Embora
muitos dos clientes dos serviços de contabilidade não se deem
conta, o contador é o profissional especialista na análise da
situação econômico-financeira da empresa. Embora as pessoas tenham
uma ideia meio distorcida de que o administrador é o profissional
feito para a gestão estratégica, é a contabilidade que traz as
informações gerenciais e mais, é o contador que traduzirá os
dados para que sejam tomadas as decisões.
É
a análise de Balanços que propicia ao surgimento do diagnostico da
saúde financeira da empresa. Uma das disciplinas contábeis de maior
importância no mundo empresarial é a Análise de Balanços, pois
fornece informações e dados para as decisões empresariais [TAKATORI, 2014]1.
E
olha que não precisamos ir muito longe para encontrar a
contabilidade aplicada corretamente sobre aquela sopa de letras e
números nos relatórios, afinal a Disciplina de Análise de Balanços
e/ou das Demonstrações Contábeis é o básico das matérias de
contabilidade apresentada aos alunos, independentemente da
instituição de ensino em que eles estejam. Até o mais leigo dos
profissionais em contabilidade tem conhecimento das informações
decorrentes da Análise de Balanços: índices de balanços, seu
significado e aplicação. As relações entre os índices interno e
externo definem as estratégias e o direcionamento da empresa [TAKATORI, 2014].
Entender
e elaborar a Análise de Balanços requer um conhecimento básico da
contabilidade, dos demonstrativos contábeis e suas relações e como
elaborar as demonstrações contábeis é fator primordial para o
contador, e analisar o resultado dessas demonstrações é decorrente
da Análise de Balanços [TAKATORI, 2014].
A
elaboração e análise dos índices ou quocientes é outro tópico
que complementa os estudos e detalharemos mais adiante. Primeiramente
apresentaremos os conceitos da disciplina, os relatórios a serem
analisados e finalmente a análise propriamente dita.
Normalmente
o objeto de estudo dos estudantes de Ciências Contábeis são as
empresas de grande porte e com ações negociadas em bolsas de
valores. São as chamadas Sociedades Anônimas, onde o capital é
dividido em ações, frações iguais em poder de seus acionistas e
do público geral que as comprar. Nessas empresas não existe a
figura de um único dono isolado, mas sim, há a presença de vários
donos, que por sua vez se reúnem em assembleia para decidir quem
dentre eles vais controlar a empresa.
Em
empresas pequenas ou mesmo os de médio porte são bem claras a
figura de um dono ou proprietário, que sobre o qual, fica toda a
responsabilidade dos atos e atividades empresariais.
No
entanto, numa Sociedade por Ações de capital, por terem suas ações
à venda no mercado de ações e quem as compra as utiliza ou para
ter rendimentos ou as revendendo, são obrigadas a demonstrar e
publicar o que elas fazem com os recursos (capital) que lhe foram
confiados.
É
a prestação de contas da sociedade empresarial a todos os
stakeholders. As empresas de pequeno porte ou limitadas e que
não apresentem o faturamento mínimo proposto pelo governo não são
obrigadas a gerar e publicar os demonstrativos e outras informações
contábeis – embora, devem elaborá-los e manter toda a
escrituração contábil. Cabe uma adição aqui:
No
âmbito interno da empresa, a situação citada anteriormente não
pode ser diferente. Os profissionais responsáveis pela administração
frequentemente se deparam com situações em que lhes são impostas
tomadas de decisões. Nesse sentido, são necessários, nesse caso,
os dados e informações para a fundamentação de tais decisões [TAKATORI, 2014].
Toda
sociedade anônima com capital aberta precisa se submeter a uma
auditoria independente. A auditoria tem a função de fiscalizar os
atos da empresa no que tange à parte financeira, econômica e
contábil e de verificar e sugerir melhorias com base nos documentos
vistoriados.
E
por se tratar de recursos de acionistas e investidores, bem como toda
uma comunidade de interessados nos resultados da empresa (governo,
sociedade, meio ambiente, fornecedores, bancos, empregados,
acionistas) e auditoria exigida não pode ser interna. No caso de uma
auditoria interna, embora o fato de serem utilizadas técnicas de
auditoria, amostragens, delimitação do objeto, não seria o mesmo
tipo de auditoria.
