Durante
este trabalho acadêmico foi comentada a função do modelo GECON
como meio mais próprio para o auxílio nas tomadas de decisões
estratégicas. Ao longo de todo este tópico é apresentado um
exemplo da aplicabilidade do modelo de gestão econômica proposto
pro Adão Ferreira Silva2,
comum no cotidiano de muitas empresas e em conjunto, os
demonstrativos contábeis Balanço Patrimonial e Demonstração do
Resultado do Exercício. No decorrer dos cálculos se evidencia que o
GECON não apresenta respostas prontas aos seus usuários, mas sim,
meios de adaptação organizacional ao ambiente em que a entidade se
apresenta num momento determinado, levando em conta todos os
elementos que influenciam no desempenho organizacional e
possibilitando parâmetros mais adequados para a tomada de decisões
estratégicas (LIMA, et al. 2011, 198).
Compra de equipamentos para ativo imobilizado
É bem
comum nas empresas industriais a compra de maquinários. A
contabilidade, com vistas ao atendimento das obrigações fiscais e
sociais. No exemplo apresentado por Adão Ferreira Silva (2006) uma
determinada sociedade anônima fez a integralização de R$400.000,00
de capital em seu caixa em primeiro de março de 2006, movimento
registrado tanto pela contabilidade quanto pelo modelo GECON:
ATIVO |
GECON |
TRADICIONAL
|
PASSIVO |
GECON |
TRADICIONAL |
CIRCULANTE |
R$ 400.000,00
|
R$ 400.000,00
|
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
|
R$ 400.000,00
|
R$ 400.000,00
|
Caixa |
R$ 400.000,00
|
R$ 400.000,00
|
Capital
|
R$ 400.000,00
|
R$ 400.000,00
|
ATIVO TOTAL |
R$ 400.000,00
|
R$ 400.000,00
|
TOTAL PASSIVO
|
R$ 400.000,00
|
R$ 400.000,00
|
Na mesma
data a empresa efetuou a compra de um equipamento avaliado em
R$100.000,00, à vista do caixa. Contabilmente isso seria suficiente
para o registro para a contabilidade (débito de imobilizado e
crédito de fornecedor e depois débito do fornecedor e crédito no
caixa) e posteriormente para os cálculos da depreciação. Por
exemplo, poder-se-ia aplicar uma depreciação de 10%, resultando em
um imobilizado líquido de R$90.000,00, depreciação acumulada de
R$10.000,00 e despesa com depreciação de R$10.000,00 até março de
2007. No entanto, no modelo de gestão econômica essa informação é
fraca, carecendo de no mínimo, dados referentes ao custo horário
por mês consumido pela máquina, sua vida útil, a manutenção por
hora mensal e o percentual de desgaste por período: Assim:
Eventos |
|
|
Custo |
Vida
útil |
Manutenção
|
Desgaste |
Data |
Descrição |
Valor
|
hora/mês |
meses |
hora/mês |
%
por período |
01/mar
|
compra
permanente a vista |
R$
100.000 |
50.000
|
3,00
|
2.000,00
|
20,00
|
Isso é
necessário uma vez que o modelo de gestão econômica busca mensurar
o patrimônio por meio de todos os benefícios que este pode trazer,
reais e potenciais, bem como os resultados trazidos pela utilização,
sejam estes custos (como manutenção) ou resultados positivos (por
exemplo, número de horas mensais que o bem é capaz de trabalhar
durante um determinado processo).
No
exemplo, admite-se que o equipamento pode trabalhar 50.000 horas por
mês, com vida útil de três meses; a sua utilização necessita de
uma média de 2.000 horas de manutenção por mês, acompanhando de
desgaste físico de 20% se comparado a uma máquina nova.
