Se a moral
é um valor pessoal relacionado aos nossos entendimentos do que é
certo e do que é errado em escalo geral, a ética traz os
procedimentos pessoais definidos pela coletividade para que se
obtenha a melhor relação coletiva. Assim, se sabemos dentro de
nossa consciência que roubar é errado devemos aceitar naturalmente
que “roubar clientes” do concorrente com uma propaganda desleal
ou ainda, com espionagem e cópia de seus produtos também, é
errado. Não se tratam de costumes passageiros, mas de verdades
imutáveis.
No
entanto, quando falamos na Ética dentro do ambiente corporativo isso
pode mudar um pouco de figura. Por exemplo, se numa empresa o ato de
um funcionário “dedurar” o colega que fez alguma coisa errada
possa ser visto de forma negativa (numa empresa que preza pelo
convívio agradável e amistoso entre os seus), em outra essa atitude
pode ser vista como “vontade de crescimento e fidelidade à
empresa”, muito valorizado por empresas com características mais
agressivas.
Um exemplo
prático para os profissionais da contabilidade e que são
assalariados é a da pressão para se fazer algo que vá contra o que
ele aprender a fazer como sendo certo: um Contador, profissional
assalariado em uma empresa, recebeu determinação da diretoria para
postergar o registro de uma despesa vultosa para o mês seguinte ao
da elaboração das demonstrações contábeis do exercício em
curso. Caso aceite, ele superavaliará o lucro do exercício,
atendendo, assim, aos interesses da administração, mas agirá em
desacordo com as normas contábeis [ALVES et al, 2007]. Como comentam
Alves et al (2007), essa situação gera o dilema de se manter
o emprego e continuar a sustentar a sua família, ou de cumprir o
princípio contábil da competência dos exercícios? Logo, as
pressões, que o ambiente organizacional podem impulsionar o
contabilista, a descumprir os preceitos do Código de Ética
profissional, em benefício de outros interesses. Disso temos que:
Assim
como nos fatores associados ao agente moral (fatores individuais), os
fatores situacionais, igualmente, interferem no julgamento ético dos
contabilistas pelos seus pares, compondo parte do cenário em que o
profissional de Contabilidade decide o curso de decisões no campo
moral [ALVES et al, 2007].
Assim, não
se trata de que o que vem a ser ético tenha mudado com o tempo, mas
sim, é adaptado ao que a empresa procura. Dessa forma:
Um
aspecto importante é o que diz respeito à evolução dos costumes,
que empresta um caráter provisório para a ética, uma vez que os
padrões de comportamento se adéquam à época vigente. O que não é
um problema ético em determinada época pode ser em outra; no
entanto, a distinção do bem e do mal é fundamental. Agir
eticamente é agir de acordo com o bem [SILVA et al, 2004].
Logo,
torna-se cabível questionar se também há diferenças entre o
discurso e a prática moral apresentada por uma determinada categoria
profissional. De acordo com Singer ( p. Quem quer que já se tenha
debruçado sobre uma questão ética difícil sabe muito bem que o
fato de nos dizerem o que a sociedade acha que devemos fazer não
ajuda ninguém a se resolver por essa ou aquela solução. Precisamos
tomar a nossa própria decisão. As crenças e os costumes dentro dos
quais fomos cria dos podem exercer grande influência sobre nós,
mas, ao refletirmos sobre eles, podemos agir de acordo com o que nos
sugerem, mas também podemos fazer-lhes uma franca oposição [ALVES et al, 2007]1.
A palavra
que sintetiza isso é adaptação do código de ética, sendo que:
Esses
códigos contêm os padrões morais profissionais de uma determinada
classe devem aceitar e observar. Além disso, têm como objetivo
regular as relações entre os membros dessa categoria, bem como
entre ela e a sociedade, de maneira impositiva. Não é dada ao
profissional a possibilidade de optar pela postura ética que ele
julga mais adequada para resolver determinado dilema. Se divergir do
código, será punido [ALVES et al, 2007].
