Os
mercados financeiros dividem-se em quatro subdivisões. A saber:
-
Mercado Monetário, em que realizam-se operações de curto e curtíssimos prazos;
-
Mercado de crédito, em que ocorre o financiamento de curto e médios prazos;
-
Mercado de Capitais, onde são realizadas as operações de médio, longo prazo e indeterminados (para o caso de compra de ações) e;
-
Mercado Cambial, em que são realizadas as operações de conversão de moeda de um país para outro, nas operações de importações e exportações.
A
seguir detalharemos cada um destes quatro tipos de mercados
financeiros.
O Mercado Monetário
O
mercado de operações de curto e curtíssimo prazo – o chamado
Mercado Monetário – tem os seguintes tipos de negociações:
-
Notas do Tesouro Nacional – NTS;
-
Letras do Tesouro Nacional – LTN;
-
Certificados de Depósitos Interbancários – CDI;
-
Certificados de Créditos e Depósitos Bancários – CCB e CDB e;
-
Debêntures1.
Vale
aqui uma observação: pela lei de Responsabilidade Fiscal, de 2001,
os Estados e Municípios estão proibidos de emitir títulos públicos
inclusive para o pagamento de precatórios, que são aquelas dívidas
decorrentes de processos judiciais referentes à indenizações por
desocupação. Quando o Governo Estadual ou Municipal tomava terrenos
para pagar os antigos proprietários emitiam títulos públicos para
poder arrecadar recursos suficientes para quitar as obrigações. No
entanto, com o novo normativo estes entes públicos devem administrar
melhor os seus recursos.
Sistema de Custódia e Liquidação de Títulos – SELIC e CETIP
Títulos
públicos e privados são escriturais e não são emitidos
fisicamente. São controladas e custodiadas pela SELIC e SETIP, que
guardam títulos públicos e privados, respectivamente.
SELIC
é a sigla para o Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Opera
com títulos públicos. Já a CETIP é a sigla para a Central de
Custódia e de Liquidação de Títulos Privados. Opera com títulos
privados, tais como o CDB e CDI, bem como as debêntures e ações.
Quando
alguém compra algum desses títulos (SELIC ou SETIP), os dados são
registrados no sistema, que armazena as informações. O objetivo
básico desses dois sistemas de custódia é o de promover uma boa
liquidez e autenticidade, em que o investidor tenha como verificar se
os seus títulos existem e se são registrados.
Títulos Públicos e o Governo Federal
Apresentamos
aqui os três principais títulos públicos do Governo Federal: A
LTN, LFF e NTC:
LTN
– Letras do Tesouro Nacional. É o título negociado com
deságio, ou seja, com desconto. Por exemplo, se um título vale R$
1.000.000,00, pode ser negociado e nele ser pago apenas R$ 900.000,00
e no recebimento, pega-se o valor total.
LFF
– Letras Financeiras do Tesouro. Nessa modalidade o investidor
recebe no resgate o valor nominal acrescido dos juros. Ou seja,
paga-se o valor total e recebe um valor total mais os juros do seu
rendimento.
NTN
– Notas do Tesouro Nacional. Neste último tipo, os rendimentos
são pós-fixados. Por exemplo, um título pode ser vendido segundo a
SELIC ou com variação cambial ou ainda atrelado ao dólar. Uma
opção melhor para um investidor que queira uma opção de maior
retorno, porém menos conservadora que a pré-fixada, em que sabe-se
com clareza o quanto se vai receber no futuro). A NTN é um título
de rendimento pós-fixado porque vai ter seu desempenho (retorno)
conforme a realidade atual do momento do seu resgate, que pode ser
muito bom (com altos rendimentos) ou muito ruim (retorno mínimo ou
nulo ou negativo sobre o investimento feito). É claro que até mesmo
o modelo pré-fixado apresenta um certo grau de risco. Mudando a
situação para um exemplo talvez mais próximo do nosso cotidiano,
quando se efetua uma recarga de créditos no celular de forma
pré-paga o usuário sabe exatamente quanto vai pagar e usar, sem ter
surpresas após um mês. Já o modelo pós-pago o usuário usa á
vontade e durante o mês e ao final tem que pagar o valor contratado
mais os acréscimos pelo uso excedente. No entanto, até mesmo um
pós-pago pode trazer boas surpresas caso ocorra uma redução de
preços no decorrer do uso. É algo parecido que funciona com esses
títulos.
Mercado Aberto (Open Market)
Para
reduzir a oferta monetária da economia e assim retirar dinheiro do
mercado e colocar títulos o Governo vende títulos públicos de sua
emissão. Para expandir os meios de pagamentos, ele compra esses
títulos, assim, aumenta a quantidade de dinheiro e retira títulos
de circulação.
O
Governo procura deixar o mercado em constante equilíbrio atuando
nessa quantidade de dinheiro e títulos disponíveis. E assim, tenha
manter a inflação (aumento generalizado dos preços), reduzindo os
preços dos produtos e serviços e procurando uma situação ótima
de deflação (também chamada inflação negativa), o que nunca
ocorre.