A seguir é
apresentada a tabela com o cronograma referente à utilização e
conseqüentes manutenções do equipamento, para os dias 10/03, 10/04
e 10/05, respectivamente para os meses de março, abril e maio:
Mês |
Utilização
e manutenção
|
Total de
dias |
Acumulado |
Março |
01/03 a
11/03
|
10
|
10
|
Abril |
11/03 a
10/04
|
30
|
40
|
Maio |
10/04 a
10/05
|
30
|
70
|
Total de
dias |
|
70
|
70
|
Segundo o
autor do exemplo, “sabendo-se as datas de utilização dos
equipamentos, é necessário identificar os valores dos serviços,
como se tivessem sendo alugados no mercado, tanto para o equipamento
como para a manutenção, a taxa de correção do aluguel, a taxa de
captação e aplicação de recurso nesta data” (SILVA 2006). Isso
se faz necessário, pois o modelo GECON utiliza os custos oriundos de
cada processo ligado ao bem imobilizado para atribuir-lhe o seu valor
real.
Em outras
palavras, o ativo é avaliado não pelo quanto custou, ou pelo valor
líquido após a depreciação, como ocorre na contabilidade
tradicional. Avalia-se observando todos os processos que envolvem
aquele patrimônio, do que é capaz de gerar em produtos, quais os
custos que traz e até mesmo, o seu custo d oportunidade, isto é,
quanto custaria para a empresa se não tivesse a máquina e
precisasse alugar, conforme exposto no próximo quadro:
Valor
aluguel equipamento/h |
R$
2,00
|
Valor
serviço manutenção/h |
R$
15,00
|
Taxa
de captação/mês |
18,00
|
Taxa
de aplicação/mês |
13,00
|
Valor
% do aluguel/mês |
10,00
|
Variação
% do aluguel/mês |
10,00
|
O quadro a
seguir apresenta a taxa de correção para os valores do aluguel e da
manutenção para as datas de utilização definida. Isso será
utilizado para a formação do valor da máquina.
Data |
Taxa valor aluguel equipamento
|
Taxa valor serviço manutenção |
Fator p/ atualização |
01/mar |
2,0000 |
15,00000 |
0,00000 |
11/mar |
2,0645602 |
15,48420 |
1,032280115 |
10/abr |
2,2710163 |
17,03262 |
1,135508127 |
10/mai |
2,4981179 |
18,73588 |
1,249058940 |
A seguir
estão detalhados os cálculos que levam ao valor atualizado do
serviço de manutenção. O raciocínio utilizado por Adão Ferreira
Silva foi o seguinte: o objetivo era de atualizar o serviço de
manutenção que seria efetuado três vezes. Sabendo-se que o serviço
de manutenção tem variação de 10% ao mês, inicialmente soma-se o
percentual, que na expressão matemática foi substituído por um
(pois equivale ao custo do aluguel de R$2,00 ou da manutenção, de
R$15,00 mais a multiplicação deles mesmos por 0,10 e depois, o
resultado é dividido por 100).
Multiplicando
qualquer um dos custos, seja aluguel ou de manutenção, vezes 1,10
se encontra esse valor acrescido de 10%. Ao final da primeira etapa
se eleva 110% dos custos elevando à fração correspondente ao
período de utilização, respectivamente 10 dias em março acrescido
de 30 dias em abril e de mais 30 dias em maio. Com isso é definido o
fator de atualização, é utilizado na multiplicação dos custos do
aluguel e da manutenção.