Para que
seja ético no trabalho é preciso antes de tudo ser honesto em
qualquer situação, nunca fazer algo que não possa assumir em
público, ser humilde, tolerante e flexível. Ser ético significa,
muitas vezes, abrir mão de algumas coisas e perder algo. A respeito
disso, em um estudo a respeito da ética e das relações de trabalho
produtivas, observou-se que a conduta moral adotada nas relações de
trabalho não expressa elementos presentes no discurso formal da
organização contidos em seu código de conduta. O discurso do que
se diz não é garantia do que se faz, sendo que as justificativas
dos gestores às suas ações e atitudes são legitimadas de acordo
com a lógica à qual tal organização está subordinada, a saber, a
lógica do mercado. (ALVES at al, 2007, apud PINTO e FARIA,
2004, 4).
Entretanto,
embora construídos pela própria comunidade de profissionais, os
Códigos de Ética, como o do Conselho Federal de Contabilidade,
alcançam os objetivos Ainda que a literatura sugira que os Códigos
de Ética das organizações empresariais e de entidades
profissionais possuam o importante papel de afetar o processo
decisório daqueles que estão a ele sujeitos, evidências empíricas
indicam que há um reduzido impacto desses códigos ou padrões de
conduta no processo decisório. (ALVES at al, 2007, apud LERE
e GAUMNTZ, 2003, p. 365).
É preciso
ouvir mais as ideias de seus colegas, pois muitas ideias
aparentemente absurdas podem ser a solução para um problema. Para
descobrir isso, é preciso trabalhar em equipe, ouvir as pessoas e
avaliar a situação sem julgamentos precipitados ou baseados em
suposições, e principalmente dar crédito a quem realmente é
merecedor. Muitas vezes recebemos elogios pelo trabalho realizado por
outras pessoas, sem sequer repassar os mesmos ou citar o nome dos
colegas que contribuíram para tal, e isso é ser antiético,
pois está-se aceitando um elogio pelo trabalho de outra pessoa
e, cedo ou tarde, o mesmo será reconhecido e você ficará com
fama de mau-caráter.
Outra
coisa muito importante é a pontualidade, pois se você sempre se
atrasar, será considerado indigno de confiança e pode perder boas
oportunidades de carreira. Infelizmente em muitas empresas julga-se o
caráter e a competência de um funcionário pelo cumprimento de
horário e não pela sua produtividade ou habilidades
técnicas/gerenciais.
Tente
também nunca criticar seus colegas de trabalho ou culpá-los pelas
costas, e quando tiver de corrigir ou repreender alguém, faça-o em
particular, não o humilhe perante outros, respeite sua privacidade e
se for o caso ofereça apoio, pois ele poderá passar por
dificuldades sem você saber.
Existem
outras ponderações que devemos fazer, tais como: maneiras de
utilização de telefones, e-mails, assim como comportamentos em
reuniões/palestras e em situações de fofocas de corredor.
“Aja
de acordo com seus princípios e assuma suas decisões, mesmo que
isso implique ficar contra a maioria”.
Utilização do telefone
Ao se
utilizar o telefone na empresa devemos tomar alguns cuidados, tais
como:
-
Dar toda a atenção à pessoa que ligou sem ficar distraído com outras atividades em paralelo. Essa atitude demonstra respeito para com apessoa a quem estamos atendendo, o que contribui senão para melhorar a sua imagem, pelo menos para que o cliente não saia depois falando que você é um mal funcionário.
-
Evitar intimidades com a pessoa que está do outro lado da linha, pois isso poderá causar constrangimentos com os colegas que estão ao seu redor. É certo que para algumas pessoas ser tratado como um amigo chegado serve para quebrar barreiras e tornar a conversa mais amigável e produtiva, nem todos aceitam, preferindo um atendimento mais seco, profissional e impessoal.
-
Ao falar ao telefone, você é julgado pela dicção, capacidade de articular pensamentos e por tratar os outros com cortesia ou não. A voz deve ser alegre, clara, calorosa e em bom-tom, nem alta nem baixa demais, pois isso poderá transparecer a ideia de que você esteja nervoso, logo, não estaria preparado para o atendimento.
-
Ao atender telefonemas alheios, anote o recado escrevendo o nome da pessoa que ligou, o número do telefone, o assunto e a hora. Pense no seguinte: sua memória poderá considerar a ligação como algo descartável e eliminá-la. Ainda, como não é para você, não tem obrigação de saber quem ligou, mas tem o dever de informar corretamente à pessoa interessada.