É
o Conselho Monetário Nacional quem decide se vai vender títulos,
aumentar a SELIC entre outras prerrogativas e o Banco Central é a
instituição que executa as decisões. Configura-se isso no chamado
Leilão Primário, onde atuam os dealers.
O
mercado aberto (Open Market) abrange tanto vendas efetuadas no
mercado primário junto aos dealers (instituições
representantes) quanto as do mercado secundário.
As
operações do Open Market são exclusivas das instituições
financeiras. Quando o governo quer injetar dinheiro no mercado compra
títulos e em situação contrária, os vende. E como executor das
decisões, é o Banco Central que coloca e retira os títulos,
operando no mercado primário. Nem todas as instituições podem
operar no mercado aberto, sendo tal atribuição exclusiva dos
dealers.
Atuação dos bancos comerciais no mercado monetário
Os
bancos comerciais são responsáveis por levantar recursos por meio
dos depósitos efetuados à vista nas instituições financeiras (por
aplicações como o CDB). Com isso, permitem aplicações, tais como
a aquisição de títulos públicos e de valores mobiliários para
ações e debêntures.
Podemos
assim elencar as seguintes características dos bancos comerciais em
suas atuações no mercado monetário:
-
Depósitos à vista;
-
Emissão de títulos CDB;
-
Aplicação de ativos financeiros;
-
Concessão de créditos e;
-
Formação de carteiras de títulos e valores mobiliários.
Os
bancos comerciais têm a capacidade de criação de moeda por mio de
depósitos que são usados para fornecer aos outros clientes. Por
exemplo quando um cliente adquire um título de um banco deixa o seu
dinheiro na referida instituição financeira, que por um prazo
determinado inferior ao do resgate do papel, poderá ser usado para
conceder empréstimos aos demais clientes. Assim, o dinheiro é
multiplicado e com isso, o consumo aumenta (pois mais pessoas terão
dinheiro em mãos ou em créditos).
Por
fim, o Banco Central usa esses empréstimos para regular a circulação
de moeda no País, retendo 45% dos depósitos à vista, na forma de
depósitos compulsórios, conforme exemplificado numericamente no
quadro a seguir:
Bancos
|
Depósitos
à vista do 1° cliente no primeiro banco
|
Reservas
45% (depósito compulsório) para o Banco Central
|
Novos
empréstimos e financiamentos para o banco
|
1
|
R$
100.000,00
|
R$
45.000,00
|
R$
55.000,00
|
2
|
R$
55.000,00
|
R$
24.750,00
|
R$
30.250,00
|
3
|
R$
30.250,00
|
R$
13.612,50
|
R$
16.637,50
|
4
|
R$
16.637,50
|
R$
7.486,88
|
R$
9.150,63
|
5
|
R$
9.150,63
|
R$
4.117,78
|
R$
5.032,84
|
Demais
|
R$
11.184,10
|
R$
5.032,84
|
R$
6.151,25
|
Total
|
R$
222.222,22
|
R$
100.000,00
|
R$
122.222,22
|
Tabela
1: Criação da moeda pelos bancos comerciais.
Sendo
que:
-
O valor de cada reserva para o Banco Central é calculado sobre o depósito à vista em cada banco. Por exemplo, no banco 1, o valor de R$ 45.000,00 representa 45% do valor depositado de R$ 100.000,00;
-
O que fica para cada banco é o saldo do depósito à vista menos o depósito compulsório. No primeiro banco R$ 100.000,00 menos 45% resulta em R$ 55.000,00.
-
O primeiro banco usa o valor de saldo de depósito para conceder empréstimos para outros clientes, que por sua vez, poderão aplicar o valor no depósito em outros bancos. Assim, o Banco 1 pode fornecer até o limite de R$ 55.000,00 para outros clientes em forma de empréstimos, que por sua vez, poderão investir até R$ 55.000,00 num banco 2 em forma de depósito à vista.
-
Da mesma forma, o banco 2 deverá reservar 45% do depósito de R$ 55.000,00 ao Banco Central, restando para ele emprestar a outros clientes o valor máximo de R$ 30.250,00.
-
O ciclo continua até último banco, num total de empréstimo compulsório de R$ 4.117,78 para o Banco Central e um disponível para o banco final de R$ 5.032,84.
-
Na linha dos Demais, o valor de depósito de R$ 11.184,09 representa 100% de uma aplicação que gerou reserva de 45%, equivalente a R$ 5.032,84.
-
A linha de total traz a soma simples dos valores de depósitos à vista (R$ 100.000,00 + R$ 55.000,00 … + R$ 11.184,09), o valor de 45% desse total de R$ 222.222,22 e a diferença de saldo.
Vale
observar que o banco Central tem autonomia para aumentar ou diminuir
o valor dos empréstimos compulsórios para regular a economia.
A
síntese desse quadro pode ser representado pela equação:
Onde
m = efeito multiplicador monetário; R = % de reservas sobre os
depósitos à vista e; 1 = o valor do depósito à vista.
Numericamente
temos que m=1/R = 100.000,00/45% = 2222.222,22
1Empresas
que são companhias abertas podem emitir papeis no mercado para
arrecadar recursos ou comprar os emitidos pelo governo.
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