Meses |
Cálculo fator atualização (1,10)^(utiliz. manut./30) |
Valor aluguel equipamento/h |
Cálculo da atualização do aluguel do equipamento |
Valor serviço manutenção/h |
Cálculo da atualização do serviço de manutenção |
|
|
(a) |
(b) |
(a) x (b) |
(c) |
(a) x (c) |
|
Março |
(1,10)^(10/30) |
1,032280115 |
R$ 2 |
2,0645602 |
R$ 15,00
|
15,484202 |
Abril |
(1,10)^(40/30) |
1,135508127 |
R$ 2 |
2,2710163 |
R$ 15,00
|
17,032622 |
Maio |
(1,10)^(70/30) |
1,24905894 |
R$ 2 |
2,4981179 |
R$ 15,00
|
18,735884 |
Segundo o
modelo de do autor o passo seguinte é a definição do valor
residual da máquina, uma vez que o GECON, assim como a contabilidade
tradicional, também efetua depreciações, e como a depreciação é
de 20% ao mês o resultado é o expresso nos dois quadros a seguir:
|
% do
equipamento |
Dias
de utilização e manutenção
|
Mês |
100
|
|
Março |
-20
|
10,00
|
Abril |
-20
|
30,00
|
Maio |
-20
|
30,00
|
Saldo
residual |
40
|
70
|
Mas
diferentemente de como se faz na contabilidade, em vez de se retirar
60% do valor original da máquina (100.000,00 – 20% x 3,00 =
40.000,00), se faz conforme o quadro a seguir: o valor acrescido do
custo de aluguel e serviço de manutenção, de 10% referentes os 70
dias de utilização e multiplicados pelo valor residual, de 40%
restantes.
Valor equipamento (a) |
Taxa % correção mensal |
Dias percorridos
|
Saldo residual atualizado
(a)*(1,1)^(70/30)*0,40 |
R$
100.000,00
|
10 |
70,00
|
R$
49.962,36
|
O intuito
disso tudo é a atualização do valor do patrimônio pelo valor mais
justo de mercado, que envolve os custos ao longo dos 70 dias e
considerando o gasto já reconhecido da depreciação, conforme é
resumido no próximo quadro:
Data |
Hora
manutenção |
Valor
serviço manutenção
|
Valor
serviço equipamento |
|
(a)
|
(b)
|
(a)
x (b)
|
11/mar
|
2.000,00
|
15,484202
|
R$
30.968,40
|
10/abr
|
2.000,00
|
17,032622
|
R$
34.065,24
|
10/mai
|
2.000,00
|
18,735884
|
R$
37.471,77
|
Total |
|
|
R$
102.505,42
|
|
|
|
|
Data |
Horas
uso equipamento |
Valor
aluguel equipamento
|
Valor
serviço equipamento |
|
(a)
|
(b)
|
(a)
x (b)
|
11/mar
|
50.000,00
|
2,064560
|
R$
103.228,01
|
10/abr
|
50.000,00
|
2,271016
|
R$
113.550,81
|
10/mai
|
50.000,00
|
2,498118
|
R$
124.905,89
|
Total |
|
|
R$
341.684,72
|
E assim
tem-se o quadro valor total dos equipamentos e dos serviços de
manutenção:
Data |
Horas
uso equipamento |
Hora
manutenção
|
Valor
aluguel equipamento |
Valor
serviço manutenção |
Valor
serviço equipamento |
Valor
serviço manutenção |
01/mar
|
0,00
|
0,00
|
2,0000000
|
15,000000
|
R$
-
|
R$
-
|
11/mar
|
50.000,00
|
2.000,00
|
2,0645602
|
15,484202
|
R$
103.228,01
|
R$
30.968,40
|
10/abr
|
50.000,00
|
2.000,00
|
2,2710163
|
17,032622
|
R$
113.550,81
|
R$
34.065,24
|
10/mai
|
50.000,00
|
2.000,00
|
2,4981179
|
18,735884
|
R$
124.905,89
|
R$
37.471,77
|
Valor
residual |
|
|
|
|
R$
49.962,36
|
R$
-
|
Total |
|
|
|
|
R$
391.647,08
|
R$
102.505,42
|
Segundo o
modelo proposto, como os valores estão expostos cada um em sua
respectiva data de ocorrência, faz-se necessário que sejam trazidos
a valor presente na data da transação, para que possa ser apurado o
resultado e elaborado o balanço. Para tanto se utiliza a equação
da matemática financeira para o cálculo do valor presente, no
regime de juros compostos: PV = (FV/(1+i^n)) . Sendo que:
-
FV (Valor Futuro): valor da máquina acrescido dos custos;
-
Taxa i: taxa de 18% estabelecido como sendo a taxa de captação;
-
Número de períodos n: período representado pela fração de dias utilizados no mês;
-
PV (Valor Presente): o valor líquido do equipamento sem os custos da utilização.
