Quando
eu ainda estava no ensino médio ouvia dizer que escolher uma
profissão dedicada à Contabilidade significaria dizer que se
passaria o resto da vida fazendo contas. Até mesmo quando eu estava
no primeiro semestre um colega que estudava engenharia me perguntou o
que era o objeto de estudo da Contabilidade. De uma forma geral as
pessoas têm uma ideia bem distorcida dessa ciência e ainda mais do
que o profissional se empenha. É para desmitificar isso que vem este
livro, que aborda desde o básico do básico da introdução teórica
mais básica até oc conceitos mais avançados da Ciência Contábil.
Neste
capítulo serão apresentados os fundamentos do que é a
Contabilidade, qual o seu objeto de estudo e o principal, porque
contabilidade não é só viver fazendo conta – até porque para
isso existem os sistemas computadorizados – mas sim, o trato com as
interpretações do patrimônio.
Para
começar a discorrer sobre o que vem a ser essa tal de Ciência
Contábil ou Contabilidade é prudente levantar um pouco o seu
histórico. Não se preocupe q=pois ainda não serão mostradas
datas. Refiro-me a ao uso de preceitos de contabilidade em sua
essência, como forma de se poder exercer controle sobre o
patrimônio, seja ele um veículo, dinheiro ou quantidades de animais
e bens imobiliários. Em linhas gerais, conforme afirma a Fundação
IDEPAC para o Desenvolvimento Profissional em seu trabalho
intitulado “Contabilidade Cursos Semi extensivo e Avulso”, a
Contabilidade é uma das ciências mais antigas estudadas pelo homem
e sempre foi utilizada como instrumento de aplicação prática.
Como
toda ciência, a Contabilidade também recebeu uma série de
influências de estudiosos, cientistas e pesquisadores. Entre as
quais citam-se o vindo pela Escola Patrimonialista (1926) definem que
a Contabilidade tem por objeto o patrimônio das Entidades e na
qualidade de uma ciência visa o estudo de vários fatores que venham
a afetar as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das
pessoas físicas ou jurídicas, seja empresas privadas, entidades sem
fins lucrativos, entidades filantrópicas, empresas públicas, como o
Estado, Municípios, União, Autarquias, etc.
Atualmente
a Contabilidade tem como maior finalidade, mostrar a situação da
empresa para as pessoas interessadas nestas informações, sejam elas
funcionários, administradores e/ou gestores, governo, fornecedores
entre outros. Essas pessoas (chamadas de Stakeholders) estão ligadas
diretamente ou indiretamente à empresa e utilizam-se das informações
geradas e apresentadas nos demonstrativos da Contabilidade para
tomarem decisões. Pode parecer que é muito possível que um forne
cededor utilize-se de um Balanço Patrimonial para saber se um
possível cliente tem como bancar os custos de uma grande compra, mas
quanto a um funcionário isso pode a princípio parecer sem sentido.
Todavia, um empregado que acompanha a saúde financeira da empresa
onde está alocado tem mais chances de saber quando o “barco vai
afundar” e sair para procurar emprego antecipadamente.
É
claro que não são apenas as pessoas jurídicas que usufruem da
Contabilidade, uma vez que as pessoas físicas, como eu e você, por
meio de conhecimentos básicos, podemos ter um controle e um bom
equilíbrio nos orçamentos domésticos. E justamente nisso está o
objeto da contabilidade: controlar o Patrimônio. Mas alguém pode
vir a perguntar? Tudo bem o patrimônio de uma grande empresa, que
precisa tomar decisões de investimentos, saber se vai ter lucros
numa exportação, definir bem os custos de produção para saber se
vale a pena cortar um produto e terceirizar entre outras coisas, mas
uma pessoa física ou uma empresa pequenininha não há sentido? Pois
a resposta é que há sim e muito sentido nisso. Tanto faz se o
usuário da informação é o alto executivo de uma indústria ou se
é um dono de um mercadinho da rua de cima de um bairro qualquer da
cidade, bem como se é um sujeito que ganhou uma herança ou que por
qualquer razão tem um montante de dinheiro guardado. Todos estes têm
patrimônio, isto é, tem um somatório de bens ou direitos que
precisam ser mensurados (contados e controlados) para se saber
exatamente o seu valor.
Por
exemplo, o dono do mercadinho tem dinheiro em caixa e em
conta-corrente. Quanto de juros rende a conta-corrente? Ele tem
funcionários? Se tiver, como contabiliza os encargos trabalhistas e
sociais deles? O prédio onde funciona o estabelecimento é dele ou é
alugado? Está no nome da empresa ou dele mesmo? Se ele fosse passar
o ponto para um terceiro, quanto ele pediria pelo seu estoque? São
questões de demandam conhecimento monetário. Não tem como saber
quanto custa um estoque se não saber quanto custou a entrada de cada
mercadoria, o seu frete, impostos e por quanto cada item é vendido.