-
Não faça ligações pessoais demoradas. Isso faz com que a linha fique ocupada e passa a ideia de que você é um mau profissional, mais preocupado com o lado de fora da empresa do que o de dentro.
-
Não entre em discussões por telefone. Isso demonstra despreparo emocional, logo, falta de controle e profissionalismo.
-
Retorne as ligações, mesmo que você não conheça quem deixou recado, pois isso demonstra responsabilidade sua.
-
Se estiver ocupado, não tenha medo de interromper a conversa, diga que não pode falar e que ligará em seguida e não se esqueça de retornar a ligação. É melhor efetuar várias ligações curtas com a mesma pessoa e sobre o mesmo assunto do que uma única demorada e improdutiva.
-
Todos estão sujeitos a ter de atender a um telefonema com alguém ao lado. Quando for inevitável, procure fazer com discrição, nada de gestos, caretas ou comentários tapando o bocal do telefone;
-
Jamais deixe alguém esperando na linha, melhor dizer que está ocupado e que retornará a ligação depois, de preferência o mais rápido possível. O melhor mesmo é selecionar as prioridades e trabalhar em cooperação com os colegas. Assim, quando não puder atender por excesso de serviço, pessoa para que um colega te cubra nessa, dando a ele as informações que ele vai precisar e pedindo para que ele informe o porquê de você não ter atendido. Nunca diga que está ocupado, pois isso transmite a ideia de que você não quer atender.
-
Se a linha cair não se preocupe, pois a responsabilidade de ligar novamente é de quem telefonou.
Utilização de e-mail
A
utilização do e-mail é algo extremamente polêmico e atualmente se
discute muito sobre o direito das empresas monitorarem os e-mails de
seus funcionários, violando assim sua privacidade. Então, é
importante que se tenha alguns cuidados ao se utilizar o e-mail
fornecido pela empresa:
-
Nunca escreva algo que possa constrangê-lo depois, evite intimidades e escreva aquilo que você falaria pessoalmente para a pessoa;
-
Verifique sempre a gramática e a ortografia do texto antes de enviá-lo, pois não existe nada pior do que um texto cheio de erros que, em muitos casos, pode ofender pessoas que prezam muito uma boa grafia;
-
Seja claro e objetivo, pois hoje em dia ninguém tem tempo para ler textos extensos demais ou ficar pensando em palavras fora de contexto;
-
Um e-mail, apesar de também ser um documento, não deve ser tão formal quanto uma carta;
-
Jogue fora todos aqueles e-mails que não servem para nada, como malas diretas, correntes e piadinhas infames e só responda àqueles que realmente mereçam sua atenção;
-
Não mande correntes, piadas - obscenas ou não - e pegadinhas por e-mail para quem não conhece.
Comportamento em reuniões
É neste
momento que seu profissionalismo é posto a prova, e onde sua postura
profissional será julgada, então tome alguns cuidados ao participar
de reuniões de trabalho.
-
Não chegue atrasado. Além de irritar quem chegou na hora, sua imagem ficará péssima, pois sua pontualidade foi ineficaz;
-
Nunca sente à cabeceira da mesa, pois esse lugar normalmente é reservado à pessoa que conduzirá a reunião. Assim você dará a entender que conhece seu lugar, demonstrará apoio e deixará claro que não ameaça a pessoa que está conduzindo a reunião;
-
Leia e pesquise sobre o assunto que será colocado em pauta. Dessa maneira você estará preparado e poderá participar da discussão, sem passar pelo constrangimento de dar um fora;
-
Quando participar de uma reunião não entre mudo e saia calado, torne sua participação ativa;
-
Exponha todas suas ideias independentemente de boas ou ruins, e quando achar que deve discordar discorde, mesmo que seja com quem está conduzindo a reunião. Dessa maneira você tornará a reunião mais produtiva e não apenas um encontro de amigos;
-
A pessoa que está conduzindo a reunião deve ser o primeiro e o último a falar. Ou seja, é ela que abre e fecha a reunião;
-
Se for encarregado de conduzir uma reunião, lembre-se de que um bom condutor é aquele que expõe suas opiniões de modo que todos entendam, sabe ouvir e mediar conflitos;
-
Ao fazer um comentário, apresentar uma ideia ou sugestão, seja claro e objetivo. Resuma ao máximo o que tem a dizer para não tornar a reunião longa e cansativa demais;
-
Olhe para os outros quando estiverem falando para mostrar interesse. Não baixe os olhos para a mesa;
-
Apresente suas ideias como recomendação e não como ordens. Senão você poderá comprometer a autoridade diante dos demais participantes;
-
É importante manter a postura durante uma reunião. Evite ficar gesticulando, rabiscando, mexendo no celular e principalmente entrar em uma reunião com o celular ligado.