O
auditor interno, por um lado, tem seu trabalho voltado ao bom
funcionamento do controle interno e em vista disso, trabalha para que
os procedimentos sejam eficientes e garantam melhoria operacional e
administrativa; ao passo que, por outro lado, o auditor independente
– ou externo – trabalha para avaliar a empresa com zelo pelos
interessados das informações que dali sairá.
Outro
ponto a ser destacado é a autonomia: o auditor interno é empregado
da empresa ao passo que o auditor externo ou independente tem seu
trabalho livre de pressões por parte dos administradores da referida
entidade.
O
auditor externo, então, dá o parecer aos acionistas e aos demais
interessados sobre a saúde da empresa, se reportando ao órgão
máximo de poder na empresa, o conselho de administração, que é o
representante dos interesses dos acionistas e investidores.
E
além da auditoria independente existe ainda a figura da Comissão de
Valores Mobiliários – CMV, uma autarquia do governo que como se
fosse um segundo fiscal em favor dos acionistas, é responsável por
analisar, pedir esclarecimentos e até proibir a nomeação de
determinado diretor se tiver conhecimento de que este ato será
prejudicial aos interesses dos stakeholders.
Mas
como se pode saber se a empresa anda bem com a sua saúde financeira?
Como é possível afirmar ao investidor se a empresa em que este
colocou seu capital tem retorno ou até mesmo se tem uma boa situação
financeira capaz de garantir suas dívidas para com terceiros? Pois
bem, pela análise das demonstrações contábeis da empresa e, por
meio de comparações com os dados de outras empresas de mesmo ramo é
possível formular inferências que ajudarão na tomada de decisões.
Podemos
inferir que:
A
contabilidade se configura, nesse contexto, como o instrumento
proeminente à administração e gestão de empresas, na coleta de
todos os seus dados econômicos e sua subsequente mensuração
monetária que, por sua vez, será registrada e sumarizada em
relatórios que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões [TAKATORI, 2014].
Neste
capítulo, portanto, serão estudadas e analisadas apenas
demonstrações de S.A’s, de ramo de atividade industrial ou
comercial, uma vez que por obrigação todas as sociedades anônimas
devem elaborar e publicar seus balanços de forma padronizada, além
de que as empresas destes ramos são a maioria das empresas do
mercado e também por que trabalham com estoques, facilitando as
análises e comparações. Os bancos e as empresas prestadoras de
serviços não movimentam estoques.
É
claro que em nossas análises não poderia faltar o O balanço
patrimonial e a demonstração de resultado constituem as principais
“matérias‐primas” para que o analista identifique e vislumbre
problemas e potencialidades empresariais. Cumpre ressaltar, no
entanto, que a análise não deve – e nem pode – restringir‐se
à mera observação das variações numéricas de série histórica
[TAKATORI, 2014].
É
preciso identificar, tanto quanto possível, as causas dos números
presentes, que são consequências de alguns fatos. Por detrás dos
números de uma empresa existem pessoas, talentos e capacidades que
devem ser conhecidas. Existe um sistema que produz bens e serviços e
interage com o ambiente externo. Nesse particular tem‐se destaque o
bom senso, a argúcia e a sensibilidade do analista. A expressão
análise de balanços é tecnicamente perfeita, e também a mais
utilizada, embora a expressão mais adequada seja análise das
demonstrações contábeis, uma vez que todas as demonstrações
contábeis são objeto de análise, não somente o balanço
patrimonial [TAKATORI, 2014].
Quem
são os usuários das informações contábeis?
A
finalidade da análise está na tomada de decisão daquele usuário
que a interpreta; logo, o analista de assunto financeiro também
precisa elaborar o relatório de análise sabendo a priori quem é
esse usuário e, acima de tudo, ser isento na interpretação dos
dados extraídos dos indicadores [TAKATORI, 2014].
1TAKATORI,
Ricardo Sussumo. Análise de balanços. São Paulo, 2014.p. 104, il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-003/14, ISSN
1517-9230.
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