segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Apresentação dos indicadores para a análise de Balanço

Embora muitos dos clientes dos serviços de contabilidade não se deem conta, o contador é o profissional especialista na análise da situação econômico-financeira da empresa. Embora as pessoas tenham uma ideia meio distorcida de que o administrador é o profissional feito para a gestão estratégica, é a contabilidade que traz as informações gerenciais e mais, é o contador que traduzirá os dados para que sejam tomadas as decisões.

É a análise de Balanços que propicia ao surgimento do diagnostico da saúde financeira da empresa. Uma das disciplinas contábeis de maior importância no mundo empresarial é a Análise de Balanços, pois fornece informações e dados para as decisões empresariais [TAKATORI, 2014]1.
E olha que não precisamos ir muito longe para encontrar a contabilidade aplicada corretamente sobre aquela sopa de letras e números nos relatórios, afinal a Disciplina de Análise de Balanços e/ou das Demonstrações Contábeis é o básico das matérias de contabilidade apresentada aos alunos, independentemente da instituição de ensino em que eles estejam. Até o mais leigo dos profissionais em contabilidade tem conhecimento das informações decorrentes da Análise de Balanços: índices de balanços, seu significado e aplicação. As relações entre os índices interno e externo definem as estratégias e o direcionamento da empresa [TAKATORI, 2014].
Entender e elaborar a Análise de Balanços requer um conhecimento básico da contabilidade, dos demonstrativos contábeis e suas relações e como elaborar as demonstrações contábeis é fator primordial para o contador, e analisar o resultado dessas demonstrações é decorrente da Análise de Balanços [TAKATORI, 2014].
A elaboração e análise dos índices ou quocientes é outro tópico que complementa os estudos e detalharemos mais adiante. Primeiramente apresentaremos os conceitos da disciplina, os relatórios a serem analisados e finalmente a análise propriamente dita.




