Nesta postagem apresentaremos alguns aspectos relacionados ao comportamento no ambiente de trabalho quando há o envolvimento mais "próximo" entre funcionários. Como deve ser um comportamento ético nesse aspecto, visto que é importante preservar as relações profissionais acima das pessoais?
Entre colegas, coordenadores e gerentes
Podemos
discorrer sobre o Código de Ética para começar esse assunto:
Os
códigos de profissões regulamentadas por Conselho de Classe são
impositivos porque quem os elabora possui autoridade delegada pelo
Estado não apenas para criá-los, mas para fazê-los cumprir.
Pode-se considerar, como exemplo, a profissão contábil. Ao Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) foi concedido por delegação do
Estado, a partir do Decreto-lei 9295/46, autoridade para punir atos
que contrariem as normas de conduta estabelecidas pela classe, quando
do exercício Contabilidade profissional, aplicando punições como
advertência reservada ou censura pública [ALVES et al, 2007].
Vale
lembrar que no Brasil, ainda que não existam normas que obriguem a
constituição de Códigos de Ética empresariais, em algumas
profissões, como: Contabilidade, Administração ou Direito, o
exercício da atividade profissional, seja como autônomo ou
assalariado, é regido, entre outras normas, por um Código de Ética
profissional emanado do órgão de classe [ALVES et al, 2007]. e
ainda segundo o autor citado:
Entretanto,
essa adesão ao Código, por si só, é insuficiente para elucidar
como ocorre a tomada de decisão ética. Há de se considerarem os
fatores individuais, tais como: o nível de escolaridade do
contabilista, bacharel ou técnico em Contabilidade, sua idade, o
tempo de registro no Conselho, a religião que professa, entre outras
variá veis, as quais ajudam a constituir a sua identidade moral.
É
importante destacar que esses fatores têm características que podem
influir no posicionamento do profissional em relação aos dilemas
éticos que ele enfrenta na sua prática profissional e,
consequentemente, na sua percepção sobre as normas contidas no
Código de Ética [ALVES et al, 2007]. a seguir daremos algumas
sugestões de como proceder de forma ética dentro de um bom senso.
Saiba
respeitar as diferenças individuais, aja de forma cortês, com
disponibilidade e atenção a todas as pessoas com quem se relaciona,
independentemente de seu cargo na empresa.
-
Reconheça os méritos relativos aos trabalhos desenvolvidos por colegas ou gerentes;
-
Não prejudique a reputação de colegas ou gerentes por meio de julgamentos preconceituosos, falso testemunho, informações não fundamentadas ou qualquer outro subterfúgio;
-
Não busque obter troca de favores que aparentem ou possam dar origem a qualquer tipo de compromisso ou obrigação pessoal;
-
Estimule a manifestação de ideias, quando alinhadas com os objetivos das empresas, mesmo que representem mudança significativa. Isso é importante tanto para o empregador na qualidade de desenvolvedor do código de ética, quanto para o empregado, uma vez que por exemplo, um profissional que se reconheça como praticante de uma religião pode aderir ao código por ele conter os mesmos princípios que regem a sua vida religiosa, levando-o a considerar que, por dever profissional e religioso, ele deve utilizá-lo ao se deparar com problemas éticos em seu dia a dia [ALVES et al, 2007].
Devemos
ter em mente aqui que não apenas os funcionários devem comportar-se
de forma a ter o melhor relacionamento profissional possível no
ambiente de trabalho, uma vez que a própria empresa o deve
incentivar. Uma empresa mesmo sendo uma organização voltada ao
lucro deve saber lidar com diferentes personalidades de cada
empregado ou colaborador, estabelecendo os parâmetros, sem que isso
a coloque acima dos aspectos de bem e mal. Assim temos que:
A
natureza das empresas não é amoral, pois suas atividades não
pairam acima do bem e do mal. Reconhecer tal fato representa um passo
decisivo para a “saúde” das empresas. Implica abandonar o velho
registro da “maximização do lucro” em benefício do “lucro
com responsabilidade social”. Trocando em miúdos, as empresas não
mais desempenham apenas uma função econômica, mas também uma
função ética. Os empresários competitivos o admitem não por
altruísmo, nem por um repentino insight democrático, mas porque se
curvam ao bom senso e às relações de força, fiéis a uma
estratégia de sobrevivência empresarial [SILVA et al, 2004].
