Sempre
que se fala em editores de textos, planilhas eletrônicas, programa
para criação de slides e gerenciador de bancos de dados, tanto para
uso pessoal e acadêmico quanto corporativo, o nome que se escuta é
o Microsoft Office. Até mesmo para editais de concursos públicos na
parte de informática, exige-se conhecimentos em Word e Excel, como
se estes fossem as únicas opções existentes, o que é lamentável.
Mas deixando isso de lado, vamos focar nos arquivos gerados.
Quando
uma pessoa salva um documento em formato proprietário (leia-se
aqueles gerados pelo Microsoft Office Word, Excel, Power Point e
Access) ocorre que o usuário está aceitando que seus arquivos só
possam ser abertos numa suíte da empresa multibilionária. Da mesma
forma, ainda aceita que para poder abrir os referidos arquivos, a sua
máquina terá que obrigatoriamente estar com um sistema operacional
Windows instalado.
E
vem um problema: e se o computador do usuário que vá receber
determinado arquivo por e-mail não tiver o MS Office ou ainda, não
rode o Windows? E se tiver os dois, mas a versão do MS Office for a
de 2003 e o Windows o XP, ao passo que os arquivos recebidos tenham
sido criados no MS Office 2016? Os arquivos não poderão ser
abertos.
É
por isso que, conforme Eliane Domingos de Souza1,
uma das líderes do projeto LibreOffice no Brasil afirma em seu
material Conversor de Documentos, publicado na revista LibreOffice
Magazine, edição n° 8, de dezembro de 2013, que já há alguns
anos os usuários domésticos e corporativos vêm observando a
evolução do mercado de TI, com diversas alternativas de aplicativos
que atendem suas necessidades.
Como
mencionamos, o citado Microsoft Office é uma ótima opção de suíte
de escritório, no entanto, por ser um produto proprietário e pago
tem uma série de restrições quanto ao seu uso, todas determinadas
na licença. Por exemplo, há um limite de máquinas que podem
receber a suíte MS Office, não pode ser distribuído para
terceiros, não há como modificar o sistema para implementar
personalizações e adaptações e por fim, o programa é pago e
muito caro pelo que oferece.
Muitos
aplicativos geram custo devido a utilização de suas licenças, e
consequentemente fazendo com que o custo de TI seja alto e vamos
acrescentar a isso que vivemos num país em plena crise econômica e
que as empresas não podem se dar ao luxo de ter gastos
desnecessários.
Para
eliminar gastos muitas empresas pensam na possibilidade de adoção e
uso de software de código aberto, que em sua maioria não tem custo
de licenciamento, sendo um ótimo exemplo o LibreOffice. Livre e de
código aberto, a suíte comunitária utiliza como formato padrão de
arquivos “Open Document Format” - ODF. Abre arquivos de vários
formatos: DOC, DOCX, XLS, XLS, entre outros.
Conforme
Eliane Domingos, para agilizar a adoção do LibreOffice é
necessário primeiramente educar os usuários para que utilizem
formatos de arquivos abertos – ODF, e incentivá-los a abandonar de
forma gradativa os formatos proprietários. No entanto, nós
acreditamos que num ambiente empresarial esse processo de educação
deve ser imposto: ou o funcionário aceita o comprometimento de
aprender um sistema novo ou a empresa passa o facão nele.
Se
num primeiro momento a empresa se preocupa em educar o funcionário,
de uma forma muito amigável, quando este for usar o LibreOffice
poderá argumentar que o sistema é ruim e o da casa dele
(proprietário) é melhor e ainda acabe convencendo os demais de que
ele está certo, o que obviamente será um empecilho num processo de
migração, até porque se o funcionário não tem vontade de
aprender, não vai aprender mesmo. A empresa depois acabará cedendo
a um grupo de funcionários “do contra”.
Acreditamos
no seguinte: quando um funcionário diz “mas na minha casa eu uso o
MS Office”, a empresa deve manter a sua posição: “OK, mas na
sua casa é a sua casa, aqui é a empresa e aqui usamos o
LibreOffice”. A empresa deve, é claro, treinar os funcionários e
caso estes não queira mesmos se abrir ao novo programa, manda pra
rua.