Fofocas de corredor
Algo
inevitável nas empresas são as fofocas de corredor, por isso evite
ao máximo fazê-las.
-
Afaste-se das fofocas e maledicências. Só o fato de prestar atenção nelas pode lhe dar a fama de fofoqueiro, e aquele que lhe conta a última novidade pode levar também um comentário péssimo sobre você e aumentar o conflito interpessoal;
-
Evite fazer profecias. As previsões podem não se realizar e as palavras se voltarão contra você;
-
Não seja inconveniente, aparecendo em outros setores da empresa sem ligar antes só para fazer uma fofoca rápida;
-
Mantenha a voz baixa, especialmente quando precisar falar de assuntos de caráter confidencial;
-
Quando se referir a um colega numa conversa, use o nome completo dele para evitar mal-entendidos;
-
Evite falar de sua vida pessoal com quem você não conhece o caráter;
-
Não comente com qualquer um os seus resultados positivos, prêmios e novos projetos que lhe foram confiados;
-
Caso trabalhe com alguém de quem não gosta, troque cumprimentos, mantenha distância e não comente a antipatia que sente. Isso minimiza os atritos e evita que os outros reparem a incompatibilidade e façam fofocas.
EXERCÍCIOS DO CARGO/FUNÇÃO
Tomando o
exemplo do trabalho com Contabilidade, vemos que o Contador tem o
Código de Ética a ser seguido, conjunto de regras este que advém
do consenso dos Conselhos de Contabilidade, entidades que também tem
a função de proteger a sociedade de maus profissionais que exercem
funções de relevante interesse público. Por esse motivo,
fiscalizam as atividades de seus membros por meio de um Código de
Ética profissional [ALVES et al, 2007].
Mas como
cada empresa tem sua estrutura e comportamento organizacional, é de
se esperar e até é natural que cada organização define regras e
adote um próprio código de ética, dentro é claro do que é
convencionado aos padrões morais e éticos profissionais largamente
aceitos para as profissões. Dessa forma:
A
adoção de um código de ética ou conduta torna-se importante
porque visa padronizar e formalizar entendimentos da organização
empresarial nos seus relacionamentos, podendo até servir como
vantagem competitiva, pois tem uma prova documental de sua intenção
para com seu universo de relacionamentos [SILVA et al, 2004].
Jamais use
seu cargo, função, atividade, posição ou influência com o fim de
obter qualquer favorecimento para si ou para outros. Busque o melhor
resultado mantendo sempre uma atitude transparente, de respeito e
colaboração com os colegas de trabalho.
-
Procure saber como seus superiores trabalham e como gostam que seus colaboradores exerçam suas atividades, pois dessa maneira você poderá guiar suas atitudes e reações;
-
Deixe claros quais são as suas funções, principalmente se elas incluírem obrigações pessoais e particulares. Sobretudo, no caso de secretárias e assistentes que são encarregados de controlar as contas do chefe, organizar agenda, comprar presentes para os familiares, etc.;
-
Caso tenham afinidades ou amigos em comum, não há mal algum em fazer comentários pessoais, mas seja discreto e tome cuidado para não parecer inconveniente nem puxa-saco;
-
Reconheça os erros, mas não exagere no arrependimento nem na culpa. A fala correta é: “não foi um erro intencional, isso não vai ocorrer de novo e vou remediar o acontecido”;
-
Jamais diga a palavra problema para se referir a uma situação desfavorável. Dá a impressão de que você não consegue controlar a situação.
1Essas
influências são genericamente denominadas fatores situacionais.
Representam forças que geram pressões nos indivíduos e que são
capazes de incentivá-los, de encorajá-los ou não à prática
moral. Estão incluídas, nessa categoria, as culturas
organizacionais, as influências do grupo de trabalho, os valores
sociais. Esses fatores compreendem a influência da alta direção,
recompensas e punições, e o Código de Ética corporativo [ALVES et al, 2007].
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