Ademais, a
empresa capitalista, embora se mova num contexto onde imperam códigos
morais, só passa a comportar-se de modo socialmente responsável
quando sua continuidade está em risco, quando enfrenta a intervenção
organizada das contrapartes com as quais lida ou quando mergulha no
cabo de guerra das relações de poder. Sem contrapartes ativas, a
maximização do lucro leva a melhor [SILVA et al, 2004].
Uma dica
que deixamos qui é que se os funcionários que interagem mais
frequentemente com pessoas de fora da companhia, e que mais
provavelmente tomarão as decisões, deveriam assinar declarações
de que leram e cumprirão as políticas de ética da empresa. Todos
os empregados, no entanto, precisam entender que todos são obrigados
a obedecer a esses códigos. Além disso, os administradores devem
agir como modelos para os outros empregados. Dando um bom exemplo, os
administradores demonstram e reforçam o comportamento ético
esperado dos outros funcionários [SILVA et al, 2004].
Emocionais entre colegas de trabalho
Este
assunto foi, é e sempre será muito polêmico, pois dependendo da
diferença de hierarquias entre o casal, com certeza surgirão
comentários maldosos. Portanto, ao se relacionar com um colega de
trabalho tome os seguintes cuidados:
-
Você e um colega se apaixonaram: se a empresa não proíbe namoro entre funcionários e vocês são desimpedidos, não vale a pena esconder. Os colegas desconfiam, descobrem e fofocam;
-
Enquanto estiver na empresa evite os apelidos carinhosos e telefonemas melosos. Nada de “fofo”, “lindinha”, “bebê” e “neném”;
-
Não constranja os colegas nem cause falatório criando situações para ficar a sós com seu amado ou sua amada.;
-
Cenas de ciúme e bate-boca são péssimas para sua imagem na empresa;
-
Se brigar com ela (ele), deixe a cara fechada e a reconciliação para fora da empresa. Seu romance não é novela, para ser acompanhado capítulo a capítulo;
-
Não policie os horários da (o) sua (seu) parceira (o) e muito menos crie empecilhos para que ela (ele) almoce com colegas ou superiores sob o argumento “você não liga mais para mim”;
-
Você e o chefe se apaixonaram: em muitas empresas, trata-se de amor proibido. Vocês podem tentar escondê-lo por um tempo, mas correm sérios riscos;
-
Do ponto de vista ético, o melhor a fazer é pedir, rapidamente, uma transferência de departamento, já que o romance pode comprometer o trabalho. Se não for possível uma transferência, a saída mais correta é um dos dois pedir demissão. Durante o período de impasse, ajam com absoluta discrição, pois os fofoqueiros de plantão adoram comentar sobre situações como essa;
-
Paixão por alguém casado: em casos assim, trata-se de nitroglicerina pura. Se o romance se tornar público, amor, trabalho e família virarão uma grande confusão e isso é péssimo para a carreira;
-
Evite comentar o assunto em voz alta e não transforme seu drama em tema de debate no fumódromo.
INTIMIDAÇÕES
São
intimidações éticas no ambiente de trabalho.
-
Jamais tolere ameaças ou assédios de qualquer tipo;
-
Não se submeta a situações de assédio moral (entendido como o ato de desqualificar repetidamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a imagem do empregado em função do vínculo hierárquico) e denuncie o assediador;
-
Respeite a hierarquia, porém informe imediatamente à gerência superior qualquer comportamento irregular, desde que devidamente fundamentado;
-
Comunique imediatamente aos seus superiores hierárquicos, para que as providências cabíveis, qualquer aliciamento, ato ou omissão que julgue contrários ao interesse da empresa;
-
Não ceda a pressões que visem a obtenção de vantagens indevidas.
