E
continuando a construção de um programa contábil partimos para a
formação dos relatórios e para tanto, funções de estatística, a
saber, o SOMASE, se puder, o CONT.SE e concatenar.
Como
eu havia informado, eu poderia construir o programa contábil na
planilha baseando todas as informações no plano de contas, mas, só
para tornar a coisa um pouco menos comum, contruí tudo sobre o
Balancete. Assim, sobre ele eu busquei os dados para os Históricos,
lançamentos, Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do
Exercício e Livro Diário.
Para acessar as postagens anteriores, acesse aqui: Parte 1, e Parte 2.
Na
figura a seguir apresentamos mais uma vez aquela função do PROCV,
em Históricos, em que utilizamos como origem dos dados a planilha do
Balancete:
Na
figura seguir apresentamos as colunas de dados e as contas filtradas
de nossas contas. Para construção não há nada de diferente aqui.
O processo que resume em três etapas: 1 – a criação dos números
das contas e das contas propriamente ditas1;
2 – a inserção de colunas denominadas débitos e créditos e 3 –
as colunas de saldos e que servirão para que realizemos filtros e
até verifiquemos erros para tomarmos as devidas correções.
Uma
dica para a construção de nossas contas é reservar vários espaços
de contas para compôr grupos. Por exemplo, não tem ideia de quantas
contas de clientes você terá em seu plano de contas, crie dez
contas lá, todas juntas. Isso fará com que as sequências não
sejam perdidas. Pode colocar “clientes 01”, “clientes 02”...
“clientes 10”, e à medida em que os clientes venham surgindo
bastará trocar os nomes. Isso é algo que aprendemos com o sistema
de arquivos das distribuições Linux contra o registro do Windows2
e que cabe muito bem aqui.
Em
nosso modelo criamos as primeiras contas 1 – Caixa, 2 – Bancos A,
3 – Bancos B. Na terceira coluna deixamos os Débitos, que buscam
os valores da planilha de Digitação e, os Créditos, na quarta
coluna, buscando também os lançamentos a crédito dessas contas. Na
quinta coluna de dados criamos um saldo (débitos menos créditos),
depois uma para indicar se ficou devedor ou credor (respectivamente,
com sinal positivo ou negativo), o tipo e o teste lógico, que nos
indicará se está tudo correto.
Para
as colunas de valores de débito e crédito usaremos a função
SOMASE, que é uma forma mais complexa do CONT.SE3.
Como
está apresentado no quadro, temos a fórmula no Calc na planilha
Balancete: =SOMASE(Digitação.$I$7:$I$2045;B5;Digitação.$D$7:$D$2045),
que
pode ser entendida sintaticamente como a funcionalidade em que você
entra com um intervalo de uma coluna de dados com títulos ou textos
(se servirão de parâmetro de busca), indica onde está ou digita um
valor a ser procurado e depois acrescenta
mais o intervalo de uma coluna formada por valores, na mesma planilha
onde se extraiu o intervalo anterior, em mesmas linhas, apenas coluna
diferente. Na prática temos:
Indicação
do intervalo com os dados: Digitação.$I$7:$I$2045:
o intervalo selecionado contém os dados dos nomes das contas de
débitos em cada lançamento. Por exemplo, se em nosso primeiro
lançamento, lá naquela planilha, efetuamos a integralização de
capital social contra caixa, naturalmente nossa conta com lançamento
a débito será Caixa. Como indicamos que o intervalo vai da linha 5
até 2045, mostramos ao sistema do Calc que este deverá considerar
para a análise e busca todos os nomes de contas que constam naquela
coluna e naquela planilha. E apenas para reforçar, como utilizamos
os $ antes de cada coluna e linha, o espaço é travado, logo, se
arrastarmos a fórmula para as linhas de baixo a função será
copiada sem acréscimos.
Indicação
de parâmetro de busca B5: a célula B5: a célula B5 traz o nome
da primeira conta em nosso Balancete, no caso, a denominada Caixa.
Como podemos verificar, não há o símbolo $ nem antes da indicação
da coluna e nem antes da indicação da linha, o que significa que
caso copiemos a fórmula da célula para as linhas de baixo, esta
será atualizada para B6, B7, bem como para os lados, C5, D5.Isso
aqui é um parâmetro e com ele indicamos para o Calc que daquele
intervalo de contas (em que tínhamos vários lançamentos a débito
e a crédito, o sistema utilizará apenas aqueles que tenham um texto
que corresponda exatamente ao que está escrito em B5 (Caixa). E daí
alguém vem perguntar: tá, mas e para os pagamentos? São feitos
creditando-se o caixa, logo, não aparecerão na coluna I, mas sim,
na coluna K. E respondemos: sim, para isso que selecionamos a coluna
que queremos usar como base. Mostraremos isso ao apresentar a fórmula
da coluna D, da planilha Balancete.
Indicação
das colunas a serem somadas com base no intervalo destacado
anteriormente: Digitação.$D$7:$D$2045. Aqui mostramos ao
sistema qual coluna contém os dados numéricos que serão somados.
Por exemplo, indicamos que no intervalo de células I7 a I2045
constante na planilha Digitação, era para separar apenas as células
com o texto Caixa, conforme indicado por B5 e após isso, definimos
que era para somar as células dos intervalos D7 a D2045, que
correspondiam todos os textos separados contendo o texto Caixa. Temos
que pelo resultado, foram lançados a débito na conta caixa um total
em R$ 35.830,00.
Na
coluna de Crédito (D) utilizamos a seguinte fórmula para encontrar
apenas os saldos das contas que nos lançamentos, foram lançadas a
crédito: =SOMASE(Digitação.$K$7:$K$2045;B5;Digitação.$D$7:$D$2045).