É,
parece meio grosseiro, mas é isso mesmo: um funcionário que não
está disposto a aprender a usar um novo sistema demonstra não estar
comprometido com o que a empresa quer, não vai desempenhar um bom
serviço e há muito mais gente por aí desempregada querendo apenas
uma chance para mostrar serviço.
Como
argumentamos, o ato de sair da fase de aceitação para o de
aprendizado (ou migração, que é mais apropriado) é demorado, pois
o usuário sempre tentará argumentar que tem um legado grande de
arquivos, defendendo que não poderá converter os documentos visto
alegando inúmeros motivos.
Entre
estes poderá alegar que há muitos – mas muitos mesmo –
documentos, planilhas e outros tipos que acabaria tomando muito do
tempo. Mas se é verdade que se possui um legado de arquivos de 10
anos, muito provavelmente muitos destes não são usados no dia a
dia. Logo, não há necessidade de convertê-los. Podem ser mantidos
em seus formatos originais, apenas para serem consultados.
No
entanto, os arquivos mais recentes e que são usados com frequência,
devem ser migrados. Mesmo assim o usuário vai reclamar dizendo que
não tem tempo para migrar. E pensando nisso o LibreOffice criou uma
opção para a conversão de documentos: o Conversor de
Documentos.
Este
recurso converte os arquivos para o formato ODF e mantêm os arquivos
de origem intactos, o que facilita muito a vida caso haja perda de
formatação ou funções (como as macros) e seja necessário rever o
original do jeito que era. Mas avisamos aqui que o procedimento
consiste em unicamente selecionar um grupo de arquivos (documentos de
textos, planilhas, slides) de uma vez só e converter / salvar no
formato aberto. Trata-se assim de salvar o que já existe em ODF, o
que poderá apresentar os mesmos problemas quando abrimos um
documento criado no MS Office 2016, cheio de formatações
proprietárias no LibreOffice, isto é, perda de formatação devido
à falta de padronização. Mas deixando isso de valo, veja como isto
funciona.
Vá
no menu Arquivo > Assistentes > Conversor de
documentos…
Na
janela Conversor de documentos o usuário deverá selecionar o
tipo de documento a ser convertido. As 3 opções poderão ser
marcadas simultaneamente, mas para nosso exemplo, vamos converter
somente arquivos de documentos do Excel.
No
caso, escolhemos uma pasta que continha simplesmente 56
arquivos de planilhas, ou seja, algo de demandaria um tempo
considerável.
Em
seguida, clicamos no botão Próximo e definimos o local de origem
dos arquivos a serem convertidos e o destino dos novos arquivos em
ODS (formato aberto de planilhas).
Para
nosso exemplo, desmarcamos o item Modelos do Excel e deixamos
selecionado o item Documentos. Clicamos em Próximo >> para
continuar.
Nesta
sequência são exibidos os itens escolhidos para conferência. Se
for necessário fazer alguma alteração antes de continuar, clicamos
no botão << Voltar, mas como não é necessário, optamos por
Converter.
Para
nosso exemplo, selecionamos uma pasta no computador com trabalhos de
faculdade e pesquisas e copiamos para outra, sem nenhum arquivo
dentro. Isso é só mesmo para que após a conversão possamos
comparar os arquivos mais facilmente.
Neste
momento, na janela Conversor de documentos é exibido o progresso da
conversão e ao final do processo, clicamos no botão Mostrar
arquivo de registro, para acompanhar o que foi convertido.
Pronto.
Conversão concluída. Agora, você poderá trabalhar de forma
correta com o LibreOffice, usando o seu formato de arquivos padrão.
Se não for assim, a adoção do LibreOffice será comprometida ou em
vão.
1ELIANE
DOMINGOS DE SOUSA - Empresária, CEO da EDX Informática, trabalha
com ferramentas Open Source, presta serviços de Consultoria e
Treinamento, com especialidade nas ferramentas LibreOffice e Ubuntu.
Membro da TDF (The Document Foundation) mantenedora do LibreOffice,
colaboradora voluntária da Comunidade LibreOffice, Comunidade
SL-RJ, Blog Seja Livre, Blog da Comunidade Sempre Update, Blog
iMasters, organizadora do Ciclo de Palestras Software Livre do
SINDPD-RJ, Lider do GT de Tradução Norma ODF (ABNT/26.300) e
fomentadora das tecnologias livres, editora da revista LibreOffice
Magazine.
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