Essas
intimidações apresentam-se como mandamentos impostos ao empregado
no ambiente de trabalho e existem para harmonizar o convívio entre
as pessoas da forma mais saudável possível. No entanto, nem sempre
são atendidas e assim:
Sempre
que ocorre o desrespeito a alguma das regras morais, este pode
provocar uma tácita ou manifesta atitude de desaprovação. Apesar
de haver em cada indivíduo uma reação instintiva contrarregras e
obediências a qualquer autoridade, até hoje nenhum grupo ou
comunidade pôde existir sem normas constrangedoras da moral. Se, por
um lado, as regras molestam o indivíduo, por outro, preservam a
sociedade em que ele vive; agem como um mecanismo de autodefesa e
preservação do grupo. Como os indivíduos só podem viver em função
da comunidade, ficam assim compensados do sacrifício pessoal que são
obrigados a fazer [SILVA et al, 2004].
Segundo
ALVES at al, 2007, apud Alves (2005), a obediência do
indivíduo não decorre apenas de seu caráter punitivo, se
descumprido, mas principalmente da percepção do profissional de que
esse conjunto normativo é útil como guia de conduta e reconhecido,
de maneira espontânea, como um importante aspecto da atividade
profissional.
FEEDBACK
Feedback:
conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado da
mensagem; é o processo de se dizer a uma pessoa como você se sente
em função do que ela fez ou disse. Para isso, fazer perguntas e
obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem foi recebida ou
não.
Como a
comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de
Feedback é mais uma maneira de se reduzir falhas de comunicação e
distorções.
São
habilidades de Feedback:
-
Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior);
-
No caso de Feedback negativo, vá direto ao assunto; começar uma discussão com questões periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades em vez de minimizá-las;
-
Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor;
-
Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de informações ou críticas);
-
Esteja preparado para receber Feedback, visto que o seu comportamento pode estar contribuindo para o comportamento do receptor;
-
Ao encerrar o Feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para que tanto você como o receptor estejam deixando a reunião com o mesmo entendimento sobre o que foi decidido.
CONCLUSÃO
A Ética é
algo que não pode ser definido como certo ou errado. É a forma de
como as pessoas acreditam, é o bom senso, em suma, e como você
observa o mundo ao seu redor. Em complemento, “A chave da discussão
contemporânea gira em torno do egoísmo ético em choque com as
morais socialmente orientadas. Assim é que se rastreia essa dupla
moral social: uma moral da integridade, que é a moralidade oficial,
edificante e convencional, compondo uma retórica pública que se
difunde nas escolas, nas igrejas, nos tribunais e na mídia; e uma
moral do oportunismo, que é a moral oficiosa, pragmática e
dissimulada, furtivamente praticada como ação entre amigos, e
muitas vezes celebrada pela esperteza” de seus procedimentos” [SILVA et al, 2004].
Infelizmente
a Ética, postura profissional, relacionamento no ambiente de
trabalho transformou-se em chavões onde ninguém sabe explicar o que
é certo ou não, ou melhor, pode-se notar que a Ética já não está
sendo respeitada.
O coerente
seria que as organizações desenvolvessem códigos de condutas,
assim poderiam mostrar o que é “correto” para aquele ambiente de
trabalho. Uma vez tendo isso bem exemplificado e explicado, não
deixaria margem para questões sem o menor pingo de cuidado do uso de
termos sem o menor sentido, que em vez de ajudar acabam por
prejudicar e muitas vezes ofender as pessoas.
Bibliografia
ALVES et al, 2007:
ALVES, Francisco José Dos Santos; LISBOA, Nahor Plácido; WEFFORT,
Elionor Farah Jreige; ANTUNES, Maria Thereza Pompa, Um estudo
empírico sobre a importância do código de ética profissional
para o contabilista, jun./ 2007
SILVA et al, 2004:
SILVA, Solange Maria da, PEREIRA, Anísio Cândido C., RODRIGUES,
Gregório Mancebo. M., PENHA, José Carlos, GIACOMAZI, Luís César,
MARCOLINO, Osmar, A ética e o profissional de contabilidade no novo
milênio, 2004
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