Também não dá para saber se a empresa teve lucro ou prejuízo sem
confrontar todas as receitas obtidas com as vendas contra todos os
custos e despesas incorridos.
E
do mesmo modo, como você administra o seu orçamento doméstico?
Gasta mais do que ganha? Como controla os recursos? Para saber isso
precisa saber exatamente no que gasta. Ademais, muita gente reclama
que não consegue sair do vermelho e que não tem como fazer o
dinheiro render até o final do mês. Mas será mesmo que não vem
gastando com itens que poderiam não ser gastos. As vezes aquele
lanchinho de final de semana, se contado ao longo de todo o mês,
pode mostrar um rombo de gasto que poderia ser substituído por outro
mesmo pior. Ao final das contas, se colocar no lápis tudo o que
entra e tudo o que sai e fizer um acompanhamento periódico disso vai
se descobrir que o dinheiro não é tão pouco assim e pode ser
melhor aproveitado.
Tudo
isso é o trabalho da Contabilidade, é certo, em menor ou maior grau
de uso, mas não deixa de ser um controle e mensuração sobre o
patrimônio. Assim, mesmo uma pessoa física pode ser equiparada a
uma empresa caso movimente recursos patrimoniais, e não precisa ser
lá muita coisa: o financiamento de um carro, o aluguel da casa, as
entradas de salário e rendimentos de contas de investimentos, são
todos itens que podem e devem ser controlados e mensurados para que
se saiba o que se tem em bens e direitos, bem como qual é o
resultado de todo esse movimento.
Partindo
sobre ua ótica mais ampla, como um orçamento doméstico é como um
orçamento governamental: se de um lado o cidadão comum tem que se
manter com o que ganha, o município, Estado, Governo também tem que
saber como gastar para que não falte recurso em áreas
indispensáveis. No entanto, não é bem isso o que vemos, pois
quando falta recurso o Governo pega mais por meio de aumento na
arrecadação tributária. Mas nós não podemos fazer o mesmo. Mas
mesmo assim, como o governo sabe que gastou mais do que entrou, bem
como sabe estimar quanto deverá arrecadar para encobrir buracos? Por
meio da Contabilidade.
Como
dá para ver, a Contabilidade é de suma importância quando nos
referimos à administração de recursos financeiros e de todo o
patrimônio de modo geral, seja este de uma pessoa física, de uma
empresa ou do bem público. Por esta razão, dependendo do ramo que
se busca, no Brasil atual, o profissional contábil está em alta no
mercado de trabalho e o mais importante para competir nesse mercado é
estar sempre atualizado e ser um profissional generalista, além de
ter um foco nesta área do conhecimento que é muito ampla.
Dá
para contar com vários profissionais qualificados e com alto nível
de conhecimento, sendo considerado em média, um dos melhores
profissionais liberais. O crescimento do profissional se dá à
obrigação das empresas buscar um melhor planejamento e controle no
seu processo de adequar-se no mercado que hoje está muito
concorrido. É claro que se formos olhar para um profissional de
contabilidade de uma pequena cidade atuante em seu escritório de
contabilidade podemos não ver essa valorização e muitas vezes a
culpa disso é do próprio profissional, que não sabe valorizar todo
o arsenal de conhecimento e técnicas que possui e se contenta a
apenas trabalhar como uma forma “mais evoluída” de um
despachante. Se formos comparar os salários deste ao de um
Controller, um auditor independente ou um Perito Contábil,
vemos o abismo que os separa. A coisa é que eles sim escolheram
ramos onde a Contabilidade é tratada como Contabilidade, pura em sua
essência de mensurar o patrimônio com exatidão e desafiadora, pois
exige o maior preparo destes profissionais.
Como
está na literatura especializada e que agora a cito, “a
contabilidade é uma das áreas que mais propiciam oportunidades para
o profissional”[MARION, 1997].
Diferenças entre o técnico de contabilidade e o contador: O
tecnólogo é o indivíduo que não fez o curso superior de Ciências
Contábeis de quatro anos. Fez apenas o curso técnico de dois anos,
menos eficiente do que o formado como bacharel em ciências
contábeis, profissional registrado com curso de graduação e de
nível superior.
Bibliografia
MARION, 1997:
MARION, José Carlos, Contabilidade Empresarial, 1997
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