Os
entendimentos são os mesmos, apenas que agora mudamos a coluna na
nossa planilha de Digitação, para buscar apenas as contas lançadas
a crédito (coluna K).
Para
as colunas seguintes usamos fórmulas menores: C5
– D5 para a coluna de saldo – lembrando que não acrescentamos o
símbolo $, o que indica que ao se copiar a fórmula para as células
seguintes a baixo, serão atualizados – e
=SE(E5>0;"Devedor";SE(E5=0;"Nulo";"Credor"))
para
a coluna Ficou. Para as colunas Tipo apenas preenchemos manualmente
“Devedor” ou “Crédito” , com base na natureza normal de cada
conta. Na última coluna entramos com o teste lógico de
=SE(F5="Nulo";
"Nulo";SE(F5=G5;"ok";"Corrigir")).
Detalhando
em
cada caso temos que:
Para
=SE(E5>0;"Devedor";SE(E5=0;"Nulo";"Credor"))
indicamos
ao LibreOffice Calc que para cada resultado na célula E5 (a coluna
de saldo, que resulta em Débito ou Crédito) seja maior que zero4,
o valor quando verdadeiro será Débito, caso seja igual a zero, Nulo
e
por fim, para qualquer resultado, terá o retorno como Crédito.
Em
=SE(F5="Nulo";
"Nulo";SE(F5=G5;"ok";"Corrigir"))
usamos
a mesma lógica que aplicamos na coluna F. Com a fórmula indicamos
que se o resultado de natureza for o que definimos para a respectiva
conta o sistema indicará que está correto, caso contrário nos
mostrará que falta corrigir. Isso pode ocorrer caso haja qualquer
problema na fórmula só SOMASE.
Ao
final das edições das fórmulas, copiamos as suas estruturas,
arrastando-as para baixo com o mouse e concluímos com a utilização
de filtros. Por exemplo, após todos os lançamentos e terminada a
verificação de eventuais inconsistências utilizamos o filtro na
coluna de Saldo ocultando todas as linhas com valores iguais a Zero.
Isso diminuirá o tamanho de nosso Balancete, escondendo contas não
utilizadas.
Não
detalharemos como fizemos a formatação, ou mesmo daremos dicas de
como dar forma ao Balancete que você venha a fazer, tomando como
exemplo o nosso, pois acreditamos que cores, formatos de fontes,
tamanhos, margem, bem como paginação, local para o nome da empresa
e do escritório são coisas que cada um deve personalizar conforme o
seu gosto. E com isso concluímos a formação de nosso Balancete no
Calc. No próximo tópico apresentaremos como criamos o Livro diário,
utilizando para tanto a funcionalidade CONCATENAR, também presente
no Microsoft Excel.
1Aqui
os números das contas não são aqueles números analíticos (por
exemplo, 1.01.01.0001 Caixa Geral), mas sim são apenas os códigos
reduzidos, queles que tomamos por base na hora dos lançamentos.
Esses números analíticos serão utilizados mais adianta, quando
inserirmos a função de concatenar, já nos relatórios.
2Num
sistema Windows os arquivos são distribuídos em blocos (algo com
uns 60 MB cada um). A cada arquivo novo um novo bloco formado num
espaço vazio do disco, e quando o arquivo ultrapassa o tamanho (por
exemplo, por alguma edição e com isso o arquivo ficou maior), o
que falta vai formar outro bloco, que não ficará junto do
anterior. Para ilustrar bem o cenário vamos imaginar que você tem
uma coleção de 10 livros em sequência e tem uma prateleira ou
estante preparada para o armazenamento com quatro andares. O natural
é que você coloque a fila de 10 livros juntos. Vamos supor que
você adquira mais coleções de livros e acomode-as ao lado da sua
coleção antiga. Cabem 20 livros em cada andar, logo, terá espaço
para 80 livros e a sua primeira coleção ocupou metade do espaço
de cima, completando o resto com os da segunda coleção e na parte
de baixo ocupou metade com a terceira coleção e mais 1/3 com
outra. Agora você dobrou aquela a sua primeira coleção, mas a
parte onde estava o começo dela já estava copado, bem como a maior
parte da parte de baixo. Para resolver você coloca 3 livros na
terceira fileira de cima para baixo e os outros você guarda na
última fileira, à baixo. Se um dia for precisar de todos os livros
terá que pegar lá 10 em cima, 3 em baixo e outros 7 mais em baixo.
Não seria melhor deixar espaços maiores para cada coleção já
antecipando o aumento delas? Pois é isso o que ocorre com as
distribuições Linux: os blocos de arquivos são dispostos bem
distantes uns dos outros, de modo que caso corroam aumentos em
arquivos, eles sempre poderão ficar juntos. Aí, quando você vai
acessar esse arquivo o sistema procurará de forma bem mais
dinâmica, pois todos os blocos deles estarão juntos. No Windows
isso não ocorre: como a nossa prateleira / estante de livros mal
organizada acontece com o sistema das Janelas: os arquivos são
alocados muito próximos e isso causa essa desordem caso venham a
sofrer acréscimos de dados.
3No
CONT.SE dizemos para o sistema somar quantas vezes surge um
determinado texto ou número dentro de um intervalo tendo como
premissa uma célula que nós indicamos. Em SOMASE dizemos ao Calc
para contar os valores com base num que indicamos (conta quantas
vezes se repete) e indicamos uma coluna com intervalo para somar
apenas destes selecionados.
4Isto
é, números positivos, ou seja, o valor a débito seja maior que o
valor a crédito, visto que para a fórmula na coluna D usamos
Débito menos Crédito.
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