    Aspectos iniciais da análise de balanços

Normalmente o objeto de estudo dos estudantes de Ciências Contábeis são as empresas de grande porte e com ações negociadas em bolsas de valores. São as chamadas Sociedades Anônimas, onde o capital é dividido em ações, frações iguais em poder de seus acionistas e do público geral que as comprar. Nessas empresas não existe a figura de um único dono isolado, mas sim, há a presença de vários donos, que por sua vez se reúnem em assembleia para decidir quem dentre eles vais controlar a empresa.
Em empresas pequenas ou mesmo os de médio porte são bem claras a figura de um dono ou proprietário, que sobre o qual, fica toda a responsabilidade dos atos e atividades empresariais.
No entanto, numa Sociedade por Ações de capital, por terem suas ações à venda no mercado de ações e quem as compra as utiliza ou para ter rendimentos ou as revendendo, são obrigadas a demonstrar e publicar o que elas fazem com os recursos (capital) que lhe foram confiados.
É a prestação de contas da sociedade empresarial a todos os stakeholders. As empresas de pequeno porte ou limitadas e que não apresentem o faturamento mínimo proposto pelo governo não são obrigadas a gerar e publicar os demonstrativos e outras informações contábeis – embora, devem elaborá-los e manter toda a escrituração contábil. Cabe uma adição aqui:
No âmbito interno da empresa, a situação citada anteriormente não pode ser diferente. Os profissionais responsáveis pela administração frequentemente se deparam com situações em que lhes são impostas tomadas de decisões. Nesse sentido, são necessários, nesse caso, os dados e informações para a fundamentação de tais decisões [TAKATORI, 2014].
Toda sociedade anônima com capital aberta precisa se submeter a uma auditoria independente. A auditoria tem a função de fiscalizar os atos da empresa no que tange à parte financeira, econômica e contábil e de verificar e sugerir melhorias com base nos documentos vistoriados.
E por se tratar de recursos de acionistas e investidores, bem como toda uma comunidade de interessados nos resultados da empresa (governo, sociedade, meio ambiente, fornecedores, bancos, empregados, acionistas) e auditoria exigida não pode ser interna. No caso de uma auditoria interna, embora o fato de serem utilizadas técnicas de auditoria, amostragens, delimitação do objeto, não seria o mesmo tipo de auditoria.
O auditor interno, por um lado, tem seu trabalho voltado ao bom funcionamento do controle interno e em vista disso, trabalha para que os procedimentos sejam eficientes e garantam melhoria operacional e administrativa; ao passo que, por outro lado, o auditor independente – ou externo – trabalha para avaliar a empresa com zelo pelos interessados das informações que dali sairá.
Outro ponto a ser destacado é a autonomia: o auditor interno é empregado da empresa ao passo que o auditor externo ou independente tem seu trabalho livre de pressões por parte dos administradores da referida entidade.
O auditor externo, então, dá o parecer aos acionistas e aos demais interessados sobre a saúde da empresa, se reportando ao órgão máximo de poder na empresa, o conselho de administração, que é o representante dos interesses dos acionistas e investidores.
E além da auditoria independente existe ainda a figura da Comissão de Valores Mobiliários – CMV, uma autarquia do governo que como se fosse um segundo fiscal em favor dos acionistas, é responsável por analisar, pedir esclarecimentos e até proibir a nomeação de determinado diretor se tiver conhecimento de que este ato será prejudicial aos interesses dos stakeholders.
Mas como se pode saber se a empresa anda bem com a sua saúde financeira? Como é possível afirmar ao investidor se a empresa em que este colocou seu capital tem retorno ou até mesmo se tem uma boa situação financeira capaz de garantir suas dívidas para com terceiros? Pois bem, pela análise das demonstrações contábeis da empresa e, por meio de comparações com os dados de outras empresas de mesmo ramo é possível formular inferências que ajudarão na tomada de decisões.
Podemos inferir que:
A contabilidade se configura, nesse contexto, como o instrumento proeminente à administração e gestão de empresas, na coleta de todos os seus dados econômicos e sua subsequente mensuração monetária que, por sua vez, será registrada e sumarizada em relatórios que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões [TAKATORI, 2014].
Neste capítulo, portanto, serão estudadas e analisadas apenas demonstrações de S.A’s, de ramo de atividade industrial ou comercial, uma vez que por obrigação todas as sociedades anônimas devem elaborar e publicar seus balanços de forma padronizada, além de que as empresas destes ramos são a maioria das empresas do mercado e também por que trabalham com estoques, facilitando as análises e comparações. Os bancos e as empresas prestadoras de serviços não movimentam estoques.
É claro que em nossas análises não poderia faltar o O balanço patrimonial e a demonstração de resultado constituem as principais “matérias‐primas” para que o analista identifique e vislumbre problemas e potencialidades empresariais. Cumpre ressaltar, no entanto, que a análise não deve – e nem pode – restringir‐se à mera observação das variações numéricas de série histórica [TAKATORI, 2014].
É preciso identificar, tanto quanto possível, as causas dos números presentes, que são consequências de alguns fatos. Por detrás dos números de uma empresa existem pessoas, talentos e capacidades que devem ser conhecidas. Existe um sistema que produz bens e serviços e interage com o ambiente externo. Nesse particular tem‐se destaque o bom senso, a argúcia e a sensibilidade do analista. A expressão análise de balanços é tecnicamente perfeita, e também a mais utilizada, embora a expressão mais adequada seja análise das demonstrações contábeis, uma vez que todas as demonstrações contábeis são objeto de análise, não somente o balanço patrimonial [TAKATORI, 2014].
Quem são os usuários das informações contábeis?

A finalidade da análise está na tomada de decisão daquele usuário que a interpreta; logo, o analista de assunto financeiro também precisa elaborar o relatório de análise sabendo a priori quem é esse usuário e, acima de tudo, ser isento na interpretação dos dados extraídos dos indicadores [TAKATORI, 2014].

1TAKATORI, Ricardo Sussumo. Análise de balanços. São Paulo, 2014.p. 104, il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-003/14, ISSN 1517-9230.

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