundo o modelo de do autor o passo seguinte é a definição do valor residual da máquina, uma vez que o GECON, assim como a contabilidade tradicional, também efetua depreciações, e como a depreciação é de 20% ao mês o resultado é o expresso nos dois quadros a seguir:

% do equipamento
Dias de utilização e manutenção
Mês
100

Março
-20
10,00
Abril
-20
30,00
Maio
-20
30,00
Saldo residual
40
70
Mas diferentemente de como se faz na contabilidade, em vez de se retirar 60% do valor original da máquina (100.000,00 – 20% x 3,00 = 40.000,00), se faz conforme o quadro a seguir: o valor acrescido do custo de aluguel e serviço de manutenção, de 10% referentes os 70 dias de utilização e multiplicados pelo valor residual, de 40% restantes.
Valor equipamento (a)
Taxa % correção mensal
Dias percorridos
Saldo residual atualizado (a)*(1,1)^(70/30)*0,40
R$ 100.000,00
10
70,00
R$ 49.962,36
O intuito disso tudo é a atualização do valor do patrimônio pelo valor mais justo de mercado, que envolve os custos ao longo dos 70 dias e considerando o gasto já reconhecido da depreciação, conforme é resumido no próximo quadro:
Data
Hora manutenção
Valor serviço manutenção
Valor serviço equipamento

(a)
(b)
(a) x (b)
11/mar
2.000,00
15,484202
R$ 30.968,40
10/abr
2.000,00
17,032622
R$ 34.065,24
10/mai
2.000,00
18,735884
R$ 37.471,77
Total


R$ 102.505,42








Data
Horas uso equipamento
Valor aluguel equipamento
Valor serviço equipamento

(a)
(b)
(a) x (b)
11/mar
50.000,00
2,064560
R$ 103.228,01
10/abr
50.000,00
2,271016
R$ 113.550,81
10/mai
50.000,00
2,498118
R$ 124.905,89
Total


R$ 341.684,72
E assim tem-se o quadro valor total dos equipamentos e dos serviços de manutenção:
Data
Horas uso equipamento
Hora manutenção
Valor aluguel equipamento
Valor serviço manutenção
Valor serviço equipamento
Valor serviço manutenção
01/mar
0,00
0,00
2,0000000
15,000000
R$ -
R$ -
11/mar
50.000,00
2.000,00
2,0645602
15,484202
R$ 103.228,01
R$ 30.968,40
10/abr
50.000,00
2.000,00
2,2710163
17,032622
R$ 113.550,81
R$ 34.065,24
10/mai
50.000,00
2.000,00
2,4981179
18,735884
R$ 124.905,89
R$ 37.471,77
Valor residual




R$ 49.962,36
R$ -
Total




R$ 391.647,08
R$ 102.505,42
Segundo o modelo proposto, como os valores estão expostos cada um em sua respectiva data de ocorrência, faz-se necessário que sejam trazidos a valor presente na data da transação, para que possa ser apurado o resultado e elaborado o balanço. Para tanto se utiliza a equação da matemática financeira para o cálculo do valor presente, no regime de juros compostos: PV = (FV/(1+i^n)) . Sendo que:
  • FV (Valor Futuro): valor da máquina acrescido dos custos;
  • Taxa i: taxa de 18% estabelecido como sendo a taxa de captação;
  • Número de períodos n: período representado pela fração de dias utilizados no mês;
  • PV (Valor Presente): o valor líquido do equipamento sem os custos da utilização.
Logo:
Data
Dias
Valor serviço equipamento
Taxa de captação %
Cálculo do Valor Presente

(a)
(b)

(b) / (1,18)^((a)/30)
01/mar
0
R$ -
0,00
R$ -
11/mar
10
R$ 103.228,01
18,00
R$ 97.687,03
10/abr
40
R$ 113.550,81
18,00
R$ 91.064,18
10/mai
70
R$ 124.905,89
18,00
R$ 84.890,34
Valor residual
70
R$ 49.962,36
18,00
R$ 33.956,13
Total



R$ 307.597,67
O valor corrigido representado os serviços adquiridos deve ser registrado como receita de investimento do modelo GECON. E novamente se determina o valor presente, desta vez com a taxa de aplicação (investimento), proposta pelo autor do modelo a 3%:
Data
Dias
Valor serviço manutenção
Taxa de depreciação %
Cálculo do Valor Presente

(a)
(b)

(b) / (1,13)^((a)/30)
01/mar
0
R$ -
0,00
R$ -
11/mar
10
R$ 30.968,40
13,00
R$ 29.732,13
10/abr
40
R$ 34.065,24
13,00
R$ 28.942,78
10/mai
70
R$ 37.471,77
13,00
R$ 28.174,39
Total

R$ 102.505,42

R$ 86.849,30

E com isso se tem a primeira demonstração de resultado do GECON e o modelo tradicional.

Demonstração do Resultado da Transação em 01/03/2006
Descrição
Qtd. Horas
GECON
Tradicional
Receita aquisição equipamentos
150.000,00
R$ 307.597,67
R$ -
(-) Custo dos investimentos

-R$ 186.849,30

(-) custo dos equipamentos

-R$ 100.000,00

(-) custo serviço manutenção
-6.000,00
-R$ 86.849,30

(=) Margem de contribuição equip
144.000,00
R$ 120.748,38

(=) Resultado operacional transação
144.000,00
R$ 120.748,38
R$ -
E seguindo com os relatórios, o Balanço Patrimonial, com GECON e contabilidade tradicional:
Balanço Patrimonial em 01/03/2006
ATIVO
GECON
Tradicional
PASSIVO
GECON
Tradicional
CIRCULANTE
R$ 300.000,00
R$ 300.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
R$ 520.748,38
R$ 400.000,00
Caixa
R$ 300.000,00
R$ 300.000,00
Capital
R$ 400.000,00
R$ 400.000,00
PERMANENTE
R$ 220.748,38
R$ 100.000,00
Res. Acumulado
R$ 120.748,38
R$ -
Equipamentos
R$ 307.597,67
R$ 100.000,00



Prov. p/ manutenção
-R$ 86.849,30




TOTAL ATIVO
R$ 520.748,38
R$ 400.000,00
TOTAL PASSIVO
R$ 520.748,38
R$ 400.000,00
Nota-se que a contabilidade não utiliza o processo de apuração de resultado com benefícios disponibilizados com os investimentos, que como já foi comentado, agregam valor ao patrimônio, itens que geram benefícios presentes e futuros para a empresa.


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