Logo:
Data |
Dias |
Valor
serviço equipamento
|
Taxa
de captação % |
Cálculo
do Valor Presente |
|
(a) |
(b)
|
|
(b)
/ (1,18)^((a)/30) |
01/mar
|
0
|
R$
-
|
0,00
|
R$
-
|
11/mar
|
10
|
R$
103.228,01
|
18,00
|
R$
97.687,03
|
10/abr
|
40
|
R$
113.550,81
|
18,00
|
R$
91.064,18
|
10/mai
|
70
|
R$
124.905,89
|
18,00
|
R$
84.890,34
|
Valor
residual |
70
|
R$
49.962,36
|
18,00
|
R$
33.956,13
|
Total |
|
|
|
R$
307.597,67
|
O valor
corrigido representado os serviços adquiridos deve ser registrado
como receita de investimento do modelo GECON. E novamente se
determina o valor presente, desta vez com a taxa de aplicação
(investimento), proposta pelo autor do modelo a
3%:
Data |
Dias |
Valor
serviço manutenção
|
Taxa
de depreciação % |
Cálculo
do Valor Presente |
|
(a) |
(b)
|
|
(b)
/ (1,13)^((a)/30) |
01/mar
|
0
|
R$
-
|
0,00
|
R$
-
|
11/mar
|
10
|
R$
30.968,40
|
13,00
|
R$
29.732,13
|
10/abr
|
40
|
R$
34.065,24
|
13,00
|
R$
28.942,78
|
10/mai
|
70
|
R$
37.471,77
|
13,00
|
R$
28.174,39
|
Total |
|
R$
102.505,42
|
|
R$
86.849,30
|
E com isso
se tem a primeira demonstração de resultado do GECON e o modelo
tradicional.
Demonstração
do Resultado da Transação em 01/03/2006
|
|||
Descrição |
Qtd.
Horas
|
GECON
|
Tradicional |
Receita
aquisição equipamentos |
150.000,00
|
R$
307.597,67
|
R$
-
|
(-)
Custo dos investimentos |
|
-R$
186.849,30
|
|
(-)
custo dos equipamentos |
|
-R$
100.000,00
|
|
(-)
custo serviço manutenção |
-6.000,00
|
-R$
86.849,30
|
|
(=)
Margem de contribuição equip |
144.000,00
|
R$
120.748,38
|
|
(=)
Resultado operacional transação |
144.000,00
|
R$
120.748,38
|
R$
-
|
E seguindo
com os relatórios, o Balanço Patrimonial, com GECON e contabilidade
tradicional:
Balanço
Patrimonial em 01/03/2006
|
|||||
ATIVO |
GECON
|
Tradicional
|
PASSIVO
|
GECON
|
Tradicional
|
CIRCULANTE |
R$
300.000,00
|
R$
300.000,00
|
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
|
R$
520.748,38
|
R$
400.000,00
|
Caixa |
R$
300.000,00
|
R$
300.000,00
|
Capital
|
R$
400.000,00
|
R$
400.000,00
|
PERMANENTE |
R$
220.748,38
|
R$
100.000,00
|
Res.
Acumulado
|
R$
120.748,38
|
R$
-
|
Equipamentos |
R$
307.597,67
|
R$
100.000,00
|
|
|
|
Prov.
p/ manutenção |
-R$
86.849,30
|
|
|
|
|
TOTAL
ATIVO |
R$
520.748,38
|
R$
400.000,00
|
TOTAL
PASSIVO
|
R$
520.748,38
|
R$
400.000,00
|
Nota-se
que a contabilidade não utiliza o processo de apuração de
resultado com benefícios disponibilizados com os investimentos, que
como já foi comentado, agregam valor ao patrimônio, itens que geram
benefícios presentes e futuros para